Força Expedicionária Brasileira – FEB

A criação da Força Expedicionária Brasileira – FEB, é a prova de que o argumento utilizado pelo senso comum, de que o Brasil é país neutro e pacífico, é uma ilusão. O Brasil foi o único país latino-americano a participar da primeira guerra mundial, conflito este que se estendeu de 1914 a 1918. Atuou em várias frentes de Batalha, desde atuação do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil, bem como o envio de uma missão de médicos militares como apoio aos países aliados. Isto se deu após o Brasil ter vários de seus navios atingidos por submarinos alemães, na costa de Macau, levando o mesmo a declarar guerra à Alemanha. No fim do conflito, participou da Conferência de Versalhes e foi um dos países fundadores da Liga das Nações. A partir desta experiência breve e limitada, o Exército Brasileiro participaria da segunda grande guerra através da criação da Força Expedicionária Brasileira com a participação da recém-criada aviação militar brasileira, que em 1941 acaba-se por fundar a FAB (Força Aérea do Brasil). Em 1942 o Brasil teve novamente vários navios torpedeados pelos italianos e alemães, levando ao rompimento diplomático e a declaração de guerra contra a Alemanha. O Brasil acaba cedendo aos EUA à ilha de Fernando de Noronha e parte do litoral nordestino para a construção de bases militares dos EUA. Em 1944 é enviada a Europa o primeiro grupo de combate da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que ficou sob o comando americano. A Marinha, Aeronáutica e o Exercito brasileiro eram obsoletos. A mentalidade em especial do Exército era de tropas para reprimir conflitos internos e rebeliões como guerra de Canudos, revolução federalista, guerra dos farrapos etc.

A campanha militar embora de improvável sucesso, demonstrou o valor do soldado brasileiro. Enfrentou um dos invernos mais rigorosos da Europa, 20 graus negativos, onde os alemães com seus ataques traiçoeiros tentavam desmoralizar a tropa dos aliados tanto psicologicamente quanto fisicamente.  Aproximadamente 20 mil soldados brasileiros participaram do combate e da maior campanha militar que o ocidente conheceu. As cinzas destes heróis foram trazidas da Itália, campo de Pistóia, e estão no Rio de Janeiro no Aterro do Flamengo. Embora o racismo e sexismo se façam presentes no Brasil da época, as tropas brasileiras não eram segregadas e as mulheres tiveram participação significativa na frente de batalha, que atuaram como enfermeiras e médicas militares.

Mas como tudo no Brasil, o reconhecimento por aqueles que lutaram, a maioria negros e vindo das classes mais pobres da camada social, somente teriam direito a uma pensão vitalícia como segundo tenente, por sido veterano da segunda grande guerra, a partir da Constituição Federal de 1988. Muito morreram sem nunca ter seus direitos reconhecidos. É muito triste, mas muitos destes heróis que não conseguiram, pelo sofrimento psíquico imposto, se adaptar a vida civil acabaram ter que lutar pela sobrevivência se virando e definhando até sua morte.

Relato pessoal: enquanto militar do exército brasileiro no Hospital Central de Florianópolis estive no mesmo quarto de um ex-militar da FEB, um senhor que estava com sua esposa bem mais jovem, italiana de origem.

Perguntei:

– Como a conheceu?

Ele me disse mais ou menos assim:

– A conheci de joelhos e com os olhos marejados de tanto chorar devido aos bombardeios da força área alemã. Nós, brasileiros éramos os únicos que dividíamos a pouca comida que tínhamos, com a população local, fato este que não ocorria entre os combatentes americanos e ingleses. Eu a vi e me apaixonei no primeiro momento, e ai a trouxe para o Brasil. Ela tinha 15 anos.

Penso que a generosidade, compaixão, coragem é paga pelas Instituições brasileiras, com horror, falta de reconhecimento e preconceito pelos menos favorecidos.

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