Organização familiar

Organização familiar diz respeito ao grupo de indivíduos que fazem parte da mesma instituição unida por laços afetivos.

Organização familiar

Organização familiar diz respeito ao grupo de indivíduos que fazem parte da mesma instituição unida por laços afetivos. Esta exerce, largamente, influencia, ao nível do desenvolvimento vital de todos os seus membros.

Alguns estudos entendem a organização familiar como a constituição de vários membros, num grupo, que estão em constante interação entre si (Pratta, & Santos, 2007).

Em países como, por exemplo, no Brasil, é comum que os membros da família mantenham esta organização próxima, ao permanecer por perto, mesmo quando já não coabitam todos na mesma casa, ou seja, famílias provenientes do mesmo casal (irmãos e irmãs) escolhem morar na mesma zona, juntamente com parentes mais distantes, ou compadres que não têm qualquer relação biológica familiar (Mello, 1992).

Devido a esta interação continua, os membros da família são altamente influenciados pela forma como ela se organiza, o que se traduz na sua personalidade, no seu comportamento tanto ao nível grupal como ao nível individual, tendo em conta a educação que vigora na organização (Pratta, & Santos, 2007).

Segundo os estudos realizados por Mello (1992) é comum que a organização familiar, em alguns casos, permaneça numa situação de dependência afetiva, a qual, se torna uma questão de saúde para a união de todos os membros. No entanto, nem sempre se trata de uma questão de dependência afetiva, já que, em muitos casos, a união entre todos os membros, é devida a questões de sobrevivência, principalmente em famílias com nível sócio económico (NSE) baixo, nas quais, a coabitação entre todos é crucial para responder às necessidades familiares (Mello, 1992).

De acordo com Pratta e Santos (2007) a organização familiar é a influência mais significativa no que concerne ao desenvolvimento das suas crianças e dos seus adolescentes, pelo que é através da mesma que se estabelecem direitos e deveres, limites, princípios e valores, entre os mais novos e os mais velhos.

É com base na organização familiar que a criança e o adolescente constroem as suas competências sociais que os permitem viver de acordo com os princípios de cidadania, em sociedade, na adultícia (Pratta, & Santos, 2007).

“…a instituição familiar é muitas vezes designada como o primeiro grupo social do qual o indivíduo faz parte” (Tallón, Ferro, Gomes, & Parra, 1999, cit in Pratta, & Santos, 2007, p. 248).

Tendo em conta a grande influência que a sociedade e a cultura fazem em relação à organização familiar, podemos dizer que as famílias diferem entre si, tendo em conta variáveis como o padrão cultural, o ambiente, os aspetos sociais, o diferente NSE, a política, a religião, entre outras (Pratta, & Santos, 2007).

Contudo, os mesmos estudos ressalvam que, nos últimos anos, a organização familiar sofreu vários ajustes, o que alterou, significativamente, o desempenho dos papéis dos seus vários membros (Pratta, & Santos, 2007).

Se no início do século xx a família era encarada da forma tradicional constituída por marido, esposa e filhos, cada um com o seu papel específico (o homem garantia o sustento da casa, a mulher tratava das tarefas domésticas e os filhos ficavam aos cuidados da mãe), na segunda metade do século xx, houve grandes alterações com a revolução industrial e a emancipação da mulher, ou seja, a sua entrada no mercado de trabalho (Pratta, & Santos, 2007). Nesta altura a mulher começou a tornar-se independente do marido, chegou mesmo a aumentar o número de separações e divórcios e as famílias começaram a ser menos numerosas, embora também se tenha assistido ao diminuir da mortalidade infantil, muito comum anteriormente, devido à ausência de cuidados médicos adequados (Pratta, & Santos, 2007).

No entanto, os estudos de Mello (1992) ressalvam a realidade de algumas organizações familiares, entre as quais, ainda se encontra a tradicional responsabilidade do marido pelo sustento da família e da esposa pelos afazeres da casa, no entanto, em situações cuja organização familiar se encontra totalmente disfuncional devido ao NSE abaixo do limiar da pobreza. Nestas situações, a única ligação da família ao mercado de trabalho é mesmo o marido, pelo que os recursos se tornam mais escassos (Mello, 1992).

Conclusão

A organização familiar diz respeito à interação entre todos os seus membros e à forma como os princípios, valores, cultura, ambiente, etc, influenciam o desenvolvimento de cada um, quer individual quer coletivamente.

Nesse sentido, verificam-se alterações na constituição da mesma desde a segunda metade do século xx, pelo que, a antiga e tradicional constituição dos membros por marido, esposa e filhos, veio sendo remodelada dando lugar  a novas realidades, como por exemplo, os divórcios.

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References:

  • Mello, Sylvia Leser de. (1992). Classes populares, família e preconceito. Psicologia USP, 31(1-2), 123-130. Recuperado em 30 de novembro de 2016 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771992000100012;
  • Pratta, Elisângela Maria Machado, & Santos, Manoel Antonio dos. (2007). FAMÍLIA E ADOLESCÊNCIA: A INFLUÊNCIA DO CONTEXTO FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DE SEUS MEMBROS. Psicologia em Estudo, Maringá, v.12, n.2, p.247-276, maio/ago. 2007.
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