Introdução
O termo antepassado é utilizado na Antropologia para indicar os progenitores ancestrais recordados, e para denotar as práticas religiosas específicas enquanto elementos essenciais do culto ou devoção desses mesmos ancestrais.
Será a estrutura do parentesco das sociedades a ditar o processo de rememoração, isto é, quais os antepassados a serem relembrados, e as expressões associadas a essa prática. Por exemplo, alguns ameríndios revelaram pura falta de interesse por antepassados que não tenham conhecido pessoalmente, ao passo que alguns povos asiáticos e africanos preservaram as impressões de antepassados à distância de até vinte gerações.
O que é preservado e acarinhado, pode ser meramente o nome do antepassado, como nos tempos ancestrais chineses, ou o remanescente físico do antepassado, como entre a população Merina de Madagáscar, ou ainda a memória das jornadas assinalada nas paisagens, como no caso dos aborígenes australianos.
Os factores sociais também afectam o modo como um antepassado é recordado. Inúmeras vezes os homens são relembrados a custo da exclusão das mulheres, ou, por outro lado, é possível encontrar um equilíbrio entre os dois sexos. Por exemplo, em sistemas patrilineares, os antepassados pertencentes à linha masculina são recordados com maior profundidade do que a linha feminina, e o inverso é verdade nos sistemas matrilineares. Tal se deve ao facto de a pertença a um grupo socialmente importante, como um clã, depender da habilidade de essa mesma colectividade demonstrar a descendência consoante o tracejar da linha até ao antepassado particular que nomeia esse mesmo grupo.
References:
Fustel de Coulanges, N.D. (1956 [1864]) The Ancient City, Garden City, NY: Doubleday