Neisseria meningitidis

As espécies do Género Neisseria são cocos Gram-negativos e patogénicos. Estes microrganismos dispõem-se aos pares, sendo por isso chamados de diplococos. Uma das espécies deste género que causa doenças em seres humanos é a Neisseria meningitidis, que também é vulgarmente conhecida por meningococos.

Os fatores de virulência deste microrganismo estão relacionados com vários aspetos da sua estrutura celular e fisiologia:

– Cápsula: a Neisseria meningitidis possui uma cápsula polisacarídica que a envolve e a torna antifagocítica, uma vez que não existem anticorpos específicos para a aglutinar. A Neisseria meningitidis é classificada em grupos baseados nos diferentes polissacarídeos que possui na cápsula. Estes polissacarídeos são antigénios, uma vez que estimulam uma resposta por parte do sistema imunitário humano, mediada por anticorpos. Existem nove grupos de Neisseria meningitidis designados A, B, C, D, X, Y, Z, W135 e 29E. A meningite é causada pelos grupos A, B e C, na maioria dos casos;

– Endotoxina LPS: estas bactérias podem libertar endotoxinas que provocam a rutura dos vasos sanguíneos. A hemorragia dos vasos sanguíneos é observada a nível da pele como minúsculas máculas vermelhas e arredondadas;

– IgA1 Protease: encontrada apenas nas espécies patogénicas de Neisseria, esta enzima cliva a Ig9;

– A Neisseria meningitidis pode extrair ferro da transferrina humana através de um mecanismo que não requer energia.

Embora a Neisseria meningitidis possua todos os fatores de virulência acima descritos, normalmente esta bactéria adapta-se e torna-se parte da flora normal da nasofaringe. Estes indivíduos são chamados de portadores e esta infeção nasofaríngea assintomática permite que eles desenvolvam anticorpos contra a bactéria. Este tipo de indivíduos representam cerca de 5% da população humana.

O principal grupo de risco são crianças com idade entre os seis meses e os dois anos. Durante a gravidez os anticorpos protetores da mãe atravessam a placenta e fornecem proteção ao feto. Esta proteção apenas é suficiente durante os primeiros meses de vida. As crianças só começam a desenvolver os seus próprios anticorpos anos mais tarde. Existe, portanto, uma janela de tempo, entre os seis meses e os dois anos, quando as crianças ficam extremamente suscetíveis a uma infeção por Neisseria meningitidis, podendo desenvolver meningite.

A Neisseria meningitidis espalha-se através das secreções respiratórias, coexistindo de forma assintomática na nasofaringe. Em certas ocasiões as bactérias podem invadir a corrente sanguínea a partir da nasofaringe, resultando em uma meningite. O sintoma principal e clássico de uma infeção invasiva por Neisseria meningitidis é o aparecimento de um exantema petequial, que surge devido à libertação da endotoxina da Neisseria meningitidis, o que provoca a necrose vascular, uma reação inflamatória e hemorragia na pele, em redor da necrose.

A meningococemia resulta da multiplicação intravascular de Neisseria meningitidis que provoca febres súbitas, calafrios, dores nas articulações e musculares, assim como o exatema petequial. Uma vez na corrente sanguínea, a bactéria espalha-se rapidamente pelo organismo hospedeiro. Este processo pode levar à ocorrência de meningite ou meningococemia fulminante.

A meningococemia fulminante, também conhecida como Síndrome de Waterhouse-Friderichsen, trata-se de um choque séptico. A hemorragia bilateral que ocorre no interior das glândulas suprarrenais provoca insuficiência renal. Há um início súbito de hipotensão e taquicardia. Pode ocorrer a coagulação intravascular disseminada e o paciente entrar em coma. A morte pode ocorrer entre seis a oito horas.

A meningite, por sua vez, é a forma mais comum da doença meningocócica, que ataca geralmente crianças até um ano de idade. Estas apresentam sinais generalizados de uma infeção, com febre, vómitos e letargia. Uma fontanela anterior protuberante aberta pode ser um sinal de meningite em recém-nascidos, enquanto que crianças mais velhas podem apresentar rigidez da nuca.

A Neisseria meningitidis pertence à Família Neisseriaceae, da Ordem Neisseriales, da Classe Betaproteobacteria, do Filo Proteobacteria, do Reino Monera.

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