Diretas Já se refere a um movimento civil que ocorreu no Brasil entre 1983 e 1984. Com o propósito de reivindicar eleições presidenciais diretas milhões de brasileiros foram às ruas.
Entretanto, a possibilidade de eleições diretas para a Presidência da República no país só se concretizaria com a votação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira. E a proposta foi rejeitada pelo Congresso, inflamando os ânimos ainda mais.
Com o final da ditadura, o movimento Diretas Já não queria que se escolhesse um presidente através de um Colégio Eleitoral. Mesmo assim, o primeiro a governar o Brasil após o Golpe de 1964, de forma democrática, foi Tancredo Neves. O político foi escolhido através do Colégio Eleitoral, sem qualquer intervenção da população brasileira.
A ideia de criar um movimento a favor de eleições diretas foi lançada em 1983, pelo então senador alagoano Teotônio Vilela no programa Canal Livre da Rede Bandeirantes. E a primeira manifestação pública do Diretas Já foi no dia 31 de março do mesmo ano, em Recife, Pernambuco.
Organizada por membros locais do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o levante foi noticiado pelos jornais do Estado. Depois disso, o Diretas Já uniu o Brasil, com diversas frentes em diferentes municípios. No final de 1983, em São Paulo, o Diretas Já lotou o Estádio do Pacaembu.
Diretas Já e o declínio económico
O crescimento do movimento coincidiu com o agravamento da crise econômica. Na época, a inflação fechou o ano de 1983 com uma taxa de 239%. Isso causou uma profunda recessão.
Um dos resultados disto foi a mobilização de entidades de classe e de sindicatos. Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos líderes sindicalistas que compareceu em peso ao Diretas Já.
Com a situação do país, as autoridades militares tentam repreender os democratas, mas o Diretas Já não retrocede. Na televisão, o general Figueiredo classificava como ‘subversivos’ os protestos que começavam a acontecer em todo o país.
Entre os maiores nomes do movimento, encontram-se celebridades políticas como Tancredo Neves, Franco Montoro, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Lula e Pedro Simon, além de artistas e intelectuais engajados pela causa.
A essa altura, a perda de prestígio do regime militar junto à população era grande. Militares de baixo escalão, com seus salários corroídos pela inflação, começaram a pressionar seus comandantes, que também estavam descontentes.
Apresentação e votação da Emenda
Somente no dia 25 de abril de 1984, sob grande expectativa dos brasileiros, que a emenda das eleições diretas foi votada, obtendo 298 votos a favor, 65 contra e 3 abstenções.
Devido a uma manobra de políticos aliados ao regime militar, não compareceram 112 deputados ao plenário da Câmara dos Deputados no dia da votação. A emenda foi rejeitada por não alcançar o número mínimo de votos para a sua aprovação.
As eleições continuaram via Colégio Eleitoral. Tancredo Neves foi eleito dia 15 de janeiro de 1985, com 480 votos a favor, 180 contra e 26 abstenções. A posse só seria em março, no entanto. Na véspera do evento, Tancredo foi internado às pressas e assim permaneceu até dia 21 de abril, quando faleceu. José Sarney, seu vice, assumiu a posse e a presidência do país.
Em 28 de junho de 1985, Sarney cumpriu a promessa de campanha de Tancredo Neves e encaminhou ao Congresso Nacional a Mensagem 330, propondo a convocação da Constituinte, que resultou na Emenda Constitucional 26, de 27 de novembro de 1985. Eleitos em novembro de 1986 e empossados em 1º de fevereiro de 1987, os constituintes iniciaram a elaboração da nova Constituição brasileira de 1988.
References:
Kotscho, Ricardo. (1984) Explode um novo Brasil: diário da campanha das diretas. Brasília, Brasiliense.