Em oposição à história da linguística, a linguística histórica baseia-se no estudo, reconstrução, explicação teórica e modelação das mudanças nas linguagens ao longo do tempo. Adicionalmente, esta disciplina é o contraponto da antropologia cultural, da história cultural ou social, e ainda da biologia evolucionária.
No século XIX, a linguística era predominantemente histórica: traduzia-se no estudo da evolução e mudança, e não da estrutura. Após a dicotomia radical iniciada por Ferdinand Saussure entre estudos linguísticos diacrónicos e sincrónicos, surgiu um enorme interesse pela disciplina, durando até à década de 60. O período aqui balizado caracteriza-se pelo estudo sincrónico (estrutural) da língua nos países de expressão inglesa, e noutros pontos da Europa, por uma minoria de académicos envolvidos na linguística histórica.
Consoante os interesses abandonaram a preocupação primária com o processamento de dados para se debateram com profundos dilemas teóricos, a linguística histórica gradualmente integrou-se na linguística geral como uma subdisciplina. Cada paradigma sucessor ou competidor desenvolveu uma síntese, fortemente apoiada por dados históricos, e à qual seriam aplicadas técnicas de descrição sincrónica.
A linguística histórica apoia-se em quatro linhas principais de investigação:
Factual
Esta área cobre três actividades tradicionais: primeiro, a reconstrução de estágios linguísticos por intermédio da comparação de formas derivadas em diferentes línguas; segundo, a construção crónica da história da linguagem ou famílias linguísticas; terceiro, a etimologia ou a construção fonológica e semântica da histórica de grupos ou palavras particulares. Estas actividades fundadores da disciplina são ainda praticadas, e por vezes aplicadas a famílias linguísticas exóticas ou sem sistema de escrita, ou à micro-história de aspectos inexplorados de linguagens familiares.
Interpretação Teorética
É a reinterpretação das histórias conhecidas das linguagens em termos dos correntes paradigmas de pesquisa, e o uso de dados históricos na tarefa de se formular pontos gerais e validar modelos particulares.
Sociolinguística
Os métodos quantitativos contemporâneos no estudo de variações linguísticas em comunidades de falantes, nomeadamente a covariação das variáveis linguísticas e sociais, conduziram à aparente observação de mudanças em progresso.
Linguística Socio-histórica
A sociolinguística foi projectada na história para formar uma nova subdisciplina, a linguística socio-histórica, que se exprime como uma enorme síntese destas duas abordagens, e que é talvez o mais importante desenvolvimento contemporâneo na linguística histórica.
References:
Antilla, R. (1972) An Introduction to Historical and Comparative Linguistics, New York.
Bynon, T. (1977) Historical Linguistics, Cambridge, UK.
Pedersen, H. (1962) The Discovery of Language, tr. J.W.Spargo, Bloomington, IN.