Introdução
Por convenção, nos estudos sobre a evolução humana, têm-se distinguido a espécie humana de outras espécies, a partir do aparato linguístico da primeira, que em si é construído como essencialmente cultural, isto é, não biológico. Portanto, as teorias que concernem à evolução da linguagem são de grande importância. Tem-se argumentado que as origens da linguagem residem mais nas habilidades cognitivas, e não tanto nas propriedades da comunicação não-verbal (gesto/chamada), que são partilhadas por todos os primatas.
Na antropologia biológica, os estudos evolucionistas concentraram-se em estabelecer as relações taxonómicas (classificatórias) e filogenéticas (evolucionárias) entre os fósseis dos primatas e os primatas viventes. Teoricamente, a filogenética fornece a base necessária para a taxonomia; todavia, em termos práticos, a filogenética preliminar pode possibilitar o avanço da taxonomia. O método da taxonomia cladística, amplamente usado em tempos recentes, procede, em primeiro lugar, pela demonstração das características primitivas e derivadas dos membros de um grupo, e em segundo lugar, determina as características derivadas que são partilhadas entre esses grupos.
O termo hominídeo refere-se às populações e espécies que, com o Homem, partilham uma história evolucionária que exclui do seu decorrer outros primatas vivos. Pensa-se a linhagem hominídea como tendo evoluído entre as balizas temporais de há 5 milhões ou 10 milhões de anos atrás. Consequentemente, os estudos dos hominídeos primam por esclarecer onde, como e porquê, a evolução humana se consolidou: daí a duradoura preocupação com as relações entre os fósseis hominídeos e a única subespécie sobrevivente, o Homo sapiens sapiens. No entanto, a coexistência nos dados fósseis das espécies Australopitecos e Homo, indicam que o estudo das origens hominídeas não deverá ser equacionado com o estudo das origens humanas.
Estes estudos preservam uma base histórica que floresceu no século XVIII, e que foi profundamente moldada pelos trabalhos de Charles Darwin e T.H. Huxley, que reclamaram o estudo do Homem como tarefa da História Natural, em detrimento da explicação teológica até então comum e doutrinária. A origem intelectualmente mais remota destes estudos é procurada, por vezes, nos trabalhos de Aristóteles.
Graças ao advento das técnicas estatísticas, introduzidas por Quetelet, Galton e Pearson, em finais do século XIX e inícios do século XX, a abordagem biométrica sofisticou-se. Um problema categórico tem sido a separação das características anatómicas variantes dentro das espécies, da esperada entre as espécies. Já o uso da anatomia funcional e da fisiologia ambiental, com o acréscimo da comparação entre os dados fósseis e os resultados produzidos a partir do trabalho de campo com os primatas, tem permitido suscitar interrogações como “Porque são bípedes os humanos?” ou “Porquê humanos?”, que em certa medida foram respondidas.
References:
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