Alfredo, O Grande nasceu em 849 no condado de Oxfordshire, filho de Etelwulfo Rei de Wessex com a sua primeira esposa Osburga. Aos quatro anos de idade foi em peregrinação a Roma, onde segundo a lenda o Papa Leão IV o confirmou enquanto futuro Rei de Inglaterra, na época Alfredo tinha três irmãos mais velhos ainda vivos, o que que lhe concedia poucas hipóteses de reinar.
Com a morte de Etelwulfo em 858 o Reino é dividido entre os três filhos, Etelbaldo, Etelberto e Etelredo. Em 856 um conflito entre Etelwulfo e Etelbaldo, de forma a não fragilizar o Reino perante os Vikings, havia resultado na divisão em duas partes, cada uma deles governada por pai e filho.
Desde a sua infâmia é relatada a sua fragilidade em termos de saúde, segundo as descrições provavelmente sofria de uma doença associada com o sistema digestivo – Doença de Crohn. Muitas vezes Alfredo, O Grande é descrito como um grande guerreiro, o que provavelmente não correspondia à realidade pela sua debilidade física resultante da doença, a sua grande arma era o intelecto e coragem inabalável.
Em 871 após a morte dos seus três irmãos Alfredo sobe ao trono do Reino de Wessex. A subida ao trono coincidiu também com o acentuar do domínio Viking na Grã-Bretanha. A resistência de Alfredo manteve o Reino de Wessex como a única região das ilhas britânicas livre do controlo nórdico e símbolo da autodeterminação anglo-saxónica. Um acordo estabelecido com o comandante Viking Guthrum, por volta de 880 permitiu a divisão do Reino de Mércia entre Wessex e dinamarqueses, possibilitando uma estabilização e extensão das fronteiras de Wessex, bem como um acordo de paz.
A década de oitenta do século IX foi de relativa acalmia, com pequenas incursões dinamarquesas rapidamente contidas por Alfredo. Graças a estas vitórias, a população anglo-saxónica das ilhas britânicas começou a ver Alfredo como uma representação da unificação deste povo.
Com a morte de Guthrum em 889 foi criado um vácuo de poder no seio dos dinamarqueses, que em última instância levou à quebra da paz estabelecida com Wessex. Em data que a historiografia não consegue definir, em torno de 892/893, uma fruta de mais de trezentos navios dinamarqueses inicia um processo de invasão e colonização na Grã-Bretanha, nesta deslocação também vinham mulheres e crianças. Após várias batalhas e movimentações que demonstravam a mestria militar de Alfredo que cortou linhas de abastecimento aos invasores, em 896 ou 897, os vikings recuam novamente para a Europa ou para os territórios conquistados na Grã-Bretanha.
Os sucessos militares de Alfredo, O Grande estavam associados com as reformas implementadas no Reino, ao nível militar, financeiro, administrativo e legal. Reestruturou e exército para que ficasse mais eficiente, tanto na acção como no recrutamento e lealdade. Construiu diversas fortificações um pouco por todo o Reino que permitiam a defesa e o lançamento de ataques cirúrgicos contra os dinamarqueses, muitas destas estratégicas militares foram implementadas após a visita de Alfredo à corte carolíngia de Carlos, O Calvo em 854-855. O mar era o ponto de acesso às ilhas, por isso o rei ordenou a construção de sessenta navios com o dobro do tamanho das embarcações viking, com esta estratégia pretendia conter e bloquear as movimentações inimigas essencialmente desenvolvidas no mar.
De forma a manter um exército permanente e a construção de defesas militares eficientes, Alfredo reformulou o sistema de tributação fiscal com a criação do hide, unidade pela qual as terras eram definidas mediante a sua produção para a sobrevivência de uma família e valor de taxação régia. O hide deferia de terra para terra, mediante o valor e recurso da mesma.
Alfredo, O Grande promoveu a língua inglesa e a educação no Reino de Wessex com a fixação na corte de estudiosos dos outros Reinos anglo-saxónicos e continente europeu.
As fontes da época descrevem-no como um estudioso, com mente aberta, um verdadeiro crente cristão, com um intelecto e mente superiores aos seus pares, apesar da sua fragilidade física era um exímio caçador, bem como estratega e reformista nato.
Morreu a 26 de Outubro de 899, pela sua luta contra os pagãos foi considerado por muitos católicos como um Santo, em 1441 Henrique VI tentou sem sucesso canonizar Alfredo. O seu maior legado foi permitir a sobrevivência anglo-saxónica e a criação de um espírito de unificação dos territórios da Grã-Bretanha. Pelas suas acções militares e reformistas que moldaram por completo o Reino de Wessex e toda a Inglaterra foi-lhe atribuído o epíteto de O Grande.