Ocaña, Luis

Luis Ocaña foi um dos primeiros grandes nomes do ciclismo espanhol, vencendo uma edição da Vuelta e do Tour nos anos 70.

Luis Ocaña foi um dos primeiros grandes nomes do ciclismo espanhol, vencendo uma edição da Vuelta e do Tour nos anos 70.

Nascido a 9 de Junho de 1945 na localidade de Priego, Luis Ocaña mudou-se ainda muito novo com a sua família para o Sul de França, onde começou as suas andanças no mundo velocipédico. Em 1968, Luis Ocaña chegava ao profissionalismo através de uma equipa espanhola, a Fagor. E nesse ano teve algumas vitórias importantes, entre as quais, a de campeão no campeonato espanhol da prova de fundo. No ano seguinte, já se pôde comprovar melhor a enorme capacidade de Ocaña para os contra-relógios e para as provas por etapas. Na Volta a Espanha foi segundo classificado e vencedor de três etapas e da classificação da montanha. Além destes triunfos conseguiu uma série de vitórias noutras provas menores, como a classificação geral da Volta a Castellon, GP du Midi Libre, Volta a Rioja e da Semana Catalã. Ainda participou na Volta a França mas sem grande sucesso, tendo abandonado a prova precocemente. Partia motivado para o ano de 1970 com os vários triunfos conquistados do ano anterior e numa nova equipa. Ocaña trocara a espanhola Fagor pela Francesa Bic. E não podia ter sido melhor para o ciclista espanhol que venceu a ronda de casa nesse ano. Começou por vencer o Prólogo, perdeu a camisola amarela à 13ª etapa e recuperou-a na última etapa, no contra-relógio final. Mais emocionante e marcante para o ciclista de Priego não poderia ser. A carreira e a vida de Ocaña sempre teve dramatismo à mistura e diga-se algum azar com as quedas. Depois do triunfo na Vuelta, Ocaña participa no Tour pela segunda vez e consegue a sua primeira vitória de etapa na prova francesa, na 17ª etapa da competição. Em 1971, Luis Ocaña tem uma das suas melhores temporadas. Termina como terceiro classificado da Volta a Espanha com uma etapa conquistada e na preparação para o Tour, vence a Volta a Pais Basco, fica em terceiro no Paris-Nice e segundo do Dauphine Libere. Vinha com a máxima ambição para a prova francesa numa época em que já existia um ciclista chamado Eddy Merckx que se prestava a ganhar qualquer corrida no mundo. Começou muito forte essa edição de 1971, com duas vitórias em etapas duras de montanha, com chegadas ao Puy de Dome e Orcières-Merlette. Dispunha de mais de oito minutos de vantagem para o belga. Até chegar aos Pirenéus e ao momento da queda que lhe retirava o sonho de vencer o Tour. Numa descida duma das montanhas, Eddy Merckx e Luis Ocaña têm uma queda. Merckx recupera logo mas Ocaña é derrubado por Joop Zoetmelk, deixando o líder prostrado no chão e sem hipóteses de voltar à corrida, tendo sido evacuado de helicóptero para uma verificação mais rápida da extensão das lesões. Eddy Merckx venceria essa edição da prova que em condições normais seria do espanhol. Quando regressou à competição nesse ano, venceu a Volta a Catalunha, o Grande Prémio das Nações e o Trofeo Baracchi e termina como o segundo melhor ciclista do mundo desse ano, segundo o Ranking Pernod.

No ano de 1972, o espanhol chega em grande forma à Volta a França, vencendo o Dauphine Libere e a prova de fundo dos campeonatos nacionais. Melhor preparação para a prova francesa não podia haver. Mas no Tour acaba por falhar, tendo que abandonar devido a um bronquite que estava a afectar a sua prestação. Mas em 1973, o triunfo não escapava ao espanhol. Comecemos pelo contexto. Eddy Merckx vencedor da prova francesa no ano anterior decidiu a não participação no Tour e em vez disso, corria o Giro e estreava-se na Vuelta. Era a oportunidade de que muitos ciclistas precisavam para se afirmar na Volta a França. Assim sendo, Ocaña participava primeiro na Vuelta e depois no Tour. No duelo com Eddy Merckx na prova espanhola, ficou como vice-campeão, tendo sido o belga declarado vencedor mas no Tour, o espanhol, finalmente, conquistava a classificação geral, dominando a competição por completo, com seis etapas ganhas e deixando o segundo classificado a mais de 15 minutos. Ainda assim, não se livrou de uma queda no Prólogo com um gato preto. Simbólico, não? Nesse ano, venceu duas provas por etapas importantes na altura, a Semana Catalã e a Volta ao Pais Basco e terminou em terceiro na prova de fundo dos campeonatos do mundo.

Depois desta vitória, Luis Ocaña passou por uma fase da sua carreira em que não teve tantas vitórias. Em 1974, não conseguiu defender o título da prova francesa porque se encontrava lesionado devido a mais uma queda sendo que participou na Volta a Espanha, finalizando na quarta posição igualando a mesma classificação na edição seguinte da Vuelta. Nesse ano, já participou no Tour mas abandonou mais uma vez, ao cabo de doze etapas. Mas em 1976, já voltava ao pódio das Grandes Voltas, terminando em segundo lugar na Volta a Espanha. Era um bom prenúncio para a Volta a França, a qual iniciou em boa forma mas pagou caro o esforço nas etapas finais da prova e acabou fora dos dez primeiros. Nestes últimos dois anos, correu pela equipa espanhola da Super Ser Zeus mas iria terminar a carreira, em 1977, na equipa holandesa da Frision-Thirion-Gazelle. Na Volta a França desse ano, passou despercebido, finalizando na 25ª posição.

Retirou-se do ciclismo e dedicou-se a outra das suas grandes paixões, a vinha. Mas a vida de Luis Ocaña não foi melhor fora das bicicletas com um grave acidente de viação enquanto convidado num rali e com uma transfusão sanguínea envenenada que lhe traria graves consequências para a sua saúde que o viriam a debilitar. Para piorar mais a situação, a sucessão de vários anos com mau tempo arruinaram-lhe a sua cultura de vinha que tinha e não aguentando a pressão, o espanhol colocou termo à vida com um tiro.

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