A família moderna não separa a esfera pública da privada de forma significativa, bem como, garante a participação ativa do núcleo parental na subsistência do lar.
Os estudos acerca da família moderna olhavam, antigamente, para a mesma segundo duas dimensões, sendo que a primeira teoria é a separação entre a família e a relação que os seus membros têm com o restante público (Maciel, 2009).
No primeiro formato, a mulher cuidava dos filhos e da casa e o homem da sobrevivência do lar, trabalhando fora, no segundo formato, além da mulher adquirir novas responsabilidades, o homem passa a ter também um papel ativo na construção dos afetos para com os filhos (Ramos, & Nascimento, 2008).
Na época moderna, as famílias adquiriram outras formas mais complexas em que já não se valoriza tanto a separação entre a esfera familiar e a esfera pública, no entanto, cada membro foi ganhando mais individualismo e privacidade, diminuindo também o tempo em que se passa em conjunto (Maciel, 2009).
Isto acontece porque se dá cada vez mais importância à esfera pública e cada vez menos à esfera familiar, já que também é mais notório que se promove o desenvolvimento de múltiplas capacidades num só indivíduo, o que, inevitavelmente, influencia a esfera familiar (Maciel, 2009).
Vários estudos indicam que a emancipação da mulher, como pessoa ativa, trabalhadora e responsável pela subsistência da casa, contribuiu também para o que hoje se considera uma família moderna, transferindo a mulher, dentro da própria família, do setor privado para o setor público (Ramos, & Nascimento, 2008).
Toda esta nova configuração associada à família moderna faz com que a própria também se torne numa entidade mais autónoma e que acaba por se articular também com o meio social, o que vai, gradativamente, deitando por terra a ideia da separação entre a esfera pública e a esfera privada já anteriormente mencionadas (Maciel, 2009).
No caso da mudança, já mencionada, do papel atual da mulher na família, verificamos claramente esta extinção da separação entre os dois setores quando a mesma passa a ter várias mais tarefas além de cuidar da casa e dos filhos, já que, saindo para trabalhar, adquire novas responsabilidades (Ramos, & Nascimento, 2008).
Conclusão
Os contornos da família moderna mostram grandes mudanças no que concerne a toda a estrutura da mesma, uma vez que os próprios papeis assumidos pelos membros são completamente diferentes. Nas famílias tradicionais a mulher ficava em casa e o homem sustentava o lar, nos tempos modernos, todos os membros podem contribuir para a sobrevivência da família, mas principalmente, a mulher passa a ter responsabilidades laborais, fora de casa e o homem ganha uma diferente forma de se relacionar com os filhos já que passa a estar mais tempo com eles, construindo vínculos afetivos mais fortes. Outra grande diferença é a extinção da separação entre a família como setor privado e a sociedade como setor público, que leva a que haja, gradativamente, uma cada vez maior função entre as duas esferas.
References:
- Maciel, Carlos Alberto Batista. (2009). A modernidade da família moderna. Revista do NUFEN, 1(1), 60-78. Recuperado em 22 de agosto de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912009000100005&lng=pt&tlng=pt;
- Ramos, Danielle Marques dos, & Nascimento, Virgílio Gomes do. (2008). A família como instituição moderna. Fractal: Revista de Psicologia, 20(2), 461-472. https://dx.doi.org/10.1590/S1984-02922008000200012.