Biografia de José Torres
José Torres foi um jogador do Benfica e de Portugal pela qual também chegou a ser seleccionador nacional. Era conhecido pela alcunha de “O Bom Gigante”.
Nascido a 8 de Setembro de 1938 na localidade de Torres Novas, foi precisamente no clube local, Clube Desportivo de Torres Novas que despontou para o futebol. Um adolescente esguio com algumas limitações de ordem física mas com carisma e a humildade suficiente para perceber as suas limitações e trabalhá-las arduamente para ser melhor jogador. Depois de se estrear nos juniores, rapidamente passou a trabalhar na equipa sénior tendo marcado 105 golos pelo clube torrejano entre 1956 e 1958. Na família de Torres, o seu tio já havia jogado no Benfica e tentou convencer os dirigentes do Benfica a contratar o sobrinho. Dito e feito. A sua contratação pelo Benfica gerou expectativas tão altas quanto a sua altura. As primeiras três temporadas não foram as esperadas mas Torres tinha a força necessária para fazer vingar e a equipa técnica do Benfica mantinha a convicção que seria importante contar o natural de Torres Novas. O “culpado” da falta de oportunidades de José Torres era José Águas, um dos melhores avançados do Benfica e da Selecção Nacional. Contudo, a sua sorte viria a mudar com a chegada de Fernando Riera ao comando técnico do Benfica em que assumiu a aposta no “Bom Gigante” em detrimento de Águas. Isto na época de 1962/1963. E a aposta foi certeira. Foi o melhor marcador de um campeonato nacional ganho pelo Benfica. Melhor era impossível. E Torres iria melhorar ainda mais e tornar-se-ia mais temível, sobretudo, através do seu poderoso cabeceamento, em que conseguia tirar partido da sua estatura.
A única desilusão da carreira de Torres foi não ter alcançado nenhuma Taça dos Clubes Campeões Europeus, isto porque a sua titularidade no Benfica aconteceu na época seguinte aos dois triunfos seguidos na Taça dos Clubes Campeões Europeus. Ele fez parte da equipa que ganhou duas edições mas não fez qualquer jogo na competição em ambas as épocas. Ainda assim, jogou em três finais europeias com o clube encarnado. Com o seu faro goleador, José Torres ajudou o Benfica a alcançar muitos títulos, nomeadamente, nove como campeão nacional (1959/1960, 1960/1961, 1962/1963, 1963/1964, 1964/1965, 1966/1967, 1967/1968, 1968/1969 e 1970/1971) e três como vencedor da Taça de Portugal (1963/1964, 1968/1969 e 1969/1970). Uma história tão bonita de águia ao peito teve um final abrupto. Em 1971, serviu de moeda de troca no negócio que levaria Vítor Baptista para o Benfica e Torres ingressava no Vitória de Setúbal. Depois de pouco ter jogado na sua última temporada no Benfica, José Torres regressou aos jogos e aos golos em Setúbal, levando o Vitória a ser em duas ocasiões vice-campeão nacional pela mão de José Maria Pedroto.
Quando Pedroto saiu do Vitória de Setúbal, José Torres teve a sua primeira experiência como treinador acumulando com a função de jogador mas decidiu abarcar outra experiência. No ano de 1975, Torres vai para o Estoril-Praia onde permanece durante cinco épocas, com alguma regularidade de jogos mas sem muitos golos. José Torres fez parte da selecção nacional durante dez anos, contando com 13 golos em 34 internacionalizações. O ponto alto foi a sua inclusão na selecção que participou no Campeonato do Mundo de 1966, onde fez os seis jogos em que Portugal esteve e marcando três golos nessa competição. Juntamente com Eusébio, Torres foi uma das principais figuras dos “Magriços” por terras de sua Majestade. Repetindo a sua última temporada do Vitória de Setúbal, no Estoril-Praia voltou a ser treinador-jogador na época de 1979/1980, deixando a carreira de jogador no final dessa temporada e ficando só como treinador na época seguinte no clube da Linha. Contudo, ficou até meio da temporada saindo para depois ingressar no Estrela da Amadora, onde esteve até ao ano de 1982.
Nesse ano, torna-se treinador da equipa do Varzim e fica no clube nortenho por duas temporadas, tendo a Federação apostado na sua contratação para a qualificação do Campeonato Mundial que se viria a realizar no ano de 1986. No último jogo dessa fase de qualificação, ficou célebre a sua frase “Deixem-me sonhar” e o sonho viria a concretizar-se com o golo de Carlos Manuel contra a Alemanha. Devido ao Caso Saltillo, a Selecção acabou por fracassar no México e isso viria a marcá-lo para o resto da sua carreira de treinador, na qual ainda viria a treinar Boavista, Portimonense e Desportivo de Beja. Foi agraciado pelo Estado Português com a Medalha de Prata da Ordem do Infante Dom Henrique, em 1967 e foi feito Oficial da Ordem de Mérito, em 1991. A 3 de Setembro de 2010, José Torres acabaria por falecer, vítima da doença de Alzheimer.