A ficocianina é um pigmento que se localiza nos tilacóides – estruturas membranares onde ocorre a fotossíntese – das cianobactérias, as algas microscópicas descendentes dos organismos mais antigos que já habitaram a Terra. A ficocianina é produzida por microalgas, como as pertencentes ao género Spirulina. A ficocianina é o principal pigmento destas algas, podendo mesmo chegar a representar cerca de 20% do seu peso seco.
Estes pigmentos têm a capacidade de reagir com as espécies reactivas de oxigénio produzidas durante o processo de respiração aeróbica. Estas substâncias são tóxicas para as células e são responsáveis por mutações no ADN (Ácido desoxirribonucleico) e podem desencadear doenças como o cancro, caso essa mutações não sejam reparadas pela maquinaria celular. Sendo um agente antioxidante, a ficocianina possui a capacidade de proteger as células ajudando a prevenir doenças e retardando o envelhecimento. As algas do género Spirulina são, assim, consumidas como alimento altamente proteico e extremamente benéfico para a saúde. Para além da ficocianina ser utilizada pelas suas propriedades antioxidantes, é também utilizada como corante para a indústria alimentar, na coloração de doces, produtos lácteos e gelados, e bebidas não alcoólicas.
Biliproteína
As ficocianinas são biliproteínas azuis cujo cromóforo (estrutura receptora da luz solar) é a ficocianobilina. Possuem um cromóforo na subunidade alfa da proteína e dois na subunidade beta. As biliproteínas são macromoléculas biológicas que possuem grupos prostéticos tetrapirrólicos lineares (bilinas) ligados covalentemente à cadeia da apoproteína (região proteica da estrutura), através de ligações nas cisteínas (aminoácido).
As bilinas são compostos hidrossolúveis e formam complexos antena designados por ‘ficobilossomas’, que desempenham um papel importante na fotossíntese em diversos grupos de microalgas, como cianobactérias, algas vermelhas ou algas pertencentes ao grupo das cryptomonadales.
Existem quatro tipos de biliproteínas: a ficoeritrina que absorve a radiação do espectro solar compreendida entre os 540-570 nm; as ficocianinas que absorvem a luz do espectro na faixa entre os 610-620 nm; as aloficocianinas que absorvem a radiação entre os 650-655 nm; e as ficoeritrocianibas que absorvem na gama dos 570-595 nm.
References:
- Patel, Seema, and Arun Goyal. “Current and prospective insights on food and pharmaceutical applications of spirulina.” Curr Trends Biotechnol Pharm 7 (2013): 681-695.
- Bertolin, Telma Elita, Guarienti, Cíntia, Farias, Daniele, Souza, Fernanda Taís, Gutkoski, Luiz Carlos, & Colla, Luciane Maria. (2011). Efeito antioxidante da ficocianina em pescado salgado-seco. Ciência e Agrotecnologia, 35(4), 751-757. Retrieved October 02, 2015, from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542011000400014&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S1413-70542011000400014.
- Romay, C., Remírez, D., & González, R. (2001). Actividad antioxidante de la ficocianina frente a radicales peroxílicos y la peroxidación lípidica microsomal.Revista Cubana de Investigaciones Biomédicas, 20(1), 38-41.