Modelos de Comunicação

Apresentação de diversos de Modelos de Comunicação. A evolução dos diversos Modelos de Comunicação. Modelos de Comunicação; Modelo de Shannon e Weaver; Modelo de DeFleur; Modelo de Osgood e Schramm; Modelo de Dance; Modelo de Lasswell; Modelo de Newcomb; Modelo de Westley e MacLean; Modelo de Ghiglione; Modelo de Roman Jakobson; Modelo de Barnlund; Modelo de Thayer.

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Apresentação dos Modelos de Comunicação

Os processos de comunicação suscitaram o interesse de várias ciências tais como a Filosofia, a História, a Geografia, a Psicologia, a Sociologia, a Etnologia, a Economia, as Ciências Politicas, a Biologia e muitas outras. No entanto, ao longo da sua construção, os processos de comunicação têm estado continuamente à procura de legitimidade científica (Mattelart, 1999).

A comunicação é um processo que envolve a troca de informações, e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim.

Comunicar vem do latim communicare: estabelecer ligação; unir; ligar.

Desde os tempos mais remotos, o homem sentiu necessidade de comunicar com seu semelhante através de códigos, desenhos e gestos, mais tarde organizados em retratos dos seus hábitos, cultura e mais tarde em linguagem.

 

Modelo de Shannon e Weaver

Dentro dos modelos de comunicação mais influentes nas últimas décadas, destaca-se o modelo criado em 1949 por C. E. Shannon e W. Weaver, que concebe a comunicação como uma transmissão de sinais (Sampaio, 2001, Peixoto, 2010; Pereira, 2012).

Segundo Inês Sampaio (2001), este é um modelo de comunicação que se apresenta como um simples processo linear, mas de extrema eficiência na detecção e resolução de problemas técnicos da comunicação. É também designado por Teoria da Informação.

Conceitos como os de emissor, destinatário, código, sinal, informação, codificação e descodificação, utilizados de modo recorrente nas discussões sobre comunicação, são derivados desse modelo (Peixoto, 2010; Pereira, 2012).

Contudo, Shannon e Weaver reivindicam que o seu modelo não se limita aos problemas técnicos da comunicação, mas também se aplica aos problemas semânticos e aos problemas pragmáticos da comunicação. Efectivamente, distinguem três níveis no processo comunicativo: o nível técnico (nível A), relativo ao rigor da transmissão dos sinais; o nível semântico (nível B), relativo à precisão com que os signos transmitidos convêm ao significado desejado; e o nível da eficácia (nível C), relativo à eficácia com que o significado da mensagem afecta da maneira desejada a conduta do destinatário (Sampaio, 2001).

Os três níveis não são herméticos, mas inter-relacionados e interdependentes e embora o modelo tenha tido origem no nível A, funciona igualmente para os três níveis. O interesse em estudar a comunicação a cada um destes níveis reside em compreender como podemos melhorar a precisão e a eficácias do processo (Sampaio, 2001).

É um modelo visto como um processo de transporte da informação de um ponto A (o emissor) para um ponto B (o receptor). A informação, uma vez codificada em sinais pelo emissor é transmitida através de um canal para o receptor que procede à sua codificação. De uma outra forma considera-se que existe uma fonte de informação que é vista como detentor do poder de decisão, ou seja, decide qual a mensagem a seleccionar de um conjunto de mensagens possíveis. A mensagem é depois transformada pelo transmissor/emissor, num sinal que é enviado ao receptor, através do canal. O receptor pode instantaneamente se tornar emissor (Sampaio, 2001).

Além das designações já apresentadas este modelo é designado também por Teoria Matemática da Comunicação pelo seu fundamento físico-matemático, que utiliza recursos conceptuais como probabilidade e entropia, relacionados a redundância e novidade, para mensurar a quantidade de informação transmitida no sistema.

A redundância é aquilo que, numa mensagem, é previsível ou convencional. Shannon e Weaver mostraram como a redundância facilita a exactidão da descodificação e fornece um teste que permite identificar erros (Fiske, 2004).

O ruído é algo que é acrescentado ao sinal, entre a sua transmissão e a sua recepção, e que não é pretendido pela fonte. Shannon e Weaver distinguem entre ruído semântico (nível B) e ruído de engenharia (nível A), e sugerem que poderá ser necessário inserir um elemento denominados por “receptor semântico”, entre o receptor da engenharia e o destino. O ruído semântico define-se como uma qualquer distorção de significado que ocorre no processo de comunicação e que não é pretendido pela fonte, mas que afecta a recepção da mensagem no seu destino (Fiske, 2004).

