Antes de falarmos sobre o modelo de transição demográfica importa esclarecer que a demografia é o ramo do conhecimento que se tem individualizado e adquirido uma importância crescente e tem por objeto de estudo as dinâmicas populacionais. Para explicar as alterações na evolução da população são utilizados modelos demográficos, sendo que o modelo mais aceite é o modelo de transição demográfica elaborado pelo académico Warren Thompson em 1929.
O modelo de transição demográfica assenta numa abordagem que analisa o espaço e o tempo que descreve a passagem de um estado de equilíbrio, em que a mortalidade e a natalidade tinham níveis altos, para um outro estado de equilíbrio, em que a mortalidade e a natalidade têm níveis baixos, onde este tipo de metodologia debruça-se essencialmente nas observações feitas num grande número de países tendo em conta o grau de desenvolvimento presente nos mesmos.
O modelo de transição demográfica é elaborado e/ou descrito em três etapas distintas, nomeadamente, o regime demográfico primitivo ou pré-industrial, a transição (composto por uma primeira e segunda fases) e o regime demográfico moderno.
A transição demográfica começou lentamente ao longo dos últimos 250 anos, onde o processo da Revolução Industrial no século XVIII foi o evento chave que proporcionou aos países industrializados a transição da primeira etapa para as fases de transição e os mesmos terminaram processo no final do século XX, momento no qual estabilizaram em baixa suas taxas de natalidade e de mortalidade.
Os países não industrializados iniciaram a sua transição demográfica mais tarde e de forma repentina, hoje em dia, a maioria dos países do continente Africano encontram-se na fase da primeira transição e os países dos continentes da América Latina, da Ásia e também alguns de África, já se encontram na fase da segunda transição.
O regime demográfico primitivo ou pré-industrial caracteriza-se por registar uma elevada taxa de natalidade e uma taxa de mortalidade acima dos 40%, como resultado a população cresce muito pouco, como por exemplo o Reino Unido terá passado por esta fase antes de 1760.
A primeira transição produz-se uma diminuição da taxa de mortalidade como consequência das melhorias alimentares, de assistência médica e/ou das condições sanitárias, mas mantém-se uma elevada taxa de natalidade o que provoca um acentuado crescimento da população, a título de exemplo, o Quénia encontra-se nesta fase e o Reino Unido passou, por ela entre 1760 a 1880. Na segunda transição a taxa de natalidade começa a diminuir e a taxa de mortalidade começa a decrescer embora mais lentamente, atualmente a China encontra-se nesta fase e o Reino Unido viveu-a entre 1880 a 1940.
O regime demográfico moderno verifica-se quando as taxas de mortalidade atingem os mínimos biológicos e as taxas de natalidade são muito baixas, o que acaba por conduzir a um crescimento populacional baixo, podendo mesmo haver um decréscimo populacional, é o caso de muitos países desenvolvidos, como por exemplo, em Portugal e no Reino Unido.
Importa esclarecer que as consequências do início ao fim do modelo de transição demográfica são as mesmas, ou seja, um crescimento natural baixo; porém, na primeira etapa (regime demográfico primitivo) as taxas de natalidade e de mortalidade são muito elevadas e na quarta etapa (regime demográfico moderno) as mesmas taxas se padronizam em valores baixos.
References:
Referências Bibliográficas:
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Thompson, W. (1929). Danger Spots in World Population, New York: Alfred A. Knopf.
- Thompson, W. (1929). “Population”, in American Journal of Sociology 34(6), pp. 959-975.
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Thompson, W. (1948). Plenty of People: The World’s Population Pressures, Problems and Policies and How They Concern Us, Rev. edition, New York: Ronald Press.