Teoria do Self Cognitivo-Experiencial

Conceito de Teoria do Self Cognitivo-Experiencial.

Conceito de Teoria do Self  Cognitivo-Experiencial

A Teoria do Self Cognitivo-Experiencial afigura-se como uma teoria da personalidade, proposta por Epstein, que postula que o ser humano processa informação através de dois sistemas independentes, embora interactivos, sendo estes o sistema experiencial e o sistema racional. Os sistemas experiencial e racional caracterizam-se por modos de funcionamento discrepantes, sendo o primeiro conceptualizado como emocional, de aprendizagem pela experiência, pautado pelo automatismo e o segundo enquanto sistema deliberado, lógico e analítico.

O sistema experiencial opera segundo bases cognitivo-emocionais automatizadas, isto é, segundo esquemas ou crenças associadas a emoções, aprendidas no âmbito de anteriores experiências do indivíduo. Estas crenças permitem ao indivíduo avaliar o grau em que cada uma das necessidades psicológicas se encontra satisfeita, sendo estas a necessidade de auto-estima, a proximidade, o prazer (versus minimização da dor) e a coerência (orientação e controlo), vinculadas a crenças sobre o Self e o mundo, organizadoras da personalidade.

Deste modo, a necessidade de maximização do prazer e minimização da dor encontra-se associada à crença ou grau em que o mundo é percebido como agradável e fonte de prazer ou, por outro lado, como desagradável e hostil, relacionando-se com expectativas positivas ou negativas face ao futuro; a necessidade de orientação, controlo e coerência encontra-se relacionada com a crença ou grau em que o mundo é percebido como controlável, previsível e com significado; a necessidade de proximidade encontra-se associada ao grau em que o indivíduo percebe os outros como confiáveis e apoiantes; e a auto-estima associada à crença ou grau em que o Self é considerado digno de auto-valorização.

A satisfação ou insatisfação das necessidades contribui assim para a experiência de afectos agradáveis (e.g. satisfação) ou desagradáveis (e.g. frustração), os quais influenciam a construção das crenças associadas. Por sua vez, a satisfação e equilíbrio das necessidades afigura-se essencial, na medida em que o seu inverso (insatisfação e desequilíbrio) potencia gradualmente a desorganização da personalidade e por acréscimo o desenvolvimento de perturbação ou disfuncionalidade.

Para a disfuncionalidade contribuem também potenciais conflitos entre os sistemas de processamento experiencial e racional, isto é, pela ocorrência de incoerências no modo de conceber e responder à realidade, não obstante esta incoerência revelar-se útil, se for enquadrada e organizada adaptativamente pelo indivíduo. Um exemplo consiste no contraste entre uma resposta automática, reactiva a um comportamento (percebido como desagradável) de outro individuo, e uma resposta deliberada que permita ao indivíduo desagradado responder em prol das suas necessidades ao mesmo tempo em que não apresenta um comportamento não adaptativo socialmente (não reactivo).

De um modo geral, o sistema racional e deliberado providencia ao indivíduo nesta situação um maior auto-controlo e capacidade de resposta adaptativa, no entanto existem situações em que o predomínio do sistema experiencial se revela importante, como sejam os comportamentos tornados hábitos, exigindo o mínimo de recursos cognitivos para serem concretizados.

É também através da influência do sistema experiencial que se tornam possíveis respostas de empatia, estabelecimento de relacionamentos interpessoais, a criatividade ou o humor, já que as representações deste sistema se apresentam fortemente associadas às emoções. Com efeito, ambos os sistemas se afiguram importantes para a adaptação e desenvolvimento funcional da personalidade do indivíduo, verificando-se que é pela interacção e equilíbrio destes sistemas que o individuo funciona de forma adaptada.

Palavras-chave: Self; personalidade; necessidades psicológicas

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References:

Epstein, S. (2003). Cognitive-experiential self-theory of personality. In T. Millon & M. J. Lerner (Eds.), Comprehensive Handbook of Psychology: Personality and Social Psychology, (pp. 159-184). Hoboken, NJ: Wiley & Sons.

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