O termo Ergonomia, deriva do grego Ergon, que significa trabalho, e Nomos, que significa normas, regras ou leis, e consiste na ciência aplicada ao projecto/design de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objectivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho, através do estudo de aspectos como: a postura e movimentos corporais, factores ambientais, relação com o espaço, anatomia, entre muitos outros.
Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia, entende-se como o estudo das interacções das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objectivando intervenções e projectos que visam melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das actividades humanas. (Iida, 2005 p. 2)
É uma ciência que tem como objectivo a compreensão das interacções entre o homem e os outros elementos de um sistema de trabalho. Na ergonomia, aplicam-se teorias, princípios, dados e métodos para a concepção de produtos e sistemas de trabalho, visando de forma integrada a saúde, a segurança e o bem-estar do indivíduo, bem como a eficácia dos sistemas. A conjugação destes factores resulta na projecção de ambientes seguros, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida quotidiana.
A ergonomia não se limita ao trabalho, na sua concepção básica. Actualmente, é uma ciência aplicada a quase todos os âmbitos da nossa vida diária, como no design e produção de brinquedos e jogos, no desporto, na moda, no design mobiliário, na arquitectura ou mesmo no design de softwares, entre um grande numero de outras aplicações.
De carácter interdisciplinar, a ergonomia agrega-se a várias disciplinas que sustentam a sua base científica e tecnológica. O design, por exemplo, é uma dessas disciplinas que se desenvolve de forma paralela e em cooperação, para que os objectivos da ergonomia sejam alcançados e estabelecidos. Devendo assim, ser sempre analisada, desenvolvida e aplicada em conjunto com outras áreas, visando a criação de produtos e serviços mais seguros, confortáveis e que nos ajudem a desempenhar as nossas actividades, sejam elas laborais ou não, com a máxima eficiência possível, sem danos à nossa saúde.
A ergonomia surge após a Segunda Guerra Mundial, tendo em vista as falhas ocorridas na interface entre o homem e a máquina. A ergonomia nasce com os objectivos práticos de segurança, satisfação e bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com o sistema produtivo. Ao contrario do taylorismo, que procurava a eficiência e o aumento da produtividade, a ergonomia, procura a eficiência e o bem-estar do trabalhador, que apenas se consegue ajustando o trabalho às capacidades e limitações humanas.
O termo ergonomia foi criado pelo polaco Wojciech Jastrzębowskiem 1857. Apesar disso, o estudo formal da ergonomia como um ramo de aplicação interdisciplinar da ciência surgiu apenas, quase um século mais tarde, a 12 de Julho de 1949, durante uma reunião de cientistas e pesquisadores. O termo Ergonomia foi adoptado nos principais países europeus a partir de 1950, quando se fundou em 1959 em Oxford, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA – International Ergonomics Association). Mas foi a com a fundação da Ergonomics Research Society, que a ergonomia se expandiu para o mundo industrializado e, mais tarde, também passou a integrar o trabalho dos designers.
A Associação Internacional de Ergonomia divide a ergonomia em três domínios de especialização:
Ergonomia Física: que lida com as respostas do corpo humano à carga física e psicológica. Tópicos relevantes incluem manipulação de materiais, arranjo físico de estacões de trabalho, demandas do trabalho e factores tais como repetição, vibração, força e postura estática, relacionada com lesões músculo-esqueléticas.
Ergonomia Cognitiva: também conhecida por engenharia psicológica, refere-se aos processos mentais, tais como percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento e recuperação de memória, como eles afectam as interacções entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos relevantes incluem carga mental de trabalho, vigilância, tomada de decisão, desempenho de habilidades, erro humano, interacção humano-computador e treinamento.
Ergonomia Organizacional: ou macroergonomia, relacionada com a optimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e processos. Tópicos relevantes incluem trabalho em turnos, programação de trabalho, satisfação no trabalho, teoria motivacional, supervisão, trabalho em equipa, trabalho à distância e ética.
Enquanto disciplina, deve estudar o desempenho humano no uso de objectos e/ou espaço (execução de tarefas) e as relações métricas, anatómicas, fisiológicas, sensoriais, psicológicas e psicomotoras estabelecidas, visando a sua compreensão e estabelecendo os princípios orientadores para a identificação e instrumentalização deste conhecimento. O objectivo é garantir a eficácia do desempenho humano. É por isso fundamental o conhecimento, compreensão e respeito pelas características, limitações e capacidades humanas.
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