A escotomização é um termo muito utilizado em psicopatologia para descrever a recusa muito intensa, por parte de um individuo em percecionar a realidade exterior num todo. A partir do mecanismo de projeção, utilizado de forma excessiva, um individuo que utiliza a defesa psicológica como a escotomização, perceciona aquilo que projetou, na realidade, como a recusa aquilo que projetou, não perceciona nem o resultado da sua projeção, nem a realidade que lhe suscitou a negação, projeção e recusa.
A escotomização é utilizada em conjunto com mecanismos de defesa da natureza psicóticos ou primários. A realidade tal como se apresenta não é apreendida por um individuo, na sua totalidade ou como comumente é conhecido, parcialmente.
O termo escotomização pode ser assemelhado ao conceito de foraclusão conceptualizado por Jacques Lacan (1901 – 1981) e traduz-se como mecanismo no qual ocorre uma recusa de um significante fundamental para fora do universo simbólico individual. Quando essa recusa ou rejeição ocorre, o significante é foracluído, não sendo pois integrado ao nível inconsciente retornando então ao individuo como alucinação. Este conceito foi explicitado pelo autor na analise que fez do Caso do juiz Daniel Paul Schreber, um dos casos mais conhecidos de Sigmund Freud (1856-1939), de 1911 – «O caso Schreber»
Palavras-Chave: Escotomização, Foraclusão, Jacques Lacan, Daniel Paul Schreber, Sigmund Freud.
Bibliografia:
Laplanche, J. & Pontalis, J.-B. (1990) Vocabulário de Psicanalise. Lisboa: Editorial Presença (obra original publicada em 1967)
Roudinesco, E. & Plon, M. (2000). Dicionário de Psicanalise. Lisboa: Editorial Inquérito. (obra original publicada em 1997)