Urânio

Os combustíveis fósseis, tal como o petróleo e o carvão, não são renováveis e, dado o seu consumo, prevê-se, para as reservas conhecidas, o seu esgotamento num tempo não muito afastado. Por esse motivo foi-se procurando outros elementos capazes de fornecer energia. Em fase ampla de utilização estão minerais radioativos, principalmente o urânio e o tório.

Para a Humanidade a energia foi e é fundamental na realização das mais diversas tarefas.

A desintegração controlada do urânio desenvolve enormes quantidades de calor que, aplicado à produção de vapor, move turbinas que produzem energia eléctica. A água utilizada para a produção de vapor é a água de arrefecimento da pilha atómica. Este processo de desintegração denomina-se fissão nuclear. A produção industrial de energia nuclear fundamenta-se neste processo que é utilizado nas centrais nucleares de energia elétrica.

O urânio é um elemento que se encontra na forma de um mineral. Este mineral apresenta uma cor negra e toma o nome de pechblenda ou uranitite. Por alteração, a pechblenda origina óxidos hidratados de cor verde ou de cor amarela, designados torbernite e autunite. A sua presença à superfície da Terra é um forte indício da existência de pechblenda em profundidade.

O único isótopo fissurável de urânio que se encontra na natureza é o Urânio 235, que no urânio natural se encontra na proporção de 0,7%. Ao absorver um neutrão, o Urânio 235 torna-se instável e fissiona-se em elementos mais leves, libertando neutrões e calor durante o processo. Se se consegue que os neutrões libertados originem novas fissões posteriores, dá-se uma reação em cadeia, e o calor libertado pode ser utilizado para gerar energia elétrica.

O Urânio 235 é bastante raro e o seu custo de concentração, a partir do urânio natural, é muito elevado. A fissão de 453 gramas de urânio produz a mesma energia que 5 000 barris de petróleo. As reservas de urânio, embora moderadas, podem proporcionar recursos energéticos enormes.

Em Portugal a existência de jazigos de urânio permitiu que se criasse uma indústria de concentrados de urânio. A Direção Geral de Geologia e Minas tem vindo a desenvolver a prospeção de urânio nos últimos anos. Os recursos naturais são de cerca de 800 toneladas de urânio em concentrados e de 6 700 em recursos possivelmente assegurados. A nível mundial estes números colocam-nos como um país de pequenos recursos. As regiões uraníferas distribuem-se pelo Douro e Trás-os-Montes, Beiras e Centro e Alto Alentejo.

As principais minas localizam-se na Urgeiriça, na região uranífera das Beiras, e em Nisa, na região uranífera do Alto Alentejo. Os jazigos de Urgeiriça são intragraníticos e os jazigos de Nisa são depósitos na periferia dos granitos.

Quando, na primeira metade do século XX, se realizaram investigações no domínio da radioatividade, os primeiros resultados geraram tais expectativas que, nessa altura, se pensou que os problemas energéticos da Humanidade estariam resolvidos. A radioatividade resulta da possibilidade de certos elementos químicos, como o urânio, ao desintegrarem-se, emitirem uma radiação com libertação de energia. Estas reações que o Homem conseguiu realizar em laboratórios e, depois, transpor para as centrais nucleares, são extremamente energéticas. Apesar desta perspetiva, a euforia que a  energia nuclear despertou inicialmente tem vindo a esmorecer lentamente e, hoje em dia, são poucos os países que ainda constroem novas centrais nucleares. Os principais fatores negativos ligados à utilização desta fonte de energia são:

– elevado preço da construção e manutenção de uma central nuclear;

– o risco ambiental, extremamente elevado, que uma central comporta;

– a produção de resíduos altamente perigosos e radioativos;

– a dificuldade e o custo bastante elevado em eliminar os resíduos.

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