Biografia de Marco Pantani
Marco Pantani foi um dos ídolos italianos do ciclismo dos anos 90, com muitos títulos e tantas suspeições acabou por falecer precocemente aos 34 anos. Em 1998, foi dos poucos ciclistas a conseguir a dobradinha no Giro e no Tour. No ano seguinte, quando já era líder destacado da corrida italiana, é expulso de corrida devido a valores anormais de hematócrito que ainda nos dias de hoje é investigado.
Nasceu no dia 13 de Janeiro de 1970 na cidade de Cesena, “Il Pirata” tinha um estilo agressivo de correr quando chegava às montanhas. Tratavam-no por Pirata, porque o italiano corria com uma bandana posta na cabeça a fazer lembrar os piratas. O seu ponto forte era na alta montanha, onde conseguia estabelecer grandes diferenças para os restantes adversários mas muitas vezes perdia essa vantagem em contra-relógios ou na colocação das etapas planas. Era um ciclista franzino, muito leve ainda que com potência e capacidade de recuperação excepcional. Nos escalões mais jovens, o italiano ficou no pódio do Girobio – prova destinada aos ciclistas abaixo dos 23 anos que simulava o Giro de Itália – por três ocasiões. Terceiro classificado em 1990, segundo lugar em 1991 e em 1992 leva a melhor sobre todos os adversários. Estes resultados nesta corrida assim como noutras de grande dificuldade montanhosa, levaram a que fosse contratado, primeiro como estagiário nesse mesmo ano e a partir de 1993, com contrato profissional. A equipa que o contratou, a Carrera Jeans tinha um líder carismático, Claudio Chiapucchi. Pantani tinha o mesmo estilo e as mesmas características que o colega de equipa mas tinha que ainda trilhar o seu caminho no mundo profissional. Em 1993, corre pela primeira vez, a Volta a Itália, mas não termina devido a uma tendinite. No ano seguinte, volta ao Giro de Itália e deixa a sua marca na equipa e na corrida. Em vez de ajudar Chiapucchi,” Il Pirata” faz a corrida tendo em conta os seus objectivos e vence duas etapas e termina como segundo classificado. Com essa boa prestação no Giro, acaba por ser convocado para o Tour e finaliza no 3º posto, juntando a vitória na classificação da juventude. No ano de 1995, foi atropelado por um carro no decorrer de um treino que o impossibilitou de ir ao Giro, mas consegue chegar em boas condições ao Tour e, vence duas etapas de grande dificuldade com chegadas ao Alpe d´Huez e Guzet Neige e leva, novamente, a classificação de melhor jovem para casa. No final de época, vai aos campeonatos do mundo na Colômbia e consegue a medalha de bronze.
No ano de 1997, Marco Pantani muda-se para a Mercatone Uno mas adopta o mesmo plano de corridas, ou seja, faz Giro e Tour no mesmo ano. Tem azar na prova italiana, com uma queda numa das etapas iniciais e faz-lhe perder as hipóteses de vitória no Giro. Ainda assim, chega motivado ao Tour e volta a vencer mais duas etapas, tal como em 1995. Ganha no Alpe d´Huez mais uma vez e numa chegada à cidade de Morzine, terminando no pódio final do Tour, no último lugar do pódio. No ano seguinte, não daria hipóteses. Nem no Giro nem no Tour. Em 1998, vence uma Volta a Itália repleto de montanha na última semana de corrida em que Pantani não dá hipótese. Vence duas etapas e exerce um domínio avassalador que o deixa sem rival na classificação geral individual e da montanha, classificações que conquista. No Tour, começa a corrida de trás para a frente, ou seja, começa com perdas de tempo importantes nas primeiras etapas da prova que não contemplam grandes dificuldades montanhosas e recupera quando chegam a alta montanha. Depois de vencer a chegada a Plateau de Beille, Pantani realiza uma exibição memorável para os adeptos do ciclismo. Com as subidas de Col de la Croix de Fer, Col du Galibier e a chegada em alto a Les Deux Alpes, o ciclista italiano vê a oportunidade de ataque na subida do Galibier, a 48 quilómetros da meta e colocou o então líder na altura, Jan Ullrich fora de corrida no que toca à possibilidade de vitória na corrida pelo segundo ano, já que perdeu 9 minutos na etapa e ficava com mais de 6 minutos de desvantagem para o transalpino na geral.
Depois de uma temporada de sonho em 1998, a de 1999 seria de pesadelo. No Giro de Itália, 4 etapas conquistadas, camisola rosa envergada e sem rival, chega o abismo à falta da última etapa de montanha. É expulso da corrida enquanto líder da prova, por ter-se verificado num controlo anti-doping, uma taxa de hematócrito superior à estabelecida. Embora não se tenha reconhecido a utilização de doping, a suspeição recaiu sobre o italiano, e conspirou-se sobre a utilização de EPO, substância ilícita nesta prática desportiva. No início de 2016, uma investigação deixou antever que foi a máfia italiana que colocou o ciclista fora de corrida, porque terão subornado o médico responsável pelo controlo para alterar os valores das análises, já que os elementos da Camorra tinham apostado que Pantani não iria ganhar a prova italiana.
Em 2000, volta a correr e faz parte da equipa que leva Stefano Garzelli a vencer o Giro e no Tour, vence a chegada ao Mont Ventoux e a Courchevel, aquelas que seriam as suas últimas vitórias enquanto profissional. As suspeições de doping voltaram em 2001. No Giro de Itália, uma seringa foi encontrada com vestígios de insulina no quarto de Pantani. Foi suspenso durante oito meses, apesar de o ciclista ter ganho no recurso. Não teríamos mais o mesmo Pantani. Em 2003, dá entrada numa clinica de reabilitação para tratar de problemas de depressão e de drogas que acometiam o ciclista italiano. Em 2004, Marco Pantani é encontrado morto num quarto de hotel, devido a uma overdose que provocou um ataque cardíaco e um edema cerebral.