O que é o Clostridium tetani
O Clostridium tetani é o agente causador do tétano, que na sua forma clássica, é consequência de um ferimento na pele provocada por um objeto enferrujado, mas que pode se seguir a um trauma da pele causado por qualquer objeto contaminado com esporos desta bactéria.
Integrados no Filo dos Firmicutes do Reino Monera, estes microrganismos do Género Clostridium pertencem à Família Clostridiaceae, da Ordem Clostridiales, da Classe Clostridia. São organismos anaeróbios e flagelados, reagem positivamenente à coloração de Gram.
Os esporos de Clostridium tetani são comumente encontrados no solo e nas fezes de animais, estes esporos contaminam a ferida e podem germinar, desde que haja um ambiente anaeróbio localizado, tal como um tecido necrótico. A partir desde ponto, reunidas as condições para a proliferação desta bactéria, o Clostridium tetani liberta exotoxinas. As toxinas produzidas por este Clostridium são denominadas tetanospasmina. Esta toxina provoca uma contração sustentada dos músculos esqueléticos, designada por tetania.
O tétano ocorre quando a toxina tetânica é absorvida na junção neuromuscular, placa terminal, e é transportada para o sistema nervoso central. Existem toxinas que agem nos interneurónios inibidores da célula de Renshaw, impedindo a libertação de ácido a-aminoburítico e de glicina, que são os neurotransmissores inibidores. Esta inibição dos interneurónios inibidores permite que os neurónios motores enviem uma alta frequência de impulsos às células musculares, o que resulta numa contração tetânica sustentada.
Clinicamente, o doente com tétano apresenta-se com graves espasmos musculares, especialmente nos músculos da mandíbula. Esta condição é designada trismo. O paciente exibe ainda uma expressão sorridente, chamada riso sardónico, provocada pelo espasmo dos músculos faciais. Uma vez atingido este estádio, a doença apresenta elevado índice de mortalidade.
Devido a esta elevada mortalidade associada ao tétano, a imunização profilática com toxina inativada com formalina é administrada de dez em dez anos. Esta dose de reforço serve para regenerar os anticorpos circulantes no corpo contra a toxina do tétano. Estes anticorpos são gerados através de imunizações realizadas na infância. Esta vacinação protege contra o tétano e também contra a difteria. Tal proteção só dura dez anos.
Podem existir vários casos clínicos de pacientes com ferimentos na pele:
- Pacientes imunizados na infância e que recebem reforços periódicos, mas cujo último reforço foi administrado há mais de dez anos. Esses pacientes recebem uma outra dose de reforço;
- Pacientes que nunca foram imunizados. Nestes casos para além do reforço, vão necessitar de anticorpos pré formados para a toxina do tétano chamados imunoglobulinas tetânicas humanas;
- Pacientes que já estão infetados com tétano. É fundamental nestes casos depurar a toxina e a contaminação bacteriana.