A teoria ator rede teve origem na década de 1980, sendo especificamente um movimento no seio da sociologia da ciência, centrado em Paris, na escola de Mines. As figuras centrais por detrás do impulso desta corrente foram Bruno Latour, Michel Callon, Antoine Hennion, e John Law, e as ideias propulsionadas tinham como horizonte a construção de um edifício crítico relativamente às análises históricas e sociológicas iniciais da ciência, caracterizadas pela fronteira imposta entre as práticas científicas “internas”, isto é, o seu método, e o campo “exterior”, isto é, de aplicação.
Os teóricos da teoria ator rede avançaram com três propostas-chave: em primeiro lugar, defenderam uma leitura semiótica e em rede da prática científica, uma vez que se assumiu que os atores humanos e não-humanos são sujeitos às mesmas categorias analíticas; em segundo lugar, argumentaram que na produção de teorias, os cientistas interligam atores humanos e não-humanos em pontos nodais relativamente estáveis da mesma rede; em terceiro lugar, é sustentado que no desenrolar do processo de construção destas redes estáveis, os cientistas produzem divisões contingentes entre a natureza e a sociedade.
Conjuntamente, estas três ideias tornaram-se na unidade central analítica para se procurar o ponto intermédio, uma vez que não há uma sociedade reificada ao qual os cientistas respondem com teorias construídas, nem existe uma natureza coisificada que os limite a uma única história. Ao invés, o cientista permanece entre a natureza e a sociedade, a política e a tecnologia, atuando como porta-voz dos objetos estudados.
A teoria deu azo a um número crescente de conceitos que se revelaram úteis num amplo raio de análises tecnocientíficas, e persiste altamente influente enquanto ferramenta metodológica no exame da construção social da verdade.
References:
Latour, B. (1987) Science in Action: How to Follow Scientists and Engineers Through Society. Open University Press, Milton Keynes.