Sociologia Figuracional é um termo usado na investigação sociológica que deriva do trabalho do sociólogo Norbert Elias (1897-1990), especialmente da sua teoria sobre o processo civilizacional, e da análise sociológica posterior que nos seus estudos aplicou o termo figuracional.
Norbert Elias começou a usar o termo figuracional na década de 60, para não ceder à tentativa de utilizar a noção de sistema, dada a sua conotação teleológica, consensual e funcionalista (nomeadamente na sociologia de Talcott Parsons). Inicialmente, o termo escrito foi configuracional, sendo o prefixo eliminado porque implicava uma figuração ou padronização com algo.
No início da sua carreira, particularmente em Frankfurt (1930-1933), Elias entrou em contacto com os pioneiros da escola psicológica Gestalt (como Max Wetheimer), e possivelmente com os termos figuração, campo e matriz. O elemento chave que estes conceitos possuíam para Elias, era a sua associação com a tentativa de se abandonar o pressuposto do homo clausus, isto é, o recurso teórico do sociólogo que pensa e age independentemente de viver em sociedade, como se o individual e o social não estivessem intimamente relacionados.
Isto porque Elias sempre se considerou acima de tudo um sociólogo e não um teórico social, e porque tinha pouca estima pela contribuição da reflexão filosófica para a sociedade humana, se estivesse divorciada da investigação empírica sobre a interdependência social humana. No decorrer da sua carreira, Elias argumentou que toda a tradição epistemológica moderna do Ocidente, de Descartes a Kant, até à fenomenologia do século XX, foi mal concebida: baseou-se na questão sobre a possibilidade da mente conhecer verdadeiramente o que conhece.
Esta questão seria a atividade do homo clausus, que correspondeu a um modo de experiência própria em emergência no Renascimento, e que não constituía um universal humano, mas sim um produto social. O desenvolvimento deste ideal humano culturalmente específico entre as classes altas seculares na Europa Ocidental, foi o tópico principal da obra principal de Elias, O Processo Civilizacional.
Eis as principais linhas mestras da sociologia figuracional:
- A sociologia estuda as pessoas de modo plural, e esses seres humanos são interdependentes numa variedade de modos, e as suas vidas são moldadas pelas figurações sociais que formam em conjunto;
- Estas figurações são fluídas, e por vezes efémeras, por vezes duradouras;
- Estas figurações são, a longo termo, imprevistas e não planeadas;
- O desenvolvimento do conhecimento humano tem lugar entre figurações humanas, e é um aspeto importante do seu progresso geral.
Na prática, a que se assemelha este estilo de sociologia? Um dos seus objetivos é desvendar a estrutura dos processos contidos no processo do desenvolvimento civilizacional. Assim, a sociologia figuracional tem usualmente um componente histórico, embora a cronologia varie entre séculos ou poucos anos.
References:
Elias, Norbert (2000). The Civilizing Process: Sociogenetic and
Psychogenetic Investigations, Oxford, UK, Blackwell.