 

Modelo de DeFleur

Em 1970, DeFleur “trabalhou” o modelo de Shannon e Weaver numa discussão acerca da correspondência entre o significado do produto e a mensagem recebida. Notou que o processo de comunicação, significado é transformado em mensagem e descreve como o transmissor transforma a mensagem em informação passando esta pelo canal (o que acontece nos mass média) (McQuail e Windahl, 1993; Pereira, 2012).

O receptor descodifica a informação como mensagem que em seu torno se transforma no destino em significado. Se houver correspondência entre os dois significados o resultado é a comunicação (McQuail e Windahl, 1993).

DeFleur acrescenta outra série de componentes no modelo original de Shannon e Weaver para mostrar como a fonte recebe o seu feedback e dá à fonte a possibilidade de uma adaptação mais eficaz na forma de comunicar. Isto aumenta a possibilidade de adquirir correspondência dos significados. O modelo deste autor acrescenta o feedback não presente no modelo de Shannon e Weaver e no que se refere aos mass média este feedback é recebido duma maneira limitada ou indirecta através da audiência (McQuail e Windahl, 1993, Marchese, 2008; Vitorino, 2011).

 

Modelo de Osgood e Schramm

Este modelo surge em 1954, por Osgood e Schramm e se o modelo de Shannon e Weaver é descrito como linear este é um modelo extremamente circular (Marchese, 2008). Outra diferença refere-se às áreas de interesse em que estas, no modelo linear são direccionadas para os canais de mediação entre os emissores e os receptores e no modelo circular são direccionadas para o comportamento dos actores no processo de comunicação (McQuail e Windahl, 1993; Marchese, 2008)).

Apesar destas diferenças este modelo apresenta também semelhanças com o modelo linear em que o processo de codificação corresponde ao papel do emissor e o processo de descodificação ao do receptor (McQuail e Windahl, 1993).

Schramm admite que é errado pensar que o processo de comunicação começa e termina em “algum lado”, porque na verdade ela é interminável. Acrescenta também que o Homem é uma central que tem de lidar com uma corrente interminável de informação. De uma entrevista realizada por Carol Wilder a Paul Watzlawick (citada em Mattelart, 1999, p.70) é importante verificar que Watzlawick considera que “não se pode deixar de comunicar”. Este autor considera que caso se esteja interessado na troca de informação num nível consciente e deliberado a intencionalidade é um ingrediente essencial na comunicação, mas no caso desta intencionalidade não estar presente a comunicação pode ocorrer na mesma. Mais tarde Schramm modificou o seu modelo de modo a adequa-lo à comunicação de massa.

 

Modelo de Dance

Este é um modelo da comunicação em forma de hélice que pressupõe que a comunicação de agora irá influenciar a estrutura e o conteúdo da comunicação que virá mais tarde, ou seja, esta forma descreve diferentes aspectos do processo de comunicação em constante mudança, tal como acontece com os processos sociais em que há mudança de elementos, relações e ambientes (McQuail e Windahl, 1993)

Este modelo tenta criticar o facto da maioria dos modelos anteriores serem demasiado estáticos, sendo que Dance sublinha a importância da dinâmica dos processos de comunicação.

A hélice tem diferentes formas em diferentes situações e para indivíduos diferentes, e o efeito de “homem comunicador” é um dos aspectos mais positivos em relação a outros modelos, pois neste modelo tem-se a noção que quando o homem comunica é activo, criativo e capaz de armazenar informação, coisa que noutros modelos não acontece porque o homem é um ser passivo.

 

Modelo de Lasswell

É um modelo especificamente de comunicação de massas que surge por volta de 1948. É conhecido também pelo modelo dos 5W (Who says what to througt which channel with what effect), em que Lasswell refere que para se compreender os processos de comunicação de massas é necessário de entender cada um dos estádios do seu modelo (Quem diz o quê a quem através de que canal e com que efeito) (Sfez, 1990). Ora, estas questões valem tanto no sentido emissor-receptor como no sentido do receptor visto como emissor para outros receptores. Lasswell afirma que as funções do emissor são essenciais no seu modelo.

Considerado por muitos como uma continuação do modelo linear de Shannon e Weaver, este levanta agora a questão do “efeito” em vez da “significação”. O efeito significaria uma mudança observável e mensurável no receptor causada por elementos identificáveis no processo e mudar um desses elementos significaria mudar o efeito (Sousa e Varão, 2001; Fiske, 2004).

 

Modelo de Newcomb

Em 1953, Newcomb sugere um modelo de comunicação com uma forma triangular e é uma extensão de um trabalho antigo do psicólogo Heider (1946, citado em McQuail e Windahl, 1993). Heider preocupava-se com os processos cognitivos internos que envolviam dois indivíduos e Newcomb desenvolveu a sua ideia, mas tendo em conta dois ou mais indivíduos. Este seria o pioneiro dos modelos a introduzir o papel da comunicação na sociedade ou numa relação social (McQuail e Windahl, 1993, Peixoto, 2010).

