Burnout profissional

Conceito de Burnout: A grande maioria dos estudos refere a cada vez maior tendência dos profissionais para entrar em burnout devido ao stresse continuo…

Burnout e stresse profissional

A grande maioria dos estudos refere a cada vez maior tendência dos profissionais para entrar em burnout devido ao stresse continuo a que estão expostos. Estes dois factores ligados entre si, advém essencialmente da desmotivação cada vez maior, causada pelo esgotamento de recursos para lidar com as situações laborais vividas no dia a dia dos indivíduos.

Em que consiste o Burnout?

Abreu et al. (2002), nos seus estudos sobre as várias definições de burnout existentes na literatura, compreenderam que o burnout está ligado ao cansaço, à depressão, ao stresse e à falta de motivação. Estas condicionantes estão ainda ligadas à exaustão emocional que provoca a sensação de esgotamento e ausência de força para lidar com as situações profissionais do dia a dia (Abreu et al., 2002).

“Trata-se de uma síndrome na qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que a coisas não lhe importam mais e qualquer esforço lhe parece inútil. Finalmente a síndrome de burnout tem sido negativamente relacionada com a saúde, performance e satisfação no trabalho, qualidade de vida e bem-estar psicológico” (Rabin, Feldman, & Kaplan, 1999, cit in. Abreu et al., 2002).

Uma outra visão sobre o conceito de burnout é que se trata de um estado de cansaço físico e mental que se assemelha a uma “bateria descarregada“, por um acumular de factores médicos, biológicos e psicossociais provocados pelo excesso de exigência laboral, mais frequentemente desenvolvido em profissões focadas na relação de ajuda (Freudenerger, 1974, cit in Picado, 2010). Este acumular de situações que levam ao esgotamento e consequente burnout, deve-se, geralmente, ao facto de o indivíduo não estar a conseguir os resultados eficazes do seu esforço (Freudenerger, 1974, cit in Picado, 2010).

Segundo Picado (2010) o burnout é mais comum em profissões como professores, polícias, assistentes sociais, trabalhadores de saúde mental, advogados, entre outros profissionais que trabalhem com relações humanas.

No caso dos profissionais da área da psicologia, Kilburg (1986) considera que, por serem formados no estudo do comportamento humano com especializações em vários métodos terapêuticos que os permitem orientar os seus clientes para melhores competências com vista a uma melhor qualidade de vida, acabam por ser eles os primeiros a ficar afectados com os problemas dos mesmos (Gomes, & Cruz, 2004). Esta situação acaba por leva-los a ter dificuldade em assumir as suas limitações, influenciada por vários anos de estudo que dificultam, por vezes, a capacidade para reflectir sobre as circunstâncias da vida enquanto pessoas e não apenas como profissionais (Kilburg, 1986, cit in Gomes, & Cruz, 2004).

Para Maslach (1999) o burnout profissional, aliado ao stresse profissional, trata-se de uma exaustão emocional causada pelo esgotamento de recursos emocionais para trabalhar com pessoas continuamente (Maslach, 1999, cit in Picado, 2010).

Os estudos de Freudenberger (1974, 1975) e de Maslach, (1976, 1982) enfatizam a explicação do burnout para além dos comportamentos desviantes de alguns indivíduos, como sendo um esgotamento emocional e consequente diminuição da motivação e investimento no trabalho, também relacionado com o stresse (Gomes, & Cruz, 2004).

Mashlach e Schaufeli (1993) referem, deste modo, que o burnout se trata do prolongamento do stresse ocupacional, no momento em que o profissional já começa a sentir ausência de recursos para lidar com as situações causadoras de stresse (Gomes, & Cruz, 2004).

Outra situação que também nos merece alguma atenção é no que diz respeito às diferenças entre as mulheres que exercem actividade laboral e as que não exercem, uma vez que os estudos indicam parecer mais comum verificarmos melhores níveis de bem-estar físico e psicológico em mulheres que exercem actividade laboral do que no caso das que não exercem (LaCroix, & Haynes, 1987; Nelson, & Hitt, 1992, & Verbrugge, 1989, cit in Gomes, & Cruz, 2004).

A par disto, no que diz respeito às diferenças de género, as mulheres acabam por estar mais expostas a factores geradores de stresse do que os homens devido ao preconceito, discriminação na progressão de carreira, conflitos entre a carreira e a vida doméstica, etc (Cox, Thirlaway, & Cox, 1984; Brass, 1985; Friedman, 1988, Nelson, & Quick, 1985; Schein, 1978, & Wolf, & Fligstein, 1979, cit in Gomes, & Cruz, 2004).

 Conclusão

Parece unânime para todos os estudos que o burnout e o stresse estão ligados entre si e que ambos resultam de um esgotamento de recursos para lidar com as situações que os gerem. A desmotivação gradual e a diminuição do investimento no trabalho, são duas das principais características que podem demonstrar sintomas de burnout e stresse laboral. Verifica-se ainda que as profissões que mais tendem a expor os indivíduos ao stresse, se prendem com as relações humanas, uma vez que se trata de lidar com pessoas em diferentes ambientes, principalmente no caso dos psicólogos, cuja profissão está ligada ao cuidar e orientar o outro. Mostra-se ainda evidente que as diferenças de género e de estilo de vida, também são preditores de mais tendência para o burnout e o stresse por parte das mulheres do que por parte dos homens.

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References:

  • Abreu, K.L., Stoll, I., Ramos, L.S., Baumgardt, R.A., & Kristensen, C.H. (2002). Estresse ocupacional e Síndrome de Burnout no exercício profissional da psicologia. Psicol. Cienc. Prof. Vol. 22, nº2 1414-9893. Acedido em 5 de Janeiro de 2016 em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932002000200004&script=sci_arttext&tlng=es;
  •  Gomes, A.R., & Cruz, J.F. (2004). A EXPERIÊNCIA DE STRESS E “BURNOUT” EM PSICÓLOGOS PORTUGUESES: UM ESTUDO SOBRE AS DIFERENÇAS DE GÉNERO. [Em linha]. PSICOLOGIA.PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0531.pdf
  • Picado, L. (2010). ESGOTAMENTO PROFISSIONAL NOS DOCENTES: DA PREVENÇÃO À INTERVENÇÃO. [Em linha]. PSICOLOGIA.PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0531.pdf
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