Demócrito de Abdera viveu por volta de 460 a.C. em Abdera, norte da Grécia. Tinha por mestre, Leucipo, fundador da escola atomista.
Pensador pré-socrático, Demócrito ficou conhecido pela teoria, que parece ser de seu mestre, de que a realidade se sustenta por átomos. O universo, segundo esse pensamento, é indefinido, porque não foi criado por nada e por ninguém. Portanto, não há começo e a ordem de tudo é dada pelo próprio movimento de maneira mecânica. A physis é formada por unidades discretas, chamadas de átomos, isto é, partículas não divisíveis. Os átomos também são invisíveis, plenos, unos imutáveis e eternos.
Diferentemente de pré-socráticos anteriores a ele, Demócrito considera a existência do vazio como algo real. Admite ele o espaço como real sem ser corpóreo. O cosmo seria então formado pelo vazio e pelos átomos que se atraem e se repelem. Assim seria gerado os fenômenos naturais e o próprio movimento. A atração e repulsão dos átomos se dá pelas suas formas geométricas – átomos de forma semelhante se atraem e os de forma diferente se repelem. Sua agregação origina as coisas e a desagregação origina a morte.
Entre os infinitos átomos, não há uma diferença qualitativa, ou seja, não existem átomos quentes, frios, luminosos, escuros, úmidos, secos etc. A diferenciação se dá apenas pela forma, posição e velocidade. O que nos mostra uma leitura primordial da física atômica contemporânea, que deriva sua noção de átomo da tradição grega.
Não tem o átomo qualidades específicas, elas são convenções que criamos sobre a realidade. A partir de acordos subjetivos, promovidos pela nossa cultura, estabelecemos uma leitura do mundo. Convenção é opinião vinculada às disposições e variações dos corpos físicos, políticos, sociais. A partir dessa multiplicidade de leituras sobre as coisas nasce na tradição filosófica a nomeação, qualidades sensíveis. O conhecimento que deriva dessas qualidades é garantido por um jogo de emissores-receptores, onde os corpos liberam átomos específicos que são captados por outros corpos que apreendem as presenças e elaboram as representações fiéis.
Demócrito também ficou conhecido por suas reflexões morais. De acordo com ele, devemos imprimir uma direção à nossa alma, marcada pela retidão e pelo autodomínio, pois a alma é a morada da nossa sorte. Em suma, sua teoria satisfaz a dupla exigência racional: a unidade do ser e a existência experimental do devir. O não-ser junta-se ao ser no papel de causa do que existe.
Sobre Pré-socráticos, ver também:
References:
JERPHAGNON, Lucien. História das grandes Filosofias. Trad.: Luís Eduardo de Lima Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 2°ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. 1°ed. Belo Horizonte: Pax editora, 2010.