Pré Câmbrico

O que é o Pré-Câmbrico

O Pré Câmbrico é uma época temporal em geologia, que representa os primeiros tempos da Terra e que durou desde a sua formação há 4.600 milhões de anos até há 542 milhões de anos (altura em que se inicia o Câmbrico), período temporal que representa cerca de 90% da existência do nosso planeta.

Existem várias propostas para sub-dividir este gigantesco período geológico. Uma delas divide-o em quatro eons, nomeadamente:

  1. Acreção e diferenciação, correspondente à acreção de materiais da nuvem de poeiras que giram em torno do Sol recém formado (entre há 4,6 e 4,0 mil milhões de anos).
  2. Hadeano, correspondente ao intenso bombardeio tardio de asteróides e cometas que enriqueceram a Terra com diversos materiais, entre os quais a água (entre há 4,0 e 3,8 mil milhões de anos).
  3. Arqueano, correspondente as primeiras formações da crosta terrestre e os depósitos ferríferos e terá sido neste período que surgiram os primeiros organismo unicelulares (entre há 3,8 e 2,5 mil milhões de anos).
  4. Proterozoico, caracterizada pela tectónica de placas e surgimento dos primeiros organismos pluricelulares (entre há 2,5 e mil milhões e 545 milhões de anos).

Os eventos mais relevantes durante este longuíssimo período de tempo na fase inicial, foram:

  • O arrefecimento e consolidação do magma original e a constituição de um núcleo central rico em ferro que deu origem ao campo magnético da Terra, a que se seguiu a formação da crusta terrestre sólida e início do processo de tectónica de placas;
  • A formação da Lua, segundo se crê devido ao mega-impacto de um grande asteróide ou de uma planetóide com a Terra e que levou à ejeção de enormes quantidades de material para o Espaço;
  • A constituição da atmosfera terrestre, rica em dióxido de carbono, vapor de água, metano e amónia, e formação dos oceanos, eventualmente devido ao bombardeamento contínuo de asteróides ricos em água;
  • Surgimento dos primeiros organismos vivos: bactérias, algas unicelulares, primeiras algas fotossintéticas, e células com núcleo (eucariotas);
  • Formação de uma atmosfera rica em oxigénio, cuja concentração foi aumentando graças à fotossíntese das algas unicelulares e à formação da camada de ozono;
  • Surgimentos dos primeiros organismos pluricelulares (metazoários).

 

Primeiros organismos vivos

Durante muito tempo pensou-se que no Período do Pré Câmbrico não existira vida. A maioria dos organismos, tais como vermes, moluscos, esponjas e artrópodes, pareciam surgir bruscamente no início da Era Paleozóica, no período Câmbrico, naquilo que se convencionou chamar a “Explosão Câmbrica”. Contudo uma questão era pertinente sobre este ponto: ninguém conseguia explicar como é que os organismos já tão evoluídos apareciam repentinamente. As explicações mais aceites residiam em duas características que os organismos primitivos possuíam: eram seres microscópicos, unicelulares, daí escaparem com facilidade aos olhos dos estudiosos e, por outro lado, o corpo destes organismos não apresentava partes duras capazes de fossilizarem.

Se se recuar 3800 milhões de anos, verifica-se que, nessa altura, a Terra, ou mais propriamente os mares, eram povoados por organismos muito simples, constituídos por uma única célula muito rudimentar. Estes seres procariontes unicelulares terão sido os antepassados comuns a todos os seres vivos que, a partir dessa altura, se foram desenvolvendo e diversificando. As estrutura de origem biológica mais antigas que se conhecem são muito semelhantes aos atuais estromatólitos, estruturas calcárias formadas por cianofíceas. O mecanismo de formação dos estromatólitos modernos mostra tapetes de bactérias e algas capazes de originar grandes recifes de materiais de natureza calcária, com uma forma arredondada. As semelhanças entre os estromatólitos atuais e antigos levam a supor que o mecanismo de formação seja o mesmo. Concluí-se portanto que durante o Período Pré Câmbrico, os estromatólitos tenham sido os organismos que dominavam a Terra.

As condições para o surgimento da vida

Uma característica do nosso planeta, com um grande papel sobre o aparecimento e evolução dos seres vivos, é a composição da atmosfera. A atmosfera terrestre não permaneceu imutável – de facto, muitas alterações ocorreram ao longo da história da Terra, desde a sua formação há 4.600 milhões de anos. A primeira atmosfera terá sido consequência da dinâmica interna do planeta. A intensa atividade vulcânica, associada a fenómenos geotérmicos, terá contribuído para a grande quantidade de gases que se libertou do interior da Terra. Paralelamente, o intenso bombardeamento de asteróides ricos em água levou à formação de espessas nuvens de vapor de água, que ao arrefecerem e condensarem geraram as primeiras nuvens que contribuíram para formar os oceanos.

As interações subsequentes entre a atmosfera e a superfície do planeta fixou determinados componentes, abundantes na atmosfera. Desde a formação da Terra até há 3.000 milhões de anos a atmosfera era constituída principalmente por hidrogénio, azoto e dióxido de carbono. Gradualmente, o hidrogénio presente desde a formação da Terra, por ser um gás leve, libertou-se gradualmente para o espaço, permanecendo na atmosfera quantidades mínimas. O dióxido de carbono que representava no início cerca de 80% da composição da atmosfera foi diminuindo para valores cada vez menores, à medida que era fixado para a formação de rochas calcárias. O azoto foi-se tornando cada vez mais abundante pois era libertado do interior da Terra devido à intensa atividade vulcânica.

No período compreendido entre 3 000 milhões de anos e 1 500 milhões de anos verificaram-se novas grandes alterações na composição da atmosfera. O hidrogénio acabou por quase desaparecer e o azoto tornou-se cada vez mais abundante. Contribuindo para tal, apareceram nesta altura as primeiras bactérias com a capacidade de realizar a fotossíntese e produzir oxigénio, que antes não existia na atmosfera.

No período seguinte, entre os 1.500 milhões de anos até hoje, a evolução da atmosfera não voltou a registar grandes mudanças.

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