Isolamento Reprodutivo

Apresentação do conceito de Isolamento Reprodutivo e de vários conceitos relacionados; Apresentação dos principais Mecanismos de Isolamento Reprodutivo…

Designa-se por ‘Isolamento Reprodutivo’ a impossibilidade de cruzamento ou de obtenção de descendência fértil entre dois indivíduos pertencentes a espécies diferentes.

Conceito Biológico de Espécie

Este pressuposto é a base do ‘Conceito Biológico de Espécie’. De acordo com este conceito, uma espécie é uma população ou um grupo de populações naturais, constituída por organismos que se reproduzem entre si dando origem a descendência fértil, e se encontram isolados reprodutivamente das outras espécies.

Este conceito aplica-se apenas a espécies que se reproduzem de forma sexuada, ou seja, nas quais ocorre a fusão de gâmetas dos indivíduos parentais, e não se aplica a populações isoladas.

Encontram-se também excluídos do ‘Conceito Biológico de Espécie’ os indivíduos que possam ter sido originados por cruzamento entre espécies diferentes até porque, por norma, quando estes cruzamentos chegam a dar origem a um novo indivíduo, este é infértil. Um exemplo disto, bastante conhecido, é o ‘macho’. Um animal designado por ‘macho’ pode ser obtido pelo cruzamento de um burro com uma égua. No entanto, o ‘macho’ é estéril e não se reproduz com nenhuma das espécies parentais.

 

Especiação

O processo de formação de novas espécies ou especiação, implica o desenvolvimento de mecanismos de ‘Isolamento Reprodutivo’ entre uma nova população e a população que lhe deu origem. Para que esta incompatibilidade ocorra, algum mecanismo de isolamento reprodutor terá de ter entrado em acção.

 

Mecanismos de Isolamento Reprodutivo

Entre os diversos mecanismos que podem contribuir para o isolamento reprodutor entre duas populações, destacam-se:

  • Isolamento geográfico

Neste cenário, há a introdução de uma barreira geográfica a separar as duas populações, como a ocorrência de alterações ambientais ou acidentes geográficos que inviabilizam o contacto físico entre os indivíduos das duas populações;

  • Isolamento biológico

Neste caso, são os processos inerentes à anatomia, fisiologia ou ecologia dos indivíduos que os impedem de se reproduzirem. Este tipo de isolamento deve-se ao desenvolvimento de mecanismos pré-zigóticos e pós-zigóticos.

Os mecanismos pré-zigóticos são aqueles que impedem a formação do zigoto (entidade diplóide formada por fecundação dos gâmetas parentais). Enquadra-se aqui o isolamento ecológico, cenário em que as populações estão isoladas porque ocupam diferentes habitats. O isolamento temporal desenvolve-se quando os indivíduos não se podem reproduzir porque têm a sua actividade em períodos diferentes do dia ou em estações do ano diversas. O isolamento comportamental impede que os indivíduos de uma população reconheçam os sinais emitidos pela outra população. Os sinais de corte emitidos por uma espécie como, o canto nas aves, por exemplo, ou a dança e exibição da plumagem, não são reconhecidos pelos indivíduos da outra espécie. Quando as estruturas reprodutoras não são compatíveis do ponto de vista anatómico estamos perante o isolamento mecânico. O isolamento gamético é garantido por mecanismos de reconhecimento de moléculas específicas dos gâmetas da própria espécie, e impede a fecundação entre espécies diferentes.

Os mecanismos de isolamento reprodutor pós-zigóticos são aqueles que, apesar de ter ocorrido a fecundação (neste caso, houve a formação de um híbrido porque o embrião é fruto da fecundação entre duas espécies diferentes), impedem o desenvolvimento do embrião. Mesmo que o embrião se desenvolva e surja um descendente, este é, normalmente, estéril.

Entre estes mecanismos, encontra-se a inviabilidade de híbridos, ou seja, apesar de embrião se ter formado, há uma interrupção do desenvolvimento embrionário devido a incompatibilidades genéticas. Pode ocorrer também a esterilidade dos híbridos quando se desenvolve um novo indivíduo saudável mas que, no entanto, é estéril, porque os órgãos reprodutores não são funcionais ou porque este indivíduo não consegue formar gâmetas.

Ainda que todas as barreiras até esta etapa possam ser ultrapassadas nalguns casos, existe ainda a possibilidade de ocorrer uma inviabilidade dos híbridos da segunda geração. Neste caso, os descendentes dos híbridos da primeira geração (fruto do primeiro cruzamento entre as duas espécies diferentes) não se cruzam entre si nem com as espécies parentais porque, caso haja fecundação, ocorre a interrupção do desenvolvimento do embrião ou dão à luz indivíduos extremamente frágeis e estéreis.

 

Referências bibliográficas

Mark Jobling, Edward Hollox, Matthew Hurles, Toomas Kivisild, Chris Tyler-Smith. (2013) . Human Evolutionary Genetics. Garland Science.
Molles, Manuel. Ecology – Concepts & Applications. 4th edition. McGraw-Hill.

 

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