Dois sujeitos A e B teriam o papel de emissor e receptor e um terceiro elemento X faria parte do seu ambiente social (pode não ser uma coisa ou uma pessoa, poderá ser qualquer elemento do ambiente que A e B partilham), ou seja, ABX é um sistema em que as relações internas que se estabelecem são interdependentes pois se A se altera, B e X também vão ser alterados, o que equivale a dizer que se A mudar a sua relação com X, B terá de mudar a sua relação com X ou com A (Fiske, 2004; Peixoto, 2010).

Desta forma, quanto mais importante for o lugar que X no enquadramento social de A e B mais urgente será a sua motivação para partilharem um parecer a seu respeito.

Este modelo pressupõe que as pessoas precisam de informação, no entanto e embora esta seja um direito, nem sempre se tem a percepção dessa necessidade. Sem ela não existiria o sentimento de pertença a um grupo, a uma sociedade e se a informação que se recebe for a mais adequada e relativa ao nosso ambiente social, mais facilmente se saberá como reagir e como partilhar nesse ambiente (Fiske, 2004).

 

Modelo de Westley e MacLean

Este é uma adaptação (1957) do modelo de Newcomb aos mass média, com a introdução de um elemento C e o alargamento do modelo.

A mensagem que o elemento C transmite a B (receptor) representa a selecção de duas mensagens ao mesmo tempo, a que vem de A (emissor), das selecções C, das abstracções vindas dos objectos da orientação (de X1 a X -) e das abstracções de Xs no seus próprio campo sensorial para C (mensageiro) (Sfez, 1990).

O feedback é complexo, vai de B para A, passa de B a C, mas também de C para A, Em suma, a principal originalidade do modelo está na importância dada ao intermediário que questiona tanto o emissor como o receptor e procura determinar quais os símbolos que são partilhados por ambos. O facto de o intermediário servir como agente do destinatário constitui uma importante deslocação da problemática inicial que concedia um peso exclusivo ao emissor (Sfez, 1990).

 

Modelo de Ghiglione

Ghiglione e a sua equipa propõem um modelo psicolinguístico baseado em duas opções: de um lado, os signos, os sujeitos e uma sociedade apresentando um conjunto de regras sistémicas; do outro lado, uma actuação pelos sujeitos dos sistemas de signos na medida dos interesses num dado momento que instruem o carácter potencialmente discursivo da relação, cuja transformação em diálogo regular é mediatizada pela intervenção de um contrato de comunicação (Sfez, 1990).

Podem ser verificáveis três consequências: a definição de uma situação como potencialmente discursiva, porque ligada a interesses, desencadeia a noção de estratégia retórica; a intervenção de um contrato de comunicação pertinente aos interesses é a única coisa capaz de transformar a situação potencialmente discursiva em diálogo; o sucesso ou fracasso da palavra de influência inscrita num contrato de comunicação torna necessário que se apele aos modelos da mudança de atitude (Sfez, 1990).

Este autor calcula que as cognições dos sujeitos são estruturadas por certos objectos temáticos incluídos nos modelos gerais ou modelos argumentativos que definem as relações desses objectos com outros objectos, acções, qualificações, pelo jogo das categorizações verbais utilizadas.

O receptor da mensagem é um criador de mensagem pela sua adesão ao “contrato de comunicação”, pela sua compreensão individual, ou apropriação das regras e objectos prévios e pelo desvendar progressivo que opera na instauração de um diálogo regular. Pode sem cessar estancar ou desenvolver esse diálogo, tendo em conta os conhecimentos prévios que são os seus, pode mesmo travar e destravar, ligar e desligar (Sfez, 1990).

 

Modelo de Roman Jakobson

Este modelo tem semelhanças quer com os modelos lineares, quer com os triangulares e surge em 1960 quando R. Jakobson se interessa por questões como a significação e a estrutura interna da mensagem (Peixoto, 2010).

O seu modelo é duplo, pois começa por se referir a factores constitutivos de um acto comunicacional e depois refere as funções que esse acto de comunicação desempenha para cada factor (Fiske, 2004).

De acordo com Jakobson a existência de um código linguístico comum aos interlocutores garante o essencial da comunicação verbal. Asseguradas as condições técnicas que o conceito de contacto pretende restituir, quaisquer emissor e receptor pertencentes a uma «comunidade linguística» poderão, desde que o queiram, comunicar por intermédio de mensagens linguísticas (Peixoto, 2010).

