Os probióticos são definidos, atualmente, como microrganismos vivos que, quando consumidos em quantidades adequadas, conferem um efeito positivo à saúde do hospedeiro.
Evolução do conceito de probiótico
O termo probiótico foi utilizado pela primeira vez em 1965 por Lilly e Stillwell. Estes autores definiram probiótico como uma substância microbiana capaz de estimular o crescimento de outro microrganismo, em oposição ao termo antibiótico.
Posteriormente em 1974, Parker altetrou o conceito de probiótico para se incluir a ideia que seria um microrganismo vivo com efeitos benéficos para o hospedeiro através da alteração do equilíbrio da microbiota intestinal.
Atualmente, o conceito de interação com as bactérias que compõem a microbiota intestinal já não faz da definição de probiótico, pois podem atuar através de outros mecanismos.
Os probióticos fazem um trajeto desde a boca até o cólon
Os próbióticos vêm misturados nos alimentos. Eles são engolidos, passam pelo tubo digestivo, onde têm de resistir ao suco gástrico e enzimas digestivas e ao longo trajeto no intestino delgado (4 ou 6 horas) antes de chegar finalmente ao cólon do intestino grosso. Uma vez aqui, os probióticos integram-se com a microbiota intestinal, encontram os nutrientes que necessitam e proliferam.
Os probióticos afetam a microbiota intestinal
A microbiota intestinal (antes conhecida como a flora intestinal) é composta não só por milhares de espécies de bactérias como por um elevado número de células, superior ao do próprio hospedeiro humano. A atividade metabólica destas bactérias todas afeta a saúde do hospedeiro.
A composição da microbiota intestinal é influenciada pela dieta, stress, fumo, tratamentos quimio- e radioterapêuticos e por ingestão de antibióticos.
Os probióticos são muito importantes para a reconstituição da microbiota intestinal após o uso de antibióticos.
Alimentos ricos em probióticos
Os alimentos fermentados são possíveis fontes de probióticos porque a fermentação é realizada por bactérias e leveduras. Todavia, na maior parte dos alimentos fermentados, os microrganismos são eliminados através da cozedura (como é o caso do pão), da torrefação ou da esterilização comercial dos alimentos.
Os produtos láteos fermentados representam a maior fonte alimentar de probióticos porque são ricos em bactérias láticas. A certos iogurtes também são acrescentados culturas de probióticos.
As espécies de probióticos
Os probióticos mais conhecidos e usados são as bactérias láticas pertencentes aos géneros Lactobacillus e Bifidobacterium. Outros géneros de bactérias de probióticos incluem os Enterococcus e Streptococcus.
A maioria destes microrganismos são identificados e isolados em produtos lácteos fermentados tais como o iogurte, o queijo, o kefir, leite dos Masai (tribo da Tanzânia), ou Kurut (popular na ásia central). Os produtos de leite fermentado ao redor do mundo representam uma boa fonte de possíveis probióticos porque estes produtos contêm diferentes estripes de bactérias láteas.
No entanto, nem todos os microrganismos fermentativos (como as bactérias láticas) são necessariamente probióticos; é preciso provar que o microrganismo exerce um efeito benético sobre a saúde do consumidor.
Modos de atuação dos probióticos
Embora os mecanismos de ação dos probióticos não estejam totalmente esclarecidos, pode-se sintetizar em três formas que incluem:
a) os próbióticos podem inibir ou limitar a colonização ou crescimento das bactérias prejudiciais. A inibição do crescimento das bactérias patogénicas pode ser devida à produção, por parte dos probióticos, de bacteriocinas de largo espectro, de ácidos gordos de cadeia curta de que diminuem o pH, de biossurfactantes com efeitos antimicrobianos. Outros mecanismos como a competição por locais de ligação ou inibição da adesão também podem resultar na inibição do crescimento de outras bactérias.
b) os probióticos podem promover o melhoramento da função de barreira da mucosa do intestino, ao incentivar as células epiteliais do intestino a produzir uma maior camada de muco.
c) os probióticos podem modular o sistema imunitário, ao afetar a produção de citocinas pró- ou anti-inflamatórias.
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