Definição de Infância
A infância corresponde ao período do ciclo de vida que se inicia no nascimento do indivíduo e se prolonga até aos onze anos, sensivelmente.
Esta é habitualmente considerada em três momentos distintos, de acordo com determinados marcadores de desenvolvimento. A primeira destas etapas designa-se por primeira infância, momento que se prolonga até aos três anos de idade e durante o qual a criança frequenta a creche, quando se verifica a frequência de um estabelecimento educativo.
Primeira infância
Um dos principais marcadores de desenvolvimento desta fase é o início da marcha que ocorre geralmente entre os doze e os dezoito meses. A par desta, a criança vai também adquirindo a linguagem, primeiro na forma de discurso pré-linguístico (emissão de sons) e progressivamente através da verbalização de algumas palavras, à medida que se torna cada vez mais interativa. Manifesta a sua maior atividade, através da manipulação de objetos e também de uma interação mais desenvolvida com aqueles que lhe são emocionalmente próximos, com quem estabelece uma relação de vinculação (e.g. pais/cuidadores).
Enquanto se desenvolve a nível motor, cognitivo e relacional, a criança torna-se gradualmente mais autónoma, nomeadamente pela capacidade de explorar o ambiente. De acordo com Piaget, entre os zero e os dois anos, o indivíduo encontra-se no estádio de desenvolvimento sensório motor que assim caracteriza grande parte do período da primeira infância.
A partir do ano e meio/dois até aos três anos, verificam-se novos ganhos em autonomia, nomeadamente ao nível do controlo dos esfíncteres e no desenvolvimento da linguagem inicialmente com discurso telegráfico, isto é, apresentando um discurso baseado em frases rudimentares compostas por duas ou três palavras até à elaboração de frases com palavras conexas através da sintaxe.
Segunda infância
O período dos três aos seis anos denomina-se segunda infância, sendo esta caracterizada pelo estágio piagetiano pré-operatório, já manifesto a partir dos dois anos de idade, sensivelmente. Nesta fase, durante a qual a criança frequente o pré-escolar, já apresenta um desenvolvimento motor a nível dos grandes músculos, designado por motricidade grossa (e.g. saltar), e ao nível dos pequenos músculos e da coordenação da visão e do movimento, denominado por motricidade fina (e.g. desenhar).
O desenvolvimento a nível motor é acompanhado pela maior socialização, alargada a outros adultos além das figuras cuidadores e também aos pares no estabelecimento de relações de amizade. A criança encontra-se igualmente capaz de representar mentalmente os objetos na sua ausência, atribuindo-lhe significados, bem como capaz de os classificar e pensar mais elaboradamente sobre eles. Todos estes desenvolvimentos potenciam ainda o jogo simbólico ou jogos de fantasia (“faz-de-conta”) e a iniciativa.
Não obstante este facto, a compreensão restringe-se ainda às partes e não ao todo dos objetos, aos estados e não aos processos, sendo por isso caracterizada pela centração, egocentrismo (dificuldade em compreender a perspetiva dos outros) e pela dificuldade em compreender a irreversibilidade dos fenómenos.
Terceira infância
Por fim, o período compreendido entre os seis e os onze anos é designado por terceira infância, sendo também designado por período escolar. Esta fase é caracterizada pelo estádio das operações concretas, sensivelmente a partir dos sete anos, no qual se verifica o desenvolvimento do pensamento lógico concreto. O desenvolvimento cognitivo possibilita a maior preparação da criança para as aprendizagens escolares, fase na qual é importante a perceção de autoeficácia, mestria e competência.
A nível psicossocial, a criança começa a integrar grupos de pares, valorizando crescentemente as amizades. No fim deste período, a criança começa a demonstrar sinais físicos de maturação corporal que indiciam o início da puberdade, enquanto característica do fim da infância e início da adolescência.
Palavras-chave: Infância, desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento psicossocial
References:
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