Conceito de Ruminação
A ruminação consiste num padrão de pensamentos persistentes, relativo a acontecimentos passados ou dificuldades. Estes conteúdos são experienciados como pensamentos usualmente negativos, associados a significados críticos de si, das experiências pessoais, dos outros ou do mundo, despoletando emoções como a culpa, a vergonha ou a raiva.
O círculo vicioso da ruminação
De um modo geral, a ruminação constitui uma estratégia disfuncional aprendida para lidar com problemas, já que não permite a sua efetiva resolução. Contrariamente ao pensamento reflexivo e dirigido para a resolução de problemas, a ruminação não permite a ponderação de soluções ou estratégias adaptativas de confronto, focando-se nas causas e consequências dos acontecimentos de uma forma negativa e bloqueadora da ação. Neste sentido, a ruminação tende a gerar círculos viciosos de pensamentos negativos, que alimentam emoções avassaladoras, que por sua vez geram comportamentos não adaptativos, mantendo o problema em questão e a ruminação associada.
Deste modo, o pensamento ruminativo tende a dirigir o seu foco para a crítica da situação-problema (e.g. “Porque estas coisas me acontecem?”), ao invés da reflexão e posterior procura de resolução, podendo ser considerada um evitamento da resolução do problema ou uma estratégia inadequada para a sua resolução.
A ruminação nas perturbações psicológicas
Não obstante ser natural a presença de ruminação, esta pode tornar-se disruptiva do funcionamento da pessoa quando frequente e generalizada. Frequentemente é associada ao desenvolvimento e manutenção de perturbações depressivas, nas quais se verifica a presença de pensamentos negativos e a experiência de emoções ditas secundárias, como a vergonha ou a raiva reativa. Segundo a perspectiva de alguns teóricos (e.g. Greenberg), nesta situação, apesar das emoções serem avassaladoras, parecem resultar de experiências emocionais primárias não processadas (e.g. tristeza face a uma perda), que acabam por gerar respostas secundárias desproporcionais/avassaladoras ou disfuncionais (e.g. experiência de raiva destrutiva ao invés da elaboração da tristeza).
A experiência e regulação emocional, bem como a resolução de problemas afiguram-se assim importantes estratégias no confronto com problemas ou dificuldades, não só promovendo experiências mais adaptativas, como prevenindo padrões disfuncionais.
Palavras-chave: Ruminação; resolução de problemas; emoção secundária; regulação emocional; perturbações depressivas
References:
- Beck, A., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1979). Cognitive Therapy of Depression. New York: The Guilford Press.
- Elliot, R., Watson, J., Goldman, R., & Greenberg, L. (2004). Learning Emotion-Focused Therapy. The process-experiential approach to change. Washington DC: American Psychological Association.