Preconceito

O preconceito expressa-se na forma de um julgamento sobre uma pessoa ou ideia, sem que para tal preceda o conhecimento da pessoa ou ideia.

O preconceito expressa-se na forma de um julgamento sobre uma pessoa ou ideia, sem que para tal preceda o conhecimento da pessoa ou ideia. O preconceito atinge muitas vezes uma dimensão negativa, como no caso da ideologia racista ou sexista, ou positiva, como no caso da referência a uma receita étnica, e assim, acaba por danificar ou auxiliar uma pessoa julgada. Alguns escritores, ao definirem o preconceito, acentuaram uma componente incorreta e irracional; outros sublinharam que é incorreto tal pressuposto, uma vez que o preconceito encontra-se enraizado num interesse deveras racional. Frequentemente, o termo preconceito é sinónimo de termos como discriminação e racismo.

Alguns cientistas sociais evidenciaram um profundo interesse pelo preconceito no período que medeia entre o início e meados do século XX, quando o sentimento de hostilidade contra os imigrantes se encontrava radicalmente acentuado, eclodindo não raras vezes o confronto violento. Preocupações posteriores relativamente ao fascismo e o Holocausto, alimentaram o interesse nas expressões do preconceito. O psicólogo Gordon Allport, no trabalho seminal The Nature of Prejudice (1954), descreveu o prejuízo como o resultado de um processo psicológico normal de categorização das pessoas dentro e fora de grupos. Se estiverem enquadradas no grupo, são consideradas desejáveis porque possuem atributos positivos, mas se não estiverem inseridas no grupo, possuem atributos negativos, acabando por serem repudiadas e consideradas alvos apropriados para a manifestação de gestos violentos. Allporte reparou no papel do estereótipo no preconceito, e discutiu a aquisição de preconceitos, as suas dinâmicas, o tipo de personalidade propensa ao pensamento preconceituoso, e os modos possíveis de mitigação deste fenómeno, como a legislação, a educação, e em última análise, a terapia.

Outros trabalhos investigaram e aprofundaram a ideia das personalidades propensas ao preconceito, comummente conhecida como uma personalidade autoritária, quer dizer, alguém caracterizado por um pensamento rígido, que aceita os estereótipos, se sente desconfortável com a ambiguidade, e que é altamente condicionado por crenças fundamentalistas. Insatisfeitos com esta ligação, que foi convertida em associação ideológica, dado que os trabalhos associaram este tipo de personalidade às crenças típicas da ala política de direita, alguns investigadores tentaram demonstrar que também na ala política de esquerda se encontram tais padrões de pensamento rígidos.

 

Objetos de Preconceito

Desde a emancipação da mulher entre outros movimentos em torno dos direitos civis que alcançaram o reconhecimento social, particularmente na década de 60, os níveis de preconceito racial e sexual diminuíram em comparação ao que era a manifestação destes traços consoante a “tradição”. Alguns teóricos sublinham que tal evidência assinala que a sociedade é cada vez menos preconceituosa. Outros argumentam que os comportamentos e vocabulários ostensivos do racismo e sexismo foram simplesmente movidos para camadas mais ocultas, tal se devendo à pressão social do politicamente correto e acabando por assumir novas formas na superfície. Em termos de racismo, esta nova forma é por vezes descrita como o preconceito aversivo, no qual as pessoas demonstram medo ou desconforto quando contactam com membros de outros grupos, procurando por isso evitarem esse mesmo encontro. Outra teoria respetiva a novos modos de racismo prende-se com o “racismo daltónico”; os proponentes desta ideia defendem que o racismo é um marco do passado, pelo que a sociedade no presente não deve estar alerta. Os defensores desta teoria, insistem que os indivíduos que desejam ter sucesso podem alcança-lo graças aos seus próprios méritos, e que aceitar o conceito de raça como impedimento é ser racista.

No entanto, estas são algumas propostas num campo de estudo muito mais complexo, mas que evidentemente contrastam com formas de racismo mais obsoletas, cuja génese residiu nos pressupostos em torno da inferioridade e superioridade racial. As novas expressões sustentam-se na crença e retórica centrada na inferioridade cultural de grupos que não sejam constituídos por brancos. Defensores desta nova versão do preconceito moderno, mantêm que estes grupos são os culpados pela própria situação infeliz que vivem: a pobreza e o azar são referidos como patologias, e o resultado natural da incapacidade dos grupos aceitaram e se adaptarem aos valores dominantes.

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References:

Stangor, C. (2000) Stereotypes and Prejudice: Essential Readings. Psychology Press of Taylor & Francis, Philadelphia, PA.

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