Devir, Vir-a-ser

Devir ou vir-a-ser, em um sentido lato, é o mesmo que mudança.

Podemos encontrar no dicionário a definição de devir como movimento permanente que atua como uma espécie de norma, sendo capaz de criar, transformar e modificar tudo o que existe, inclusive a própria mudança. Na Filosofia tal conceito ganha ares diversos a partir de diversas leituras sobre ele. Podemos encontrar considerações sobre o devir desde os pré-socráticos até filosofias mais recentes.

Abaixo, segue uma breve análise do conceito de devir em alguns pensadores que o destacaram:

  1. Para Heráclito tudo o que existe é conduzido pelo fluxo do devir. Segundo ele, nada é ou está estático, tudo flui. O devir universal é a lei do universo, ele muda e se transforma a cada instante. Há nele um dinamismo eterno que o anima. Por isso para Heráclito o que vale é o panta rei, tudo flui, nada permanece o mesmo e a verdade de todas as coisas está no devir e não no ser permanente.
  2. Na filosofia Aristóteles e mesmo na escolástica, o devir passa a ser uma passagem da substância que vai da potência ao ato e do ato expresso em uma potência. Para ele essa forma particular de mudança pode ser absoluta ou substancial e pode ir do nada ao ser ou do ser ao nada.
  3. Em Hegel, o devir é a unidade do ser e do nada. Ele se constitui a partir de uma estrutura dialética do ser e do não-ser, pois tudo o que existe é contraditório estando, por isso, sujeito a desaparecer. Portanto, o devir não é só a unidade do ser e do nada, mas a inquietação em si, afirma ele.

Entendido como sentido de mudança e transformação o devir acabou se tornando um conceito fundamental para outras diversas teorias filosóficas a partir do século XIX, como o marxismo, o positivismo, a filosofia da vida de Bergson, o historicismo, neo-idealismo, em Nietzsche como seu eterno-retorno, dentre outros.

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References:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 1° ed. brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi; revisão da tradução e tradução de novos textos Ivone Castilho Beneditti – 6°ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012;

JAPIASSU, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. 3°ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996;

SCHÖPKE, Regina. Por uma filosofia da diferença: Gilles Deleuze, o pensador nômade. Rio de Janeiro: Contraponto Editora; São Paulo: Edusp, 2004.

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