Analisador Motor

Conceito de Analisador Motor

O cérebro humano recebe, analisa e sintetiza informação exterio e proprioceptiva, sendo responsável pelas formas mais complexas do comportamento humano, neste caso os actos motores ou movimentos.

Em primeiro lugar, as células piramidais gigantes do giro pré-central, que se diferenciam estruturalmente de todas as outras células, constituem-se como a “porta de saída” dos impulsos motores, ou seja, são um sistema eferente que comunica com os músculos do corpo.

No entanto, para que os movimentos possam ser precisos e coordenados é necessário que ocorram dentro de um sistema de aferentação, ou seja, é necessário que o cérebro receba impulsos não apenas exterioceptivos mas também proprioceptivos (provenientes dos próprios movimentos do sujeito), para posteriormente os analisar e, dependendo do resultado desta análise, regular o curso dos movimentos seguintes. Os movimentos que se realizam na ausência de um sistema de aferentação carecem de precisão e coordenação (por exemplo, tentar escrever com a mão dormente). Assim, o contributo das zonas parietais e parietais inferiores é indispensável na organização dos actos motores. No caso específico de lesão nas zonas parietais inferiores, directamente relacionadas com o desempenho de movimento complexos da mão e do aparelho orotofonatório, podemos observar perturbações no envio preciso dos impulsos para o aparelho orotofonatório, o que conduz à desintegração de articulemas e se manifesta como um forma distinta de afasia motora aferente ou cinestésica.

A construção de movimentos coordenados requer que a análise cinestésica dos impulsos consiga direccioná-los correctamente no espaço, ou seja, dentro das coordenadas frente, trás, esquerda. direita, cima e baixo. Assim, é essencial distinguir a direcção espacial em que o movimento deve ocorrer e que todos os impulsos motores estejam de acordo com esta direcção. Aqui torna-se indispensável o contributo das zonas parieto-occipitais. Pacientes com indisponibilidade destas áreas são incapazes de distinguir com precisão a direcção de um movimento no espaço e desenvolvem a perturbação característica de análise e síntese que assume a forma de apraxia espacial.

Qualquer acto voluntário inclui um grupo complexo de inervações musculares, entre as quais podemos distinguir: a enervação do(s) grupo(s) de músculos protagonistas (os músculos da mão direita quando escrevemos, por exemplo) e a nervação do(s) grupo(s) de músculos de fundo (o papel desempenhado pelos músculos do braço, ombro, pescoço e tronco, no mesmo exemplo). Na ausência deste fundo dinâmico, a correcta distribuição do tono muscular nos vários segmentos não ocorre e o movimento não pode ser desempenhado de forma satisfatória. Assim, todos os actos motores complexos acontecem no tempo e consistem numa série de elos e como tal, requerem a substituição sucessiva de um elo pelo seguinte, com a desinervação do elo anterior, constituindo-se como um sistema complexo de desinervações sucessivas (por exemplo, a escrita da palavra “tudo” pode ser decomposta em vários movimentos, em que cada um deve começar e terminar para que o movimento seguinte possa surgir). As áreas pré-motoras do cortex, assim como algumas zonas sub-corticias, são responsáveis pela organização dinâmica dos actos motores.

Todos os movimentos complexos têm como finalidade cumprir um objectivo. Este objectivo, que surge numa situação concreta (por exemplo, beber água porque tenho sede) ou é formulado através de uma instrução (por exemplo, “passa-me a salada”) é o que determina os movimentos realizados. Sob esta influência, surgem movimentos específicos que correspondem à tarefa e todos os movimentos irrelevantes são inibidos, ou seja, os movimentos voluntários estão sujeitos a uma certa selectividade e lógica de acordo com o objectivo. Para que esta selectividade se mantenha é necessária a comparação contínua entre os movimentos realizados e o objectivo inicial, assim como a correcção das acções que não correspondem ao plano. Nos estádios mais avançados da evolução, o papel do sistema límbico (importante na regulação dos comportamentos institivos) vai diminuindo e sendo substituído pelo papel dos lobos frontais, fundamentais no analisador motor pelo seu papel de planeamento e verificação dos movimentos. O papel desempenhado pelos lobos frontais é possivel porque a sua organização cortical é muito semelhante à das áreas motoras do cérebro, uma vez que são um sistema aferente e eferente muito rico de ligação a todas as áreas do cérebro.

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