Conceito de Grooming
O grooming é um comportamento natural observado em muitos animais, desde roedores, pequenos felinos, bovídeos selvagens e domésticos, cervídeos a várias espécies de primatas, com diversas implicações nas diferentes espécies e ocupando-lhes uma grande parte do tempo em que estão acordados.
Envolve a limpeza da superfície do corpo incluindo pelo, penas, escamas ou pele, tendo como funcionalidade primária a higiene mas também pode ser igualmente importante como comportamento de exibição e social
Pode-se considerar dois padrões de grooming: o self-grooming e o allogrooming.
O self-grooming ato em que o animal limpa-se a si próprio, tem variadas funções, sendo a primária de higiene com o objetivo de manter uma pele saudável, limpando e condicionando a pelagem, removendo sujidade, pelos soltos e objetos estranhos, assim como cuidar da pele lesada ou de ferimentos. Pode servir também como método de termorregulação, visto que lamber a superfície corporal pode ajudar a manter os animais frescos.
A função mais difundida do self-grooming é a de remoção de parasitas mas pode ser realizada como uma atividade deslocada e ajuda a reduzir a tensão que surge de um conflito ou a ansiedade, visto ser aparentemente uma atividade relaxante, pois estimula a libertação de beta-endorfinas.
Nos humanos este comportamento inclui as catividades de banho, como lavar e pentear o cabelo e cuidados com o corpo. A complexidade do comportamento grooming em humanos vai, claro, para além das medidas de higiene e atracão do sexo oposto
Pode-se considerar duas formas de self-grooming: o oral grooming, que é maioritariamente dirigido para as patas traseiras, costas/laterais, tórax/pescoço, região ano genital, abdómen e cauda; e o scratch grooming que se dirige para o focinho, orelhas e pescoço.
O allogrooming acontece quando o grooming é praticado em outro individuo, que não o próprio. Pode também servir como sinal social. Em muitos mamíferos as ligações sociais parecem ser construídas e mantidas através de grooming social.
Sessões onde se retribui o allogrooming – sessões de grooming mútuo – são bastante comuns, com um animal praticando grooming em partes do corpo, como cabeça, pescoço e costas, que o próprio animal sozinho não conseguiria alcançar. Isto pode ocorrer entre parentes, mas também é encontrado em animais não aparentados mas com associações muito familiares. É particularmente bem desenvolvido em primatas, onde, o contacto amigável ajuda a cimentar ligações. Ambas as partes ganham com as interações e ambas a podem quebrar se o outro não participar.
O padrão de relações de grooming num grupo é uma boa medida da estrutura detalhada da comunidade, mostrando como os animais se associam e é um bom indicador das forças coesivas que mantêm o grupo como uma verdadeira unidade social. Através deste padrão de comportamento pode-se tirar conclusões sobre a hierarquia do grupo. Quando os animais participam em sessões de grooming social geralmente seguem uma ordem pré-definida, de acordo com a hierarquia do grupo. Assim, este grooming mútuo serve não só para conseguir limpar áreas do corpo que são mais difíceis de alcançar mas também cria e reforça ligações entre os indivíduos e fortalece a hierarquia do grupo.
Em humanos, pode-se assumir que o grooming social toma a forma de massagens ou a demonstração de afetos, embora o princípio seja o mesmo que para os outros animais: a fricção repetitiva da pele libera endorfinas que provocam uma agradável sensação de relaxamento. Obviamente a criação e reforço de laços sociais entre amigos e aliados raramente são baseados em grooming social na espécie humana.
Como em qualquer outro comportamento, também existem irregularidades na sua prática – overgrooming e undergrooming.
Overgrooming é a prática excessiva de grooming, um comportamento obsessivo – compulsivo comum em alguns gatos e cães, que devido ao stress tentam acalmar-se, lambendo-se a si próprios excessivamente, resultando em queda de pelo, pele lesada ou infeções.
As causas para tal comportamento incluem comichão, alergia na pele ou doenças. Aborrecimento e frustração e ansiedade são também possíveis causas para este comportamento tornar-se estereotipado.
Anormalidades no self-grooming humano são muitas vezes uma componente de uma sintomatologia de transtorno, como a tricotilomania, doença em que o paciente arranca fios de cabelo na tentativa de evitar ansiedade e o nervosismo, e que envolve comportamentos como roer as unhas ou coçar a pele, que são indicativos de um problema de saúde mental maior.
O undergrooming, a prática insuficiente de grooming, tem uma expressão claramente menor ao overgrooming e tem como principal causa a doença ou dor, por exemplo, a causada pela artrite em gatos idosos, ou certos estados de stress.
Grooming é assim um comportamento que á primeira vista pode parecer mais simplista e sem grandes funções ou repercussões mas representa na realidade um comportamento relativamente complexo, com diversas funções.