As regiões biogeográficas correspondem a zonas definidas na distribuição global da biodiversidade. As espécies pertencentes a cada uma destas zonas evoluíram de forma independente, ao longo do tempo, criando faunas e floras características de cada região. No século XIX, o naturalista Alfred Wallace reconheceu seis grandes regiões biogeográficas através da observação da distribuição geográfica dos animais. Definiu, desta forma, as regiões Neártica, Paleártica, Etiópica, Australiana, Oriental e Neotropical. Hoje sabe-se que estas zonas correspondem a porções do território que estiveram isoladas durante a deriva dos continentes, ocorrida há muitos milhões de anos. Durante este período de isolamento geográfico, a fauna e flora dessas regiões desenvolveram caracteres particulares e distintivos, de forma independente da história evolutiva das espécies de plantas e animais existentes nas restantes regiões.
Caracterização das Regiões Biogeográficas
As regiões Neárticas e Paleárticas correspondem à América do Norte e à Eurasia. Estas duas regiões exibem muitas formas de vida semelhantes, dado que, muitas das espécies de animais e plantas puderam migrar entre o Alasca e a Sibéria através do Estreito de Bering, durante grande parte dos últimos 100 milhões de anos. Como tal, é possível verificar que as florestas europeias são semelhantes às florestas Norte americanas e que, apesar de raramente possuírem as mesmas espécies, ambas têm representantes das mesmas famílias e géneros.
O continente africano corresponde à região Etiópica e a Austrália à região Australiana. As formas de vida existentes nestas zonas do globo desenvolveram-se durante longos períodos de isolamento das restantes regiões, tendo originado organismos distintos em cada uma das zonas.
A biodiversidade que caracteriza o Sudoeste asiático encontra-se na região Oriental. Esta região engloba também o subcontinente indiano, e evoluiu de forma independente das regiões tropicais africanas e sul americanas. Como tal, há mais semelhanças entre os taxa das regiões da Ásia Temperada (Paleártico) e Tropical (Região Oriental) do que entre os taxa da América do Norte Temperada (Região Neártica) e da América do Sul Tropical (Região Neotropical), devido às ligações terrestres existentes entre as primeiras. As florestas das regiões temperadas asiáticas exibem diversas espécies arbóreas que se desenvolveram nas florestas tropicais, enquanto as zonas temperadas da América do Norte não possuem espécies com estas características.
Mais tarde, durante o Piloceno (há cerca de 3 milhões de anos), estabeleceu-se finalmente um ligação por terra entre as Américas do Norte e do Sul. Apesar de algumas espécies terem transitado entres os dois territórios através de algumas ilhas durante épocas anteriores, esta ligação terrestre permitiu um elevado intercâmbio de diversos taxa. Este intercâmbio foi, no entanto, desigual, já que, um maior número de espécie migraram do Norte para o Sul do que o contrário. Este facto terá conduzido a uma maior diversificação das linhagens do Norte e conduzido à extinção algumas espécies endémicas das zonas mais a Sul, como determinadas formas de mamíferos marsupiais.
References:
Ricklefs, Robert. (2003). A Economia da Natureza. Guanabara Koogan, 5ª Edição.
Lévêque, C. (2001). Ecologia: do ecossistema à biosfera. Instituto Piaget, Colecção Perspectivas Ecológicas, nº 36.