Gémeos monozigóticos
Gémeos monozigóticos são aqueles que ocupam o mesmo ambiente no meio intra-uterino e que se desenvolvem de forma similar ao longo do ciclo vital.
Do ponto de vista de Barbetta, Panhoca e Zanolli (2008) os gémeos monozigóticos possuem determinadas características que já são visíveis quando ainda se encontram no ambiente intra-uterino, nomeadamente, a competição pelos recursos. Mais tarde, esta relação estende-se ao meio ambiente que os rodeia, já que, na maioria das vezes, estudam na mesma escola, fazem as mesmas atividades e frequentam os mesmos lugares (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2008).
Barbetta, Panhoca e Zanolli (2009) observaram ainda, mais tarde, que o estudo sobre os gémeos, que é maioritariamente exercido sobre os gémeos monozigóticos, vem sendo focado para estudar a carga genética e a influência do meio ambiente.
Pretende-se compreender em que medida é que o ser humano é mais influenciado por uma das variáveis do que pela outra, no entanto, tem-se constatado que somos influenciados por ambas (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
É possível perceber que, habitualmente, quando se trata deste tipo de irmãos, a tendência é para tratar ambos de forma semelhante (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
Contudo, quando se trata de crianças com genética particular, associa-se mais comumente as suas reações e comportamentos a fatores genéticos, enquanto que, no caso dos gémeos monozigóticos, os motivos a que as mesmas situações se relacionam, são associados ao meio ambiente (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
O desenvolvimento de gémeos monozigóticos, habitualmente, acontece de forma normal, contudo, em alguns casos, observam-se atrasos na linguagem e na capacidade de comunicação (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
Estudos realizados pelos mesmos autores, anteriormente, indicam que, em relação à linguagem e à identidade, é necessário que os gémeos sejam devidamente acompanhados pelo pediatra, para que seja possível promover, de forma adequada, as competências linguísticas e identitárias destas crianças (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2008).
Tendo em conta a probabilidade destes atrasos em gémeos monozigóticos, os estudos de Barbetta, Panhoca e Zanolli (2009) demonstram ainda que os mesmos podem ter um atraso na atividade mental que lhes dificulta a aquisição da fala, o que, por vezes, traz consequências em diferentes níveis como:
- Desmotivação para a comunicação
- Minimização as oportunidades de interação entre mãe e filhos
- Competição entre irmãos em relação à aquisição das competência comunicacionais
- Problemas no processo de identidade individual
- Atraso na linguagem autónoma
- Ambiguidade no direcionamento da interação da mãe para com cada filho
- Menos tempo para ser estimulado a desenvolver competências
(Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
Normalmente, na presença de gémeos monozigóticos, pode haver alguma dificuldade, por parte dos pais, em conseguir restar os cuidados necessários a ambos os filhos, devido ao facto de a interação ter de acontecer de forma simultânea para ambos os bebés (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2008).
Nestas circunstâncias, é importante que o pediatra dê à família o apoio necessário, tanto no que diz respeito aos cuidados de saúde, como à capacidade para promover os cuidados parentais (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2008).
A respeito dos cuidados de saúde, Barbetta, Panhoca e Zanolli (2008) indicam alguns aspetos a ter em conta:
- Promoção da saúde
- Prevenção das doenças
- Diagnóstico precoce.
É com origem nestas características associadas ao período pós natal dos gémeos monozigóticos, que os estudos indicam maior influência do meio ambiente em relação aos mesmos no que diz respeito ao desenvolvimento, do que naquilo que diz respeito à genética (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
Por outro lado, é possível perceber a criação de uma linguagem secreta entre os dois irmãos, que, mesmo que possa ser dirigida a outros indivíduos, é, na maioria das vezes, compreendida apenas entre os dois, ou então, a mesma linguagem é criada, única e exclusivamente, entre ambos (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
Normalmente acontece durante o segundo ano de vida, vai diminuindo com o avançar da idade e o desenvolvimento, contudo, não é perceptível para mais ninguém além dos irmãos (Barbetta, Panhoca, & Zanolli, 2009).
Conclusão
O estudo dos gémeos monozigóticos vem no sentido de compreender a influência da genética e do meio ambiente sobre o indivíduo. Verifica-se, que, neste caso, o desenvolvimento é entendido maioritariamente tendo em conta os fatores do meio, já que os gémeos monozigóticos são, normalmente, tratados da mesma forma, relacionam-se entre si de forma muito específica e estão, a maior parte do tempo, inseridos nos mesmos ambientes. Além disso a atenção dada pelos pais a este tipo de irmãos, pressupõe cuidados simultâneos para ambas as partes.
References:
- Barbetta, Naraí Lopes, Panhoca, Ivone, & Zanolli, Maria de Lurdes. (2008). Aspectos fonoaudiológicos e pediátricos na linguagem de gêmeos monozigóticos. Revista Paulista de Psiquiatria 2008; 26(3): 265-70. spsp.org.br/spsp_2008/revista/v26n3-11.pdf;
- Barbetta, Naraí Lopes, Panhoca, Ivone, & Zanolli, Maria de Lurdes. (2009). SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE GÊMEOS MONOZIGÓTICOS. Revista CEFAC, v.11, supl2, 154-160, 2009. Disponível em scielo.br/pdf/rcefac/v11s2/41-08.pdf.