Angústia

Apresentação do conceito de Angústia, um termo que muitas das vezes se confunde com o termo ansiedade registando-se ao longo da história da psiquiatria uma (…)

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Conceito de Angústia

Sensação desagradável de mal-estar profundo, de uma inquietação extrema determinada pela crença de uma ameaça indeterminada e iminente, perante a qual nos sentimos impotentes e desprotegidos.

Sigmund Freud (1856-1939) descreveu-a como um medo intenso perante uma ameaça desconhecida, que vem do interior de si mesmo e que seria uma reacção de alarme primitiva, um reflexo arcaico.

A angústia pode nascer de dificuldades existenciais (e.g. desemprego, rupturas familiares) ou derivar de um conflito interior (e.g. repressão da agressividade). Está associada a determinadas manifestações somáticas: transpiração, tremor, palpitação cardíaca, secura de boca, náuseas, diarreia.

Não se trata apenas de um fenómeno patológico uma vez que está ligada à condição humana. O psicanalista Otto Rank (1884-1939) acreditava que a angústia decorria do traumatismo da nascença. Por sua vez, o psicanalista René Spitz (1887-1974) descreveu a angústia do estranho: o bebé, por volta do seu 8º mês de vida experiencia angústia perante a ausência da mãe e na presença de alguém estranho. Esta reacção longe de ser anormal, é sinal de evolução, de que o bebé é capaz de diferenciar entre o familiar e o estranho.

A angústia é um termo que muitas das vezes se confunde com o termo ansiedade registando-se ao longo da história da psiquiatria uma evolução no uso dos dois termos.

No final do século XIX, a chamada Escola Francesa de Psiquiatria propôs a distinção entre angústia e ansiedade considerando a primeira como um conjunto de sintomas físicos agudos e transitórios (e.g. palpitação cardíaca, dificuldades em respirar) que conduziriam à imobilidade; e a segunda como um conjunto de sintomas psíquicos mais permanentes (e.g. aflição, temor, preocupação) que conduziriam a um estado de agitação.

Na primeira metade do século XX, a forte influência psicanalítica e fenomenológica na psiquiatria foi uma das razões da popularização do termo angústia em detrimento do termo ansiedade.

A contribuição da psicanálise freudiana para a conceptualização da angústia pode ser enquadrada em duas teorias: a Angústia Automática e a Angústia Sinal. A teoria da Angústia Automática postulava a transformação automática da libido reprimida em angústia para a manutenção de um nível óptimo de tensão. Na segunda teoria, a da Angústia Sinal, entende-se que a angústia é um sinal que surge em situações de perigo.

Na segunda metade do século XX, a crescente influência da psiquiatria biológica levou ao uso predominante do termo ansiedade em detrimento do termo angústia (que seria considerada como um dos sintomas da ansiedade) e à perspectivação da ansiedade como o resultado de alterações bioquímicas dos neurotransmissores. Actualmente, além da abordagem biológica, é possível destacar a abordagem cognitivo-comportamental que aborda a ansiedade como um conjunto de comportamentos e emoções desadaptativos que foram condicionados de alguma forma, e se sustentam em crenças distorcidas sobre a realidade.

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References:

  • Kazdin, Alan E. (Ed.). Encyclopedia of Psychology, Vol. 8. Washington D.C.: American Psychological Association and Oxford University Press, 2000.
  • Laplanche, Jean. e J.-B. Pontalis. Vocabulário da Psicanálise. Lisboa: Presença, 1970.
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