Biografia de Jesse Owens
Nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, Jesse Owens foi uma das figuras da competição pela parte desportiva e pela parte política que as suas vitórias representaram na época. Da parte desportiva, porque venceu quatro competições nessa edição dos Jogos, no caso, foram os 100 metros, os 200 metros, a estafeta dos 4 por 100 metros e o salto em comprimento. Ainda mais importante que isso, foi o domínio que um atleta de raça negra exercia num país que estava a viver sobre um regime de xenofobia e descriminação racial.
James Owens nasceu no Alabama e foi com a família para o Ohio com nove anos de idade, seguindo os seus pais. O sotaque do Sul atraiçoou o entendimento do seu nome, já que na escola, Owens disse que o tratavam por JC e o professor entendeu que era Jesse. E assim se foi estabelecendo até falecer. O americano dividia a escola com as corridas e com o trabalho que tinha numa loja de reparação de calçado. O seu treinador na altura, Charles Riley, foi o grande impulsionador da carreira do natural de Alabama que fez um plano para o atleta correr de manhã antes de ir para a escola que lhe ocupava grande parte do dia, acabando o dia na loja a trabalhar. Numa altura em que se vivia uma segregação racial nos Estados Unidos, o atleta afro-americano tinha que viver fora do campus escolar como outros atletas de raça negra e apenas poderia comer em restaurantes onde só comem afro-americanos.
Ainda assim, não se deixava afectar por estas situações e continuava a trabalhar e a estudar ao mesmo tempo que corria. Em 1935, Jesse Owens mostra de que fibra é feito e alcança conquistas significativas e, mais importante, a queda de três recordes do mundo, igualando um quarto recorde do mundo num espaço de 45 minutos numa prova nos Estados Unidos. Ainda nesse ano, Owens venceu um total de quatro provas nos campeonatos nacionais universitários, repetindo o feito no ano seguinte.
Nos Jogos Olímpicos em 1936, o atleta de raça negra venceu quatro provas de atletismo, deixando uma mensagem subliminar de vitória contra o preconceito e sentimento de xenofobia generalizado que se vivia na Alemanha. Venceu as provas de velocidade dos 100 e 200 metros, a estafeta dos 4 por 100 metros e a disciplina técnica do salto em comprimentos. Mais tarde, Carl Lewis repetiu esse feito nos Jogos de Los Angeles em 1984. Ao contrário do passado nos campeonatos universitários em que havia a divisão entre elementos caucasianos e de raça negra, em Berlim, ficaram hospedados no mesmo hotel. Adolf Hitler queria evidenciar nesta edição dos Jogos, a superioridade alemã sobre todos os outros e se inicialmente, cumprimentava os vencedores alemães no pódio, abandonou essa postura ficando pela tribuna principal acenando aos vitoriosos. Ainda assim, chegou a acenar a Jesse Owens quando ele saiu vitorioso da prova, abandonando mais tarde o estádio. Não foi tanto Adolf Hitler que marcou Jesse Owens, mas sim Franklin Roosevelt, Presidente norte-americano, que nem se dignou a mandar felicitações para o atleta face ao feito que alcançou em Berlim. Mesmo nos Estados Unidos, a dominância de atletas de raça negra a conquistar títulos olímpicos em Berlim suscitou uma nova mudança de mentalidades relativo ao racismo e à xenofobia que, ainda, existiam em elevada escala no país americano.
Depois disso, terminou a carreira precocemente devido à retirada de licença por parte da Federação que o impedia de corria. Owens queria aproveitar para angariar patrocínios depois das conquistas de Berlim, isto porque sendo um afro-americano não tinha possibilidade de concorrer a bolsas de estudo mas a Federação não achou piada e retirou-lhe a licença para correr. Morreu a 31 de Março de 1980 motivado por um cancro no pulmão. Recentemente, foi imortalizado no Hall of Fame da Associação Internacional de Atletas Federados no ano de 2012.