Pós-Modernidade

Em que linhas de pensamento consiste a crítica sociológica pós-moderna? No corpo deste texto encontram-se os básicos do seu conteúdo.

É de rigor, iniciar esta discussão sobre a pós-modernidade enfatizando três dimensões, que apesar de interligadas, devem ser diferenciadas para finalidade deste artigo. Em primeiro lugar, a pós-modernidade é uma época social e política que se sucedeu à era moderna; em segundo lugar, o pós-modernismo engloba uma transformação na esfera cultural (artes, filmes, arquitetura) relativamente aos desígnios da era moderna; em terceiro lugar, a “teoria” social pós-moderna é uma “teoria” social distinta dos grandes projetos epistemológicos que fundaram a era moderna (Francis Bacon, Descartes ou Friedrich Hegel). O cerne do artigo é clarificar o terceiro tópico.

O essencial do conteúdo deste “movimento” resume-se notavelmente com o recurso à antítese: paradigma anti-paradigmático, porque os seus múltiplos teorizadores colocaram em suspenso a possibilidade de uma teoria holística que acomodasse no seu seio a complexidade social, pois a realidade é cognoscível e moldada a partir da subjectividade de determinado indivíduo (princípio da incerteza de Heisenberg na sua variante sociocultural).

Contraponto pleno dos valores disseminados pelo Iluminismo europeu, como o racionalismo – que serviu de artifício retórico para as potências ocidentais justificarem o colonialismo -, esta “escola” culminou com a corrosão da modernidade, isto é, no modo como o pensamento ocidental até aí fora concebido. Já no século XX, acontecimentos como Auschwitz ou o Gulag, foram a pedra de toque. Por conseguinte, na nova ordem pós-moderna, Conhecimento, Verdade e Realidade, foram relativizados ad absurdum; ou seja, na “teoria” social pós-moderna, não existe uma grande narrativa final, como a totalidade na concepção de história de Hegel, pois todos os pontos de vista são igualmente válidos e verdadeiros.

Mas se esta vaga assumiu contornos de radicalismo (basta mencionar o projecto de desconstrução de Derrida), houve também margem para discursos mais moderados, que defendiam uma continuidade entre a modernidade e a pós-modernidade, ou que estas duas fases eram comutáveis num mesmo período histórico (Jean Lyotard).

Como diria Foucault, o conhecimento espelha a manifestação do poder, mas certas fontes são mais facilmente identificáveis. Consequentemente, a crítica pós-moderna infiltrou-se com mais agressividade nas disciplinas eminentemente textuais (sociologia, crítica literária ou antropologia etc.), dado que o seu output académico nasce inelutavelmente de um confronto hermenêutico com o que se lê e o que se ouve. Sintetizando uma longa história, refira-se a tensão entre as bases da teoria sociológica clássica e a (falta de bases) crítica pós-moderna, ilustrando o confronto desta última com cinco pilares da primeira: cientismo, fundacionalismo, totalidade, essencialismo, insularidade.

Para a crítica pós-moderna estes termos são eufemismos para a dominação do ocidente, que não quer aceitar que o seu discurso é um entre tantos. No entanto, neste cenário de relativismo total, os pós-modernistas, na sua febre de demolirem todos os pressupostos, ignoraram a aporia inerente às suas narrativas: afirmar que tudo é relativo é conceber um universal.

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References:

Ritzer, George (1997), Postmodern Social Theorys.l., The McGraw-Hill Companies, Inc.

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