Biografia de Cândido Barbosa
Cândido Barbosa foi um dos ciclistas mais emblemáticos e mais acarinhados pelo público português, graças ao seu carácter impulsivo e à versatilidade enquanto atleta que lhe permitiu reinventar-se ao longo do seu percurso desportivo. Era um ciclista de amores e desamores, não era consensual dentro do meio mas marcou uma geração do ciclismo português. Terminou a carreira em 2010 e foi eleito vereador na câmara de Paredes, local de onde é natural.
É um ciclista com um palmarés recheado de vitórias mas que lhe falta aquela que sempre ambicionou e pela qual, lutou nos últimos anos que se trata da classificação geral da Volta a Portugal. Um ciclista que se mostrou desde cedo com muita capacidade, que se eclipsou quando passou por Espanha mas que regressou em força a Portugal e foi onde conseguiu os melhores resultados.
Nascido em 1974, começa nas corridas com profissionais com 19 anos e com muitas vitórias no circuito português e um 2º lugar na geral da Volta ao Algarve. Situação que viria a repetir no ano seguinte, quando corria pela W52-Paredes e mais um conjunto de vitórias ao “sprint”. Em 1996, além do número crescente de vitórias que apresenta, consegue um feito até então não atingido por nenhum português. Vence o campeonato europeu para sub-23 que decorreu na ilha de Man, na Inglaterra e isso fez-lhe mudar de equipa na época seguinte para a Maia-Cin, dispondo de melhores condições. Uma equipa com mais capacidade para controlar a corrida e com melhores ciclistas levaram-no a conseguir 25 vitórias num só ano. Venceu todas as etapas e geral da Volta ao Algarve, a clássica Porto-Lisboa, duas etapas e a classificação da Juventude e dos Pontos na Volta a Portugal. Estavam escancaradas as portas para as melhores equipas internacionais e foi parar ao país vizinho, à equipa da Banesto.
Teve na equipa espanhola durante quatro entre anos, de 1998 a 2001, mas sem resultados de relevo e que lhe confirmassem o que já tinha feito por terras nacionais. Esperava-se progressão em terrenos mais difíceis e competitivos mas tal não aconteceu. Aliás, enquanto teve na equipa espanhola, todas as suas vitórias foram conseguidas em provas em solo português, à excepção de duas vitórias na Volta a Rioja.
Voltaria para uma equipa nacional em 2002, mais concretamente a LA Pecol. E começa o ano da melhor forma, vencendo o Prémio de Abertura e a Volta ao Algarve. Estava de volta o foguetão de Rebordosa, como é tratado. 12 vitórias em 2002 e em 2003 foram 8. Nesse último ano, foi o melhor no que toca a vitórias de etapa na Volta a Portugal. Levantou os braços como vencedor por quatro vezes. Em 2004, continuam as vitórias mas a um ritmo cada vez menor. Cândido Barbosa estava decidido a apostar pela geral da Volta a Portugal e, portanto, tinha mudado a estratégia de corrida. Focou-se mais na recuperação do dia-a-dia e nas boas prestações na montanha, em detrimento das vitórias ao “sprint”, onde sempre foi forte. E em 2005 iríamos comprovar isso mesmo, num ano em que talvez tenha sido aquele que ficou mais perto de conseguir a tão ambicionada vitória na geral da Volta a Portugal. Tem um inicio de época bastante forte, com muitas vitórias e já na aproximação, consegue um titulo inédito para ele. Campeão nacional de contra-relógio. Chega à Volta a Portugal motivado e vence três etapas mas já não vai a tempo de destronar Vladimir Efimkin do trono de vencedor da prova. Sente-se desiludido mas para 2006, a ambição de vencer a Volta mantém-se. Inicia a prova da melhor forma, com uma vitória na cidade de Beja, não defrauda nas principais etapas mas não chega para à vitória final. Termina no último lugar do pódio.
2007 seria o último ano na equipa, entretanto tinha mudado de nome, chamada Liberty Seguros. Começa mais tarde na época para chegar em forma à Volta e no caminho aproveita para se sagrar campeão nacional da prova de fundo. Na Volta a Portugal, exerce o seu domínio habitual, com quatro conquistas parciais e um segundo lugar na classificação geral. Em 2008, passa pela equipa de ciclismo do Sport Lisboa e Benfica, onde consegue dois triunfos de etapa na Volta a Portugal, mas sem outras vitórias de realce. A equipa termina no final desse ano e a Palmeiras Resort-Tavira acolhe o ciclista natural de Rebordosa para os seus dois últimos anos de carreira profissional. Em 2009, voltam as vitórias em catadupa. 11 triunfos no total, dois deles na Volta a Portugal, vitória na geral da Taça de Portugal e na geral do GP Prémio Rota dos Móveis. No último ano de carreira, mostrou que, ainda, estava para as curvas. Ou neste caso para as vitórias em etapas. 11 vitórias em que se destaca o triunfo na classificação geral do GP Joaquim Agostinho, na Taça de Portugal e na última etapa da Volta a Portugal.