Átila nasceu em 406 e morreu em 453, filho do irmão dos governantes hunos Ruga e Octar, Mundíuco.
Os hunos emergiram na Europa no decorrer do século IV a. C., rapidamente conquistaram territórios e semearam o pânico um pouco por todo o continente europeu. Originários da Ásia Central e Nordeste Chinês, a sua perícia em cavalgar e manusear o arco facilitaram a sua conquista europeia. A chegada deste povo provocou a migração de inúmeras tribos, que na sua grande maioria entrou em territórios romanos. Os hunos vieram alterar o equilíbrio de forças na Europa e em última análise as consequências da sua expansão fragilizaram e potenciaram a queda de Roma.
Relativamente aos primeiros anos de vida de Átila não existe informação documentada, que possibilite à historiografia formar um contexto histórico preciso. Tendo em conta os dados que chegaram aos nossos dias, que podem muito bem ter emergido com o mito associado a esta personagem histórica, Átila já seria um chefe e guerreiro hábil em jovem.
Em 434 Ruga morre e deixa o torno huno aos sobrinhos Átila e Bleda. Com a subida ao trono dos dois irmãos Hunos, é celebrado um acordo com o Teodósio II, governante da parte Oriental do Império Romano. Até o início da década de 40 do século IV, Átila juntamente com o irmão tenta conquistar e subjugar outra grande potência na época, o Império Sassânida, mas por volta de 440 são derrotados pelos sassânidas e abandonam esta pretensão.
Aproveitando um momento de múltiplos conflitos do Império Romano do Oriente, volta a saquear o território desta entidade política em 441. O imperador Teodósio após solucionar outros problemas territoriais no Império Oriental virou-se contra os hunos e abandonou o acordo celebrado com os governantes hunos. Esta decisão mostrou-se errónea para o Império Oriental, os exércitos imperiais foram sucessivamente derrotados pelos hunos, ficando inclusivamente a capital Constantinopla sitiada, mas pela incapacidade huna em ultrapassar as imponentes muralhas da cidade foi celebrado novo acordo entre hunos e romanos orientais, com um tributo anual muito mais pesado a ser pago por Constantinopla.
Após esta campanha militar Bleda morre em 445 e Átila fica como único governante dos hunos, algumas fontes especulam se Átila não teria assassinado o irmão e tomado o poder absoluto.
Em 447 após consolidar o poder no Império Huno voltou-se novamente para o Império Romano do Oriente, fragilizado por outras guerras, desastres naturais como terramotos que danificaram as fortificações de Constantinopla e provocaram a morte de milhares de pessoas, epidemias e revoltas internas. Aproveitando este momento Átila atacou novamente os territórios romanos orientais, derrotou militarmente o exército imperial e saqueou livremente o Império, chegando novamente às muralhas de Constantinopla. Numa acção rápida as muralhas da cidade foram reconstruidas e até ampliadas, impossibilitando o saque huno.
Um novo acordo é celebrado, com a manutenção de um tributo anual e de perdas territoriais romanas em benefício dos hunos.
Em 450 Honória irmã do Imperador Romano do Ocidente Valentiniano III, havia sido prometida contra a sua vontade em casamento a um senador. Enviou a Átila um pedido de ajuda e um anel, que Átila interpretou como uma promessa de casamento. Fase às ambições do soberano huno em estender os seus territórios para ocidente, esta situação serviu de álibi para a invasão huna após a recusa de Valentiniano em aceitar a legitimidade deste matrimónio. Assim um exército de meio milhão ou mais de hunos e os seus aliados invadem a Gália onde são derrotados por uma coligação entre romanos e várias tribos federadas como os Visigodos ou Francos.
Em 452 invadiu o norte de Itália, com um exército romano incapaz de fazer-lhe frente saqueou várias cidades, mas optou por não avançar para Roma após reunir-se com uma delegação romana chefiada pelo Papa Leão I. Os motivos desta retirada não são conhecidos. Especula-se por razões pragmáticas que as linhas de abastecimento não permitiam avançar até Roma, outras perspectivas mais mitológicas colocavam a acção divina representada no Papa como dissuasora e outras por mera superstição de Átila após o saque de Alarico de Roma em 410, e com a morte deste pouco depois.
No início de 453 Átila morre e o império huno com ele. O território fragmentou-se entre os filhos e em 454 são definitivamente derrotados por uma coligação de povos bárbaros. Existe especulação sobre se Átila teria sido assassinado ou morreu de causas naturais.
References:
BALARD, Michel (et alii); A Idade Média no Ocidente: dos Bárbaros ao Renascimento, D.Quixote, 1994