Conceito de Stresse Biótico
Perturbações orgânicas das plantas provocadas por organismos vivos ou vírus, afectando negativamente o crescimento e o desenvolvimento de plantas e a produtividade de culturas vegetais. Os organismos, denominados patogéneos, incluem bactérias, fungos, nemátodes, insectos, herbívoros e outras plantas. É um assunto muito estudado na investigação ligada à agricultura, já que as doenças causadas por stresse biótico causam grande impacto na alimentação humana e influenciam a evolução tanto da planta hospedeira como do patogéneo.
O exemplo mais conhecido do impacto causado por stresse biótico foi a Grande Fome Irlandesa (1845–1849). Nessa altura a batata era o principal alimento da população. A introdução de um patogéneo exótico proveniente do continente americano (o oomiceto Phytophthora infestans) deverá ter estado na origem da infestação das culturas de batata na Irlanda e na sua devastação.
As plantas são frequentemente afectadas ao mesmo tempo por vários tipos de stresse. O dano causado por agentes bióticos pode ser confundido com agentes físicos e/ou químicos causadores de stresse abiótico. Em carvalhos, por exemplo, o escurecimento das folhas pode ter três causas: a) secura ou défice de água; b) fungos dos géneros Colletotrichum or Gloeosporium, causadores de uma afecção ligeira denominada antracnose; c) fungo Ceratocystis fagacearum, causador de uma doença vascular grave (murchidão do carvalho) que rapidamente leva à morte da árvore.
As plantas podem apresentar defesas basais de largo espectro, não induzidas pelo patogéneo. É o caso da parede celular, principalmente se tiver alta percentagem de lenhina , e de compostos produzidos constitutivamente por certos tecidos vegetais, como as fitoalexinas e a ricina.
As plantas tolerantes ou resistentes a um agente biótico são capazes de reconhecer o ataque do patogéneo, podendo despoletar vias de sinalização que resultam: a) numa resposta rápida localizada que implica a morte celular e reforço da parede celular das células próximas do local de ataque, no sentido de impedir a progressão do patogéneo na planta; b) no avanço da sinalização a todas as partes da planta e até a outras plantas, dando origem à resistência sistémica adquirida. Esta resistência previne futuros ataques, conferindo imunidade. Das estratégias de protecção podem fazer parte a síntese de proteínas (exº endopeptidases) e compostos do metabolismo secundario com actividade anti-patogéneo (exº nicotina) e antioxidante (exº glutationa).