O modelo referido, que, por incluir os protagonistas e alguns elementos do contexto ou situação da comunicação verbal, permite um avanço importante relativamente ao formalismo da linguística estrutural, não tem sido objecto de uma crítica sistemática (embora existam críticas).

emissor é então quem envia a mensagem, o receptor é quem recebe a mensagem, o contexto também é conhecido como referente e é o assunto sobre o qual se fala.

Aquilo que é dito sobre alguma coisa é a mensagem, o canal é o meio usado para transmissão das ideias, ou seja um contacto comunicativo entre as pessoas e por último o código é o sistema verbal usado na expressão do pensamento (uma língua qualquer).

Cada um destes factores determina uma função diferente da linguagem, e em cada acto de comunicação podemos encontrar uma hierarquia de funções (cada função ocupa no modelo o mesmo lugar que o factor a que se refere) (Fiske, 2004).

Função referencial ou informativa: Estes discursos são caracterizados pela objectividade, neutralidade e imparcialidade do emissor. Exemplo deste discurso são as notícias jornalísticas, as informações técnicas e científicas.

Função expressiva ou emotiva: Trata-se de discursos marcados pela adjectivação e interjeições e ocorre quando a mensagem enfatiza o emissor. Exemplo: “Não vou sair daqui! Não me perturbes!”.

Função persuasiva / apelativa: Trata-se de um tipo de discurso onde o emissor/locutor  procura influenciar, seduzir, convencer ou mandar no receptor provocando nele uma dada reacção. Dois exemplos deste tipo de discurso são a propaganda política e a publicidade (“Beba o sumo X” ou “Não use drogas!”).

Função Fática: Estes discursos têm por finalidade estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação ou verificar se o circuito funciona. Quando a ênfase é dada no contacto, no canal de comunicação, sem atribuir muita importância ao que é dito. Um exemplo, deste tipo de discurso: “Está? Está aí alguém? Então não dizem nada?…” ou “Hoje está quente, não?”.

Função  metalinguística: Este tipo de discursos tem por finalidade definir o sentido dos signos que podem ser compreendidos pelo receptor e a ênfase é no próprio código. A função denomina-se metalinguística porque se refere à metalinguagem, linguagem que serve para descrever a própria linguagem verbal.

Estas funções raramente surgem isoladas, em geral aparecem combinadas e é a sua predominância que caracteriza o tipo de discurso. Ainda de acordo com Jakobson, numa mensagem, muitas vezes ocorre mais de uma função, facto que ele denomina de “feixe de funções”.

Por último é importante referir que Jakobson definiu a sua teoria da estrutura da linguagem em contraste com a de Saussure, que ele considerava tão demasiadamente abstracta quanto demasiadamente estática.

 

Modelo de Barnlund

Este modelo é considerado transaccional, no entanto, é orientado definitivamente para o receptor. Barnlund refere que toda a mensagem está na mensagem, nas palavras não ditas por quem apela, mas também em toda a atmosfera em que essas palavras são ditas e escutadas, refere então que é isso e tudo isso é a comunicação. Ainda de acordo com este autor a comunicação não é uma reacção nem uma interacção mas sim uma transacção na qual o Homem inventa e atribui certas significações para realizar os seus projectos, ou seja, o sentido é mais inventado do que recebido (Corniani e col., 2010).

Barnlund insiste sobre as capacidades internas de interpretação e de controlo do Homem e diz que tudo depende da aptidão de cada um para interpretar o meio ambiente e situar-se em relação a ele (Fonseca, 2011).

Dois sujeitos, antes mesmo de terem falado, mostram-se atentos um ao outro e cada um começa por regular as mensagens que emite em função do que o outro pode interpretar e interpretará de seguida as seus próprios actos como se ele fosse o outro (Fonseca, 2011).

 

Modelo de Thayer

Thayer deseja evitar a sobrevalorização dada ao emissor, afirmando que a hipótese de um emissor de ter uma mensagem que quer intencionalmente transmitir não é necessária à comunicação. Pode existir um emissor, mas pode também haver informação sem intenção de um sujeito emissor pois a presença do emissor não é exigência fundamental da comunicação. Em contrapartida, o receptor é indispensável à comunicação, porque é preciso que alguém escute, veja, perceba e interprete (Sfez, 1990).

A compreensão do receptor vai muito além do puro conteúdo da mensagem do emissor. O receptor terá de ter em linha de conta a intenção do emissor ou da sua ausência de intenção, a situação, as suas próprias intenções, as consequências previsíveis da compreensão e muitos outros aspectos, motivo pelo qual Thayer afirma que o criador de toda a mensagem é o receptor” (Sfez, 1990).

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