Conceito de Solo
O solo reveste a superfície do planeta e é originado da desintegração mais ou menos completa da rocha-mãe. É um meio complexo, heterogéneo fisicamente, quimicamente e biologicamente, é uma camada de terra móvel que recobre grande parte dos continentes com funções múltiplas, três das quais extremamente importantes: função biológica de abrigar um grande número de espécies animais e vegetais, decorrente desta ultima a função de alimentar, sendo uma fonte e reservatório de inúmeros elementos nutritivos necessários à vida, e de filtro, pois é um meio poroso e a sua porosidade gera toda a circulação de água e gases, penetração de raízes e funções nutritivas. É composto pela sua fase gasosa, líquida e sólida.
A sua fase sólida é constituída por compostos minerais, com origem na rocha mãe, e, orgânicos, com origem nos seres vivos. Estes compostos são os que determinam a fertilidade do solo, faz parte da fase sólida, ainda, a presença de elementos químicos sendo os mais abundantes o Oxigénio e Silício em combinações químicas. Na fase sólida existe a presença de elementos grosseiros, que são os calhaus, pedras e cascalho com mais de 2mm de diâmetro que reduzem a quantidade de água e nutrientes que o solo pode reter e que contribuem para a formação de poros grandes. A matéria fina da fase sólida é todo o material com menos de 2mm de diâmetro e é o principal responsável pelas propriedades químicas do solo e é sobre esta que é feita a avaliação da fertilidade do solo.
A textura do solo é determinada em função das proporções relativas da presença de areia, limo e argila, existindo 12 classes de textura possíveis, sendo que a presença de maior quantidade de areia determina uma estrutura mais grosseira, de argila uma mais fina e de limo uma estrutura mais mediana. A textura influencia a plasticidade, permeabilidade à água, facilidade de mobilização, fertilidade e porosidade do solo.
A matéria orgânica inclui seres vivos, tecidos mortos animais e vegetais em decomposição e húmus – material orgânico já decomposto ou sintetizado de novo que constitui cerca de 60-80% da matéria orgânica. A determinação desta pode ser feita através de métodos diretos, pela perda peso da terra seca após incubação, ou por métodos indiretos, com menor taxa de erro, através da oxidação por via seca ou húmida. A mineralização da matéria orgânica pode ser primária ou por humificação, a primária é uma transformação rápida da matéria orgânica com libertação de nutrientes vegetais simples, ácidos orgânicos e dióxido de carbono, e a humificação é uma transformação mais lenta que resulta na síntese de novos compostos orgânicos, o húmus ou matéria orgânica estável, que é responsável pela retenção de água e propriedades coloidais do solo, e, sofrendo mineralização secundária origina minerais e dióxido de carbono.
A fase gasosa ou atmosfera do solo tem mais vapor de água e dióxido de carbono que a atmosfera e menos oxigénio. A sua composição é determinada pelas interações entre o solo, água, micro-organismos e plantas e varia com a profundidade.
A fase líquida pode também ser chamada de solução do solo, contém água, material coloidal, substâncias dissolvidas como iões, compostos orgânicos solúveis, oxigénio e dióxido de carbono.
Relativamente às suas propriedades físicas, a sua cor depende da percentagem de matérias orgânicas, da sua textura, do tipo de argila e outros compostos. Solos mais escuros absorvem mais radiação que os claros e aquecem mais depressa, nos solos frios as reações bioquímicas e geológicas são mais lentas assim como a absorção de água e nutrientes é menor, em solos demasiados quentes a germinação das sementes e vida microbiana fica comprometida.
A estrutura do solo pode ser granulosa, laminar, anisofórmica, colunar ou soltos/maciços em solos sem estrutura, e, depende da taxa de infiltração e retenção de água, drenagem e arejamento.
A porosidade é a proporção de poros em relação ao volume total do solo. Existem macroporos, com mais de 0.08mm existentes entre partículas de areia ou entre outros agregados que asseguram uma rápida infiltração de água, bom arejamento e passagem de raízes, microporos, com menos de 0.03mm encontrados no interior dos agregados, preenchidos com água à disposição das plantas, e mesoporos entre 0.03 e 0.08mm que contribuem para o arejamento e retenção de água.
De entre as suas propriedades químicas, a adsorção, reação do solo, halomorfismo e potencial redox. A adsorção traduz a ligação de substâncias da solução do solo à superfície da matriz e é determinante para o comportamento dos nutrientes existentes no solo e está diretamente ligada à capacidade de troca iónica que mede a totalidade de cargas positivas que um solo pode adsorver e trocar a um determinado pH.
A reação do solo é uma propriedade traduzida pelo seu pH, que influencia várias propriedades do solo, condicionando a vegetação existente, a estabilidade de agregados, atividade microbiana e disponibilidade de nutrientes, depende inicialmente da rocha mãe que deu origem ao solo e, posteriormente de processos como clima e tempo que condicionam a sua maturação. O poder tampão é a resistência à variação do pH e solos com pouca matéria orgânica apresentam um menor poder. Os solos mais produtivos são aqueles que apresentam valores de pH medianos pois as espécies vegetais têm diferentes preferências de pH e aqueles com valores medianos abrangem um valor preferido para a maioria das culturas. É possível corrigir a reação dos solos, em solos mais ácidos esse processo designa-se calagem e é a aplicação de produtos alcalinizantes, em solos alcalinos, em pequenas áreas faz-se através da inclusão de turfa ou serradura de coníferas (pobres em catiões) e em grandes áreas através da mistura de ácidos fortes na água de rega, não sendo, no entanto, uma reação duradoura pois o poder tampão é muito elevado.
Solos halomórficos possuem elevados teores salinos e pH maior que 7 e podem ser classificados em solos salinos com elevadas quantidades de sais solúveis e crescimento de culturas perturbado, salino-sódicos com caraterísticas intermédias e sódicos com níveis baixos de sais solúveis.
O potencial redox mede o estado de oxidação do solo, é maior em solos arejados e depende das condições de drenagem, da respiração das raízes e organismos do solo, da estação do ano e do tipo de vegetação. Diminui com a profundidade e porosidade.