Biografia de Fernanda Ribeiro
Fernanda Ribeiro seguiu a senda de outras fundistas de sucesso portuguesas que marcaram o atletismo nacional. Após uma geração forte no meio fundo e fundo feminino nacional, Fernanda Ribeiro consegue manter os bons resultados e as vitórias com que Portugal se habituara. Nasceu na véspera de São João do ano de 1969, na cidade de Penafiel, uma das atletas portuguesas mais medalhadas de sempre.
Em 1980, com apenas 11 anos, Fernanda Ribeiro participa na meia maratona da Nazaré, tendo sido inscrita como sénior. Fernanda Ribeiro finaliza na segunda posição, a poucos segundos de Rosa Mota e à frente de Aurora Cunha, que terminara no último lugar do pódio. Só podia ser um fenómeno. Depois de três anos correndo por uma equipa local, é contratada pelo Futebol Clube do Porto, depois de conquistar o título de iniciadas e juvenis nos 1500 metros. No ano seguinte, já era recordista nacional nos escalões de iniciados, juvenis e juniores nas provas de 1500 e 3000 metros. Estreou-se com 14 anos nos mundiais de juniores, tendo ganho nessa competição aos 18 anos, na cidade de Birmingham nos 3000 metros. Com 19 anos, é vice-campeã mundial de juniores nos 3000 metros e vai aos Jogos Olímpicos de Seul para adquirir experiência, pois ainda não tinha o mesmo ritmo de corrida que as restantes. A transição para os seniores não correu da melhor maneira e os resultados acompanharam uma certa frustração que se apoderou de Fernanda Ribeiro, assim como algumas lesões que a apoquentaram. Nos Europeus de Split, não corresponde às expectativas, ficando-se pelas qualificações nos 3000 metros e a desistência nos 10000 metros. Ainda assim, conseguiu os mínimos para os Olímpicos de Barcelona. Mas volta a fraquejar. E pensa em abandonar o atletismo de competição. Mas aí surge a intervenção de um homem que vem a ser decisivo para Fernanda Ribeiro.
João Campos, outrora atleta de eleição no meio fundo, foi a pessoa que orientou a campeão europeia e vice-campeã mundial de juniores com um treino mais específico para as condições de Fernanda Ribeiro e a partir daí, a atleta conheceu mais sucessos. E dos grandiosos. E em 1994 teve um grande ano com inúmeras vitórias de distinta qualidade. Nos Europeus de Pista Coberta, disputados em Paris, sagra-se campeã da prova dos 3000 metros, deixando as rivais muito para trás. Bateu o recorde nacional dos 3000 metros. Mais tarde, realizaram-se na cidade de Helsinquia, os Europeus ao ar livre e Ribeiro mostra a fibra que tem e sagra-se campeã europeia, numa corrida em que Portugal conseguiu a dobradinha, com Conceição Ferreira a terminar com a medalha de prata. Arrancou um pouco a mais de meio da prova e mais ninguém a alcançou e melhorou o recorde nacional. Um pouco depois, melhora novamente, o recorde nacional ao terminar em segundo nos 10000 metros da Taça do Mundo de Pista, realizada em Londres.
Em 1995 e 1996 foram anos de sonho e de conquistas para Fernanda Ribeiro. Nos Mundiais de Gotemburgo, sagra-se campeã mundial de 10000 metros e fica com a medalha de prata na competição dos 5000 metros. Tornou-se na primeira atleta a conseguir fazer a dobradinha nos Campeonatos do Mundo. Chega aos Jogos Olímpicos com aspirações a medalha e é uma das principais referências portuguesas para conseguir esse intuito. Como tal, é a porta-estandarte da comitiva portuguesa em Atlanta. Chegada ao dia da prova, Fernanda Ribeiro conseguiria a tão desejada medalha de Ouro. A chinesa Wang Junxia, recordista mundial da prova, estava na frente a impor um ritmo forte, mas Fernanda Ribeiro nunca saiu de trás da corredora chinesa. Ultrapassou a atleta e tem uma ponta final espantosa, chegando ao final com uma medalha de ouro, novo recorde olímpico na distância e tornava-se uma das melhores do mundo, já que se tornava uma das poucas que conseguiu o título europeu, mundial e olímpico na carreira.
No ano seguinte a Atlanta, nos Mundiais de Pista Coberta, termina com uma medalha de bronze na prova dos 3000 metros, sendo que mais tarde, nos campeonatos do mundo ao ar livre, tem uma medalha de bronze na prova da légua e medalha de prata da dupla légua. Mais duas medalhas de prata estavam reservadas para o ano de 1998, tendo conseguido nos 3000 metros dos Europeus de pista coberta e nos 10000 metros dos Europeus ao ar livre. Em 1999, Fernanda Ribeiro teve um ano menos conseguido. Desistiu nos Mundiais de Sevilha e na primeira vez que corre a Maratona, também, desiste. No ano seguinte, havia mais uma edição dos Jogos Olímpicos e Fernanda Ribeiro iria marcar presença. Participava, mais uma vez, nos 10000 metros com menos aspirações do que em outros anos, porque existiam outras candidatas com mais argumentos. Durante a prova, o ritmo forte imposto foi deixando atletas pelo caminho. Fernanda Ribeiro aguentou na luta pelas medalhas e finalizou no último lugar do pódio.
A partir de então, não teve mais prestações de sonho, contudo ainda foi presença assídua nas convocatórias nacionais nas grandes provas internacionais. Conta com desistências nas competições dos Europeus de Munique e Mundiais de Paris em 2002 e 2003, respectivamente. Ainda vai aos Olímpicos de Atenas no ano de 2004, mas não tem a mesma prestação de outros tempos, acabando por desistir na prova que estava marcada, os 10000 metros. Nesse mesmo ano, sai da equipa do Porto para ir para o Valencia Terra i Mar onde teve quatro anos e saiu depois de ajudar a equipa espanhola a triunfar no Europeu de corta-mato. Ainda tentou a sexta participação em Jogos Olímpicos, mas não conseguiu atingir os mínimos da prova da Maratona, e deu por terminada a carreira em 2011.
Foi agraciada como Oficial da Ordem do Infante D. Henrique em 1995, tendo sido elevada a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique no ano de 1998.
