Racionalismo, Filosofia

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O racionalismo é uma doutrina que se apresenta na modernidade e privilegia a razão dentre todas as faculdades humanas, considerando-a como fundamento de todo conhecimento possível. Em geral, a atitude que vem acompanhada desse pensamento é uma confiança nos procedimentos da razão para a determinação de crenças ou de técnicas em determinado campo.

Com a modernidade surge a questão da possibilidade da verdade, problema até em então, não colocado pelos pensadores medievais e antigos, já que a verdade estava dada, apenas deveria ser encontrada por aquele que a buscasse. O Renascimento e a Revolução Científica, por sua vez, colocam o conhecimento como questão central e a primeira dúvida a ser colocada em xeque é a capacidade humana de conhecer pelo entendimento – somos capazes de tudo conhecer? Todo o real pode ser compreendido? Qual é ou existe limite para o entendimento humano?  Superando o teocentrismo medieval, o homem moderno começa a se tornar o sujeito do conhecimento e da sua destinação, confiando nos “poderes” da razão humana.

O termo racionalismo surge nesse contexto e passou a ser usado para designar esse tipo de atitude no campo religioso. Aqui, racionalismo é considerado como uma nova seita difundida entre presbiterianos e independentes, onde aquilo é dito pela razão é considerado bom para o Estado e para a Igreja, até que por meio da mesma razão, achem algo melhor.

Immanuel Kant foi o primeiro a usar o termo fora do sentido religioso. Deu o nome de racionalismo à sua filosofia transcendental, assim como chamava de noologistas ou dogmáticos os filósofos que a historiografia alemã do século XIX chamou de racionalistas (Platão e Wolft). Por outro lado, Hegel foi o primeiro a caracterizar como racionalismo a corrente que vai de Descartes a Espinosa e Leibniz, opondo-se ao empirismo de origem lockiana.

Em um sentido ainda mais amplo, podemos considerar racionalismo tanto uma visão do mundo que afirma o perfeito acordo entre o racional e a realidade do universo quanto uma ética que afirma que as ações e as sociedades humanas são racionais em seu princípio, em sua conduta e em sua finalidade. O racionalismo considera que o real é em última análise racional e que a razão é, portanto, capaz de conhecer o real e de chegar à verdade sobre a natureza das coisas.

De modo geral, ele apresenta-se por doutrinas bastante variadas, mas todas submetem à razão todas as formas de conhecimento. Em suas colocações ele se põe ao pensamento arcaico através do seu estilo argumentativo e crítico. Opõe-se ao empirismo fazendo-se metódico, recorrendo à lógica e à matemática. Opõe-se também ao fideísmo, fazendo-se sistemático; ao misticismo quando positivo e crítico. Pode ainda limitar-se a um domínio ou aspecto da experiência humana: racionalismo moral, racionalismo religioso, racionalismo político etc.

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References:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 1° ed. brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi; revisão da tradução e tradução de novos textos Ivone Castilho Beneditti – 6°ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. 3ºed. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.

JERPHAGNON, Lucien. História das grandes Filosofias. Trad.: Luís Eduardo de Lima Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. 1°ed. Belo Horizonte: Pax editora, 2010.

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