Biografia de Rosa Mota
Rosa Mota foi campeã olímpica na disciplina de maratona nos Jogos Olímpicos de Seul e uma referência no atletismo nacional, participando, ainda hoje, em inúmeras provas de cariz solidário e beneficiente, promovendo o desporto como uma forma de vida saudável. Natural da cidade do Porto, Rosa Mota nasceu no dia 29 de Junho de 1958. Aos 20 anos, integra a secção de atletismo do Futebol Clube do Porto, ainda que por pouco tempo devido a um problema com asma, tendo sido inscrita pelo Clube de Atletismo do Porto em 1981, de onde não saiu mais. Nesse ano de 1981, venceu a São Silvestre de São Paulo pela primeira tendo ganho esta competição seis anos consecutivos. Até então, tinha sido quatro vezes campeã nacional nas provas de 800 e 1500 metros
Rosa Mota entra na história do atletismo português e mundial por ter sido a primeira atleta a vencer a primeira maratona feminina. Foi nos campeonatos da Europa, realizados em Atenas no ano de 1982. A partir de então passa a ser seguida em exclusivo pelo seu treinador, José Pedrosa, que vai ter um papel decisivo na carreira de Rosa Mota. Em 1983, trata de vencer nas maratonas de Roterdão e Chicago, onde repete vitória em 1984. Mais tarde, vai aos Jogos Olímpicos de 1984 e termina no último lugar do pódio e medalha de bronze respectiva, não conseguindo igualar o feito de Carlos Lopes. Ainda assim, feito inédito para o atletismo e desporto nacionais. Primeira mulher a arrecadar uma medalha olímpica. Uma prova táctica da portuguesa que actuou na defensiva, já que precisava de uma medalha face à desilusão que se tinha passado nos Mundiais do ano anterior, em que ficara em 4º. Além disso, também contou com várias ameaças nos Jogos Olímpicos por ter trocado a presença na aldeia olímpica por um hotel de uma marca desportiva que a patrocinava e que lhe oferecia melhores condições e a possibilidade de estar perto do seu treinador. O Comité Olímpico Português não deu uma acreditação a José Pedrosa como treinador para que pudesse estar presente no estádio olímpico e Pedrosa contornou essa afronta, estando acreditado como fotógrafo de uma revista de atletismo. Na maratona de Chicago no ano de 1985, atinge a sua melhor marca pessoal, com o tempo de 2 horas, 23 minutos e 29 segundos, terminando-a no terceiro lugar e fica nos Estados Unidos refugiado no estado do Colorado para realizar um melhor treino. José Pedrosa aproveitava para defender a sua pupila das acusações de mercenarismo que haviam sido referidas por responsáveis federativos. Alegaram que Rosa Mota não marcaria presença nos Mundiais de estrada para ganhar dinheiro noutras provas, quando o treinador garantiu a presença de Mota nessa prova, apenas se estivesse em óptimas condições para o efeito.
Em 1986, sagra-se campeão europeia de Maratona, em Estugarda, deixando as adversárias a mais de quatro minutos e ganha a Maratona de Tóquio. No ano seguinte, vence os mundiais realizados em Roma numa exibição de estrondo. Arrancando a um ritmo alucinante, foi alargando a sua vantagem face às adversárias e à meia maratona já tinha mais de dois minutos de vantagem e terminou com mais de sete minutos sobre a segunda. Nos Jogos Olímpicos realizados em Seul, torna-se campeã olímpica de maratona, não dando hipóteses às adversárias e repetindo o feito de Carlos Lopes em 1984. Foi uma prova diferente das últimas pois dispunha de concorrência mais forte, aos 38 quilómetros ainda dispunha de companhia, até que Rosa Mota olha para o seu treinador e o mesmo incentiva-a a atacar…numa descida. Ganhara vantagem suficiente para que nem Lisa Martin, da Austrália, nem Kristin Dorre, da antiga República Democrática da Alemanha, a pudessem apanhar.
No ano pós-olimpíadas, desiste pela primeira vez numa maratona em Osaka, ela que não perdia uma maratona em que participasse desde 1985. Em 1990, torna-se tri-campeã da Europa em Maratona, na cidade croata de Split, tendo ganho a Maratona de Osaka e a de Boston pelo terceiro ano, já que tinha conquistado a prova, também, em 1987 e 1988. Na maratona nipónica mais um episódio de clivagem entre Rosa Mota e a federação de atletismo. O órgão federativo tentou impedir a presença de Rosa na prova e, por isso, Rosa Mota participou na Maratona de Boston, em detrimento do mundial de corta-mato. Depois deste episódio, a tensão baixou um pouco, graças ao esforço do Ministro da Educação na altura, Roberto Carneiro. No ano seguinte, venceu a Maratona de Londres e acabou por desistir nos mundiais de Tóquio, não conseguindo revalidar o título.
Foi várias vezes condecorada pela Presidência da República. Primeiramente, como Dama da Ordem do Infante D. Henrique, tendo elevado essa distinção para Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, depois da conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Em 1987, é distinguida Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e depois da medalha de Ouro de Seul, foi feita Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
Actualmente, Rosa Mota é uma das personalidades que mais promove o desporto como prática de uma vida salutar e marca presença em várias corridas de cariz solidário ou meramente, comemorativo.