A cena originária ou protocena é o cenário de relação sexual entre a mãe e o pai que uma criança observou no envolvimento do casal – pais-. Pode ter sido observada mas tambem pode ter sido suposta pela criança através de determinados sinais ou indícios dados pelos pais. É a cena da relação sexual entre os pais fantasmada pela criança que pode interpretar como um ato de violência, em especial por parte do pai.
A cena originária ou cena primitiva imaginada ou observada pela criança corresponde ao coito parental que a criança não é capaz de compreender pois trata-se de uma excitação que apresenta um caracter brusco, violento. Pode ser integrada e até servir de apoio às experiências corporais pré-edipiana que a criança tem com a mãe e aos desejos que daí podem vir.
Pode desencadear um quadro de angústia. Segundo Sigmund Freud (1856-1939) a protocena é um dos elementos que falta habitualmente no tesouro dos fantasmas/fantasias sexuais inconscientes que, durante uma psicanalise pode ficar a descoberto, em especial nos neuróticos e nos homens.
Em “O Homem dos Lobos” (1919), o autor descreve o traumatismo que uma criança sofre pela observação do coito parental. Afirma que o coito é compreendido como uma violência do pai sobre a mãe, numa relação sado-masoquista. A protocena provoca excitação sexual na criança mas ao mesmo tempo é suporte à angústia de castração, enquadrada numa teoria sexual infantil de coito anal.
Palavras-Chave: Coito parental, cena primitiva, cena originária, protocena, O Homem dos Lobos, Sigmund Freud
Bibliografia:
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