Conceito de teoria da tematização
A teoria da tematização é uma modalidade de investigação direcionada para os efeitos da comunicação social, assente na constatação do poder que os media exercem na formação da opinião pública, e foi proposta pela primeira vez na década de 1970 pelo sociólogo alemão Niklas Luhmann.
Se o público está mais e melhor informado, em muito o deve aos meios de comunicação social, pois, como afirmam McCombs e Shaw (1972:28), “muito do que se conhece (…) é apreendido em segunda ou terceira mão através dos mass media”. Mas mais do que fornecer informação, os media operam na configuração da realidade social na medida em que, ao selecionarem e divulgarem as notícias, ajudam a estruturar a imagem dessa mesma realidade e a formar opiniões. E é neste contexto que se insere a teoria da tematização, que remete para o processo de definição, estabelecimento e reconhecimento dos grandes temas políticos que constituem a opinião pública através da comunicação social.
Assim, os meios de comunicação social estabelecem a ordem do dia, hierarquizam e dão prioridade a determinados temas e quanto maior for a ênfase sobre um tema, maior será a importância que os indivíduos atribuem a esse dito tema, já que tendem a incluir ou excluir do seu reservatório de conhecimentos aquilo que os media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. A opinião pública passa, desta forma, a depender do processo de seleção e valorização operado pela comunicação social.
Embora considerada parte integrante do agenda-setting, a teoria da tematização reduz consideravelmente o poder do agendamento dos media, na medida em que estes assumem a função de mediadores entre o poder político e a opinião pública. Ainda neste âmbito, é importante salientar que a tematização é mais propícia nos órgãos de comunicação de referência (como os jornais «Expresso» e «Público») que, ao conviverem mais de perto com o poder político, são prediletos da sua confiança.
Se nem todos os temas são suscetíveis de tematização, também nem todos os temas introduzidos na discussão reclamam o interesse do público, cujo grau de exposição à comunicação social depende da necessidade de orientação em determinadas situações, como por exemplo, em caso de instabilidade no plano político, passando os media a representar a principal fonte na procura de informação.
References:
McCombs, Maxwell E. & Shaw, Donald L. (1972), A Função de Agendamento dos Media, in TRAQUINA, Nelson (2000), O Poder do Jornalismo: Análise de Textos da Teoria do Agendamento. Coimbra, Minerva.