Contextualização da Burguesia:
A Burguesia teve a sua origem etimológica na palavra francesa, bourgeoisie. Era uma classe associada à cultura e comércio, foi a grande potenciadora do movimento renascentista, que retirou a Europa da obscuridade intelectual que estava mergulhada desde a queda do Império Romano.
Será de todo injusto considerar a Época Medieval, uma fase completamente inerte em termos de desenvolvimento económico, social e politico na Europa. O caos que se seguiu, à queda do Império Romano do Ocidente, lançou a Europa numa era de menos expressão evolutiva, sendo grande parte da acção desenvolvida numa perspectiva religiosa. A cultura continuou a ser um ponto central no medievalismo, mas sempre com a religião no centro de tudo, aliás Deus era o cerne de tudo, qualquer acção humana centrava-se em Deus, ou utilizava-o como justificação, o Renascimento voltou a colocar o homem no centro do universo.
O Renascimento não surgiu espontaneamente, foi o culminar de um processo continua, iniciado no século XI, que potenciou a reurbanização da Europa, e formação de uma classe comercial, que evoluiria para a Burguesia, no século XVII. A Burguesia é, definida de diferentes formas, pela História, Politica, Filosofia ou Sociologia, por exemplo a interpretação marxista do termo, diz respeito á classe social que, monopoliza e controla o capital financeiro.
Como referido anteriormente, a Burguesia emerge no decurso da Época Medieval, com a formação de burgos, pequenas cidades muralhadas, dedicadas á actividade comercial. Rapidamente esta nova classe social, chocou com os poderes instalados, nobreza e clero, grupos sociais que anteriormente controlavam o dinheiro e poder. Embora a nobreza continuasse a deter o poder, a Burguesia passou a deter o capital, ao longo dos séculos a evolução socioeconómica da humanidade, levou ao capitalismo, e ascendente do poder económico, relativamente ao político como é visível nos nossos dias.
Na Baixa Idade Média, os mercadores e artesãos emergiram no seio da sociedade medieval, criavam associações comerciais, que potenciavam o crescimento económico, num clico financeiro, que permitia o crescimento dos reinos Europeus. Este despertar económico da Europa, deve-se em larga medida ao surgimento da Burguesia, numa correlação directa entre esta classe e a prosperidade europeia.
A expansão ultramarina europeia, potenciou ainda mais a actividade comercial, reinos como Portugal, Espanha, França, Holanda e Inglaterra, entrevam a indivíduos ou cooperações mercantis, a exploração das novas rotas comerciais, nascia assim o Mercantilismo e Globalização, a uma escala verdadeiramente global. Anteriormente a actividade comercial, era numa lógica local e regional, sendo a Rota da Seda, o único verdadeiro exemplo de comércio global até o século XVI. Com o mercantilismo, a Burguesia assumia cada vez mais um papel central na sociedade, ganhando primazia relativamente à nobreza. Enquanto classe do esquema social humano, a Burguesia fixou-se plenamente a partir do século XVII, até este século foi um processo contínuo de afirmação.
No decurso da Época Moderna, começou a verificar-se uma clara tendência de fusão entre nobreza e burguesia. A burguesia detinha o dinheiro, a nobreza o prestígio, formando assim uma nota elite social. Esta fusão de classes era potenciada pelos próprios soberanos, que atribuíam títulos aristocráticos aos burgueses, e através de uma política de casamento entre as classes.
No século XIX, já era vista pela filosofia marxista, como a responsável de todos os problemas sociais, pela sua necessidade de acumulação de riqueza. Esta classe, e sistema económico por ela desenvolvido, prevaleceu e prevalece nos nossos dias, demonstrando o seu triunfo em termos sociológicos.
A Burguesia assumiu um papel central, no desenvolvimento da sociedade humana que conhecemos hoje. Para muitos, positivo, para tantos outros, negativo, o surgimento da classe burguesa, originou em última instância o Capitalismo, foco do sistema económico e social actual.
References:
MISKIMIN, Harry ; A economia do Renascimento Europeu (1300-1600), , Estampa, 1984
BRAUDEL, Fernand ; Civilização Material, Economia e Capitalismo, D.Quixote, 1979.