O teísmo ocidental tradicional (nas afirmações de que Deus existe) concebe Deus como um ser perfeito. O teísmo é oposto ao ateísmo (que nega a existência de Deus) e ao agnosticismo (que não afirma nem nega a existência de Deus.
De acordo com a famosa definição de Anselmo de Cantuária, nenhuma grandeza excede a de Deus. Na formulação de John Locke, é a Infinitude que, acrescida pelas ideias de Existência, Poder e Conhecimento, se torna numa Ideia complexa, a qual representa, dentro dos limites da natureza humana, o Ser Supremo. Deus é tal ser, que nada de maior pode ser concebido. Tal Deus é concebido como uma alma ou espírito, e dotado de certas perfeições e atributos como a existência necessária, eternidade, omnipotência, omnisciência, incorruptibilidade e perfeição moral.
À luz do grau de perfeição dos seus atributos, tal ser é usualmente merecedor de devoração e admiração moral. Quanto a este respeito, a grandeza de Deus não pode ser ultrapassada ou ter um equivalente. Como o teísmo ocidental defende que é impossível existir um ser, a não ser Deus, que possui as qualidades mencionadas, esta forma de teísmo defende que só pode existir um único Deus. A crença e devoção para tal ser divino, encontrada no Judaísmo, Cristianismo e Islão, é conhecida por monoteísmo ético. Alternativas religiosas ao monoteísmo ético incluem várias formas de politeísmo, panteísmo, crença num ser divino impessoal ou num ser divino físico.
Entre as tarefas da teologia, cumpre-se tentar responder a estas questões conceptuais e ontológicas sobre o Ser Perfeito:
- Poderão os atributos divinos serem entendidos pelo humano de modo tal, que não existe nenhum obstáculo à exemplificação possível destes? Por outras palavras: em que extensão poderemos coerente ou inteligivelmente definir e analisar os nossos conceitos dos atributos divinos?
- Alguns dos tópicos relevantes quanto a esta questão passam pela relação de Deus com o Espaço e o Tempo. Parece ser conceptualmente incoerente Deus ser ao mesmo tempo uma entidade metafísica e literalmente omnipresente. Inúmeros teólogos optaram por concluir que Deus é omnipresente apenas num sentido que não pode ser compreendido literalmente: por exemplo, ter conhecimento de tudo o que existe em cada lugar.
- Não obstante, a eternidade de Deus tem sido interpretada nestes moldes: (1) Deus existe fora do tempo, pelo que é imutável; (2) Deus existe no tempo, e por isso, eterno. Segundo alguns teólogos, a noção de um Deus omnipotente que age ao mesmo tempo que está situado além do tempo, é evidentemente incoerente, ao passo que a noção de um Deus eterno e omnipotente que ache no tempo é livre de tal incoerência.
- Outros tópicos relativos à incoerência conceptual concernem ao poder divino e ao conhecimento: se o poder divino é um poder ilimitado, então é impossível que Deus exista. Segundo alguns teólogos, se é possível que Deus exista, tal se deve aos limites da existência de Deus: Deus não pode construir um cubo esférico nem conceber uma pedra que o exceda; o poder de Deus é máximo no sentido em que não pode ser excedido pelo humano. Analogamente, argumenta-se que o conhecimento divino é máximo pois nenhum ser o pode possuir.
- Que outros atributos divinos podem ser derivados da qualidade divina de Deus?
- Por exemplo, Deus não é um ser supremo só por ser metafísico e único: é metafísico e único porquê? No primeiro caso pode ser argumentado que a natureza metafísica de Deus deriva da natureza omnipotente de Deus. Parece que um Deus metafísico que domina leis físicas é logicamente consistente com as leis físicas que são estritamente limitadas às interações físicas. Além disso, sendo as outras coisas iguais, um agente que tem o poder de dominar qualquer lei física seria mais poderoso do que um agente destituído desta força. Assim, assumindo a possibilidade de um Deus cujo poder espiritual é capaz de afetar a esfera física, parece que como Ser Supremo, Deus concentraria em si o poder de exceder qualquer lei física: Deus teria o poder de suspender milagrosamente uma montanha no ar. Exercesse Deus tal poder, e excederia obviamente as leis físicas.
- Mas uma substância física é necessariamente sujeita a algumas leis da natureza. Deste modo, nenhuma substância física terá o poder de prevalecer sobre leis físicas: por conseguinte, Deus é uma entidade metafísica. Adicionalmente, pode ser argumentado que a singularidade de Deus é uma consequência da omnipotência de Deus, justificando-se tal asserção na base de que é impossível existirem dois seres omnipotentes, cada qual com o poder de desfazer os desígnios do outro.
- Deus existe? (Demonstrar a coerência do conceito de Deus não equivale a demonstrar a sua existência)
- Responder a esta questão requer a examinação das razões a favor e contra a existência de Deus. O argumento cosmológico, o argumento ontológico, o argumento do desígnio, experiências religiosas diversas, o problema do mal (que defende que a quantidade e variedade do mal praticado no mundo enfraquece a probabilidade de Deus existir).
References:
Rowe, W.L (2007), Philosophy of Religion: An Introduction, California, Wadsworth.