A magnetostratigrafia é um método físico de datação absoluta bastante utilizado que estabelece uma escala de mudanças de campo magnético terrestre ao longo da história da Terra. Este método tem por base o estudo das inversões do campo magnético terrestre ao longo do tempo. Este método sofreu um largo desenvolvimento com a consolidação da Teoria da Tectónica de Placas. A magnetostratigrafia é entre os ramos da estratigrafia aquele que estabelece a escala de inversões do campo magnético terrestre. Os métodos de datação absoluta permitem determinar o intervalo de tempo em anos que decorreu desde que um acontecimento geológico se verificou até aos dias de hoje.
Antoine Brunhes, físico francês que viveu entre 1867 e 1910, detetou, num dos seus estudos, que um manto de lava tinha uma polaridade magnética contrária à que ocorre atualmente na Terra. Para além desse facto, verificou que a camada de lava que cobria a que tinha a polaridade inversa, assim como a que se encontrava por debaixo dessa, apresentavam polaridades normais, ou seja, semelhantes às atuais. Deste forma, Brunhes, conclui que os pólos magnéticos da Terra deveriam ter estado invertidos no momento em que se formou a primeira camada que analisou. Essa camada de manto tem, segundo se convencionou, polaridade inversa, ou seja o campo magnético apresenta uma orientação oposta à atual. Quando a polaridade é semelhante à atual, diz-se que apresenta polaridade normal.
Ao se estudar diferentes estratos geológicos é possível reconhecer e identificar estratos com polaridade normal que alternam com estratos que apresentam polaridade inversa. Um mineral quando se deposita no fundo de uma bacia sedimentar, se for magnetizável, alinha-se segundo a orientação do campo magnético terrestre, existente naquele momento. Mesmo depois da compactação, os sedimentos preservam a mesma orientação do campo magnético da Terra. Se o campo magnético terrestre se alterar, os sedimentos que se depositarem, posteriormente, irão registar a orientação dessse novo campo magnético, ou seja, irão orientar-se numa direção diferente da camada sedimentar anterior.
Da mesma forma que ocorre nos processos de sedimentarização, também as lavas dos vulcões podem ser magnetizadas, registando o campo magnético desse momento. Nos minerais que constituem o magma a magnetização é mais fácil, em relação aos minerais que compõem os sedimentos. Desta forma a orientação do campo magnético é mais facilmente determinada nas lavas que nos sedimentos. Contudo, as erupções vulcânicas são processos descontínuos ao longo do tempo, ao invés do processo sedimentar que ocorre em bacias oceânicas, que é um processo contínuo. Desta forma o registo sedimentar é um objeto de estudo mais forte e mais pormenorizado quando se pretende determinar as inversões dos campos magnéticos terrestres ao longo das eras e por sua vez datar as formações rochosos.
O registo da polaridade, quer nos sedimentos quer nas lavas, permitiu a contrução de uma escala magnetostratigráfica. A escala magnetostratigráfica tem como unidade básica o cron de polaridade. O cron de polaridade é o intervalo de tempo com polaridade homogénea ou com predomínio de uma das polaridades, e uma duração superior a 100 000 anos. A construção da escala magnetostratigráfica inicia-se no registo da polaridade atual, que por conveção é dita como polaridade normal. De seguida registou-se o primeiro período com polaridade inversa, seguindo outro período de polaridade normal, e assim sucessivamente, recuando-se cerca de 170 milhões